Consumo de vitamina B12 na redução da progressão do Parkinson
Agência ID/DICYT O consumo de vitamina B12 em pacientes com Parkinson auxiliar na redução da progressão da doença e, consequentemente, dos sintomas apresentados, já que diminui a morte dos neurônios dopaminérgicos, relacionados com os gânglios que controlam os movimentos voluntários e utilizados por este mal, afirmou Carlos Enrique Orozco Barrios, cientista do Centro de Investigação e de Estudos Avançados (Cinvestav).
Orozco Barrios, pós-doutor do Departamento de Fisiologia, Biofísica e Neurociências do Cinvestav, explicou que é administrado normalmente aos pacientes com Parkinson um medicamento chamado Levodopa, para diminuir os sintomas, mas este, por sua vez, aumenta a presença de homocisteína, um aminoácido citotóxico que provoca, a curto prazo, a morte de um número maior de neurônios e, portanto, acelera a doença.
Algo semelhante ocorre quando existe a deficiência da vitamina B12, que é um co-fator, isso é, uma substância necessária para que a enzima metionilsintaxa realize seu trabalho. Quando esta deixa de funcionar, a homocisteína começa a acumular-se, produzindo reações em proteínas capazes de inutilizá-las.
Assim, Orozco Barrios indica que administrar, sob estrita vigilância médica, a vitamina B12, equilibraria a produção de homocisteína, de modo que os efeitos da Levodopa não seriam tão drásticos, e inclusive poderiam ser revertidos. O paciente não será curado, mas faremos com que diminua a progressão de sua doença, pois suas células não morrerão tão rapidamente.
O pós-doutor chegou a essa conclusão assessorado pelo pesquisador do Cinvestav Daniel Martínez Fong, após realizar um estudo com ratos de laboratório que foram induzidos com Parkinson. “‘Seqüestramos’ a vitamina B12 e observamos que quando não é distribuída nas células do cérebro, aumenta os níveis de aminoácido citotóxico e a morte de neurônios”.
Neste caso o estudo se focou no neurônios relacionados com o Parkinson, porque representavam um modelo muito eficiente por possuir ferramentas condutoras, moleculares e um núcleo muito pequeno, o que aumentava a eficiência da pesquisa.
Prêmio pela melhor tese
É importante destacar que este trabalho obteve o prêmio de melhor tese doutoral Arturo Rosenblueth 2011, do Cinvestav, na área de Ciências Biológicas e da Saúde, por sua originalidade, rigor e relevância científica, já que pela primeira vez utilizou-se a descrição de um modelo de ancoragem de uma proteína secretável, que foi concentrada dentro da célula para que tivesse uma função: “seqüestrar a vitamina B12”.
Ademais, aplicou-se pela primeira vez em um estudo de nível básico, o Poliplex de neurotensina, método desenvolvido principalmente para o envio orientado de genes terapêuticos em tratamentos tanto de Parkinson, quanto de câncer, mas que neste caso ajudou à ancoragem da proteína chamada transcobalamina, transportadora da vitamina B12 a todo o organismo, evitando seu funcionamento.
Orozco Barrios afirma que até o momento não existia um modelo de deficiência da vitamina B12 que fosse altamente fidedigno, resultando dai a relevância da pesquisa realizada no Cinvestav.
Finalmente, Orozco Barrios alerta que outro efeito provocado pela deficiência da vitamina B12, obtida dos lácteos, da carne de porco, ovelha, frango e principalmente do fígado, que é seu reservatório, são as anemias perniciosas e o risco de sofrer uma trombose, infarto cerebral ou do coração.
Carlos Enrique Orozco Barrios obteve seu doutorado em Ciências na especialidade de Fisiologia Celular e Molecular, com a tese Efeito citotóxico da expressão da proteína quimérica Transcobalamina-Oleosina nos neurônios dopaminérgicos nigrais do rato: Uso do NTS-Poliplex no estudo da eficiência da vitamina B12.