Ciencia España , Valladolid, Viernes, 21 de marzo de 2014 a las 19:54

Descoberta de novas moléculas no meio interestelar

O Grupo de Espectroscopia Molecular (GEM) da Universidade de Valladolid publicou recentemente dois artigos no 'The Astrophysical Journal'

Cristina G. Pedraz/DICYT O Grupo de Espectroscopia Molecular (GEM) da Universidade de Valladolid publicou recentemente na revista científica The Astrophysical Journal, a mais prestigiosa a nível mundial nesta área, artigos sobre a identificação de duas novas espécies químicas no meio interestelar denominadas Etil mercaptano e Isocianuro de hidromagnésio.

Ambas as moléculas puderam ser identificadas no meio interestelar através dos dados de laboratório obtidos pelos pesquisadores do GEM. No caso do Etil mercaptano, uma molécula estável e que pode ser sintetizada em laboratório, “foram estudados, mediante espectroscopia de milimétricas, analizando seu espectro de rotação, alguns dados que servem para predizer seu espectro em outras frequências como aquelas detectadas pelo interferómetro ALMA”, explica à DiCYT o pesquisador do GEM Carlos Cabezas. ALMA (do inglês Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) é um telescópio de vanguarda localizado na Cordilheira dos Andes, no Chile, através do qual se pode detectar a presença destas espécies químicas no meio interestelar.

A outra molécula, o Isocianuro de hidromagnésio, é muito instável e não existe na Terra, nem tão pouco pode ser sintetizada. “Temos conseguido gerá-la em laboratório com técnicas de ablação laser e descargas elétricas a partir de uma mistura de gases e de uma mostra sólida de magnésio. Depois, realizamos o mesmo estudo, analizando o espectro de rotação e predizendo este espectro nas frequências que o interferómetro ALMA pode detectar”, detalha Cabezas.

Concretamente, o Etil mercaptano foi detectado em núvens moleculares de Orión, enquanto que o Isocianuro de hidromagnésio foi encontrado nos arredores da estrella IRC+10216.

Ainda que os estudos que tenham sido realizados em torno destas duas moléculas sejam similares, cada uma delas tem suas peculiaridades. “No caso do Etil mercaptano, é uma novidade o fato de que contenha enxofre, enquanto que, no caso do Isocianuro de hidromagnésio, a novidade está no fato de que contém magnésio”, precisa o pesquisador do GEM, que adianta que pretende publicar um novo artigo em breve com outro achado.

Somente outro grupo científico, localizado em Arizona (Estados Unidos), trabalha com a mesma linha de pesquisa em todo o mundo. “Até agora foram detectadas 150 moléculas no meio interestelar, a maioría por este grupo que vem trabalhando nisto há 40 anos. Nós temos trabalhado com esta linha de pesquisa desde 2010 e, desde então, localizamos três, as duas moléculas publicadas e mais uma que esperamos publicar em breve”, conclui.

 

Projeto Astromol

 

O interferómetro ALMA, iniciado ano passado pelo Observatório Europeu Austral e seus sócios, tem como objetivo estudar a luz de alguns dos objetos mais fríos do Universo. Esta luz tem longitudes de onda por volta de um milímetro, entre o infravermelho e as ondas de rádio, que é conhecida como radiação milimétrica ou submilimétrica. A luz nestas longitudes de onda provém de grandes nuvens frias no espaço interestelar (com temperaturas de somente alguns graus acima do zero absoluto) e de algumas das galáxias mais antigas e distantes do Universo. Os astrônomos podem usar esta luz para estudar as condições químicas e físicas nestas nuvens moleculares, regiões densas de gás e pó onde estão nascendo novas estrelas.

Esta ferramenta potente não é a única que contribuirá com novos dados sobre a origem e a evolução do Universo nos próximos anos. À ela se unem o satélite Herschel da Agência Espacial Europeia, lançado em 2009, capaz de observar as fontes de luz infravermelha mais débeis e longínquas do Universo, os instrumentos de espectroscopia e espectropolarimetria de alta resolução dos telescópios do Observatório Europeu Austral e dos Observatórios de Canárias.

Com o objetivo de se avançar na exploração científica de todos os dados que estas novas ferramentas de observação espacial irão produzir, 12 grupos de pesquisa nacionais especializados em espectroscopía molecular e astrofísica colaboram com o projeto Consolider Astromol, entre eles o Grupo de Espectroscopia Molecular (GEM) da Universidade de Valladolid, unidade associada ao Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC). Seu responsável, José Luis Alonso, é ainda subcoordenador da rede científica Astromol. A descoberta destas duas novas moléculas se encaixa com os objetivos do projeto.

 

Referências bibliográficas 

 

Cabezas, C., Cernicharo, J., Alonso, J. L., Agundez, M., Mata, S., Guelin, M., & Peña, I. (2013). Laboratory and Astronomical Discovery of HydroMagnesium Isocyanide. The Astrophysical Journal, 775(2), 133.

Daly, A. M., Bermúdez, C., López, A., Tercero, B., Pearson, J. C., Marcelino, N., ... & Cernicharo, J. (2013). Laboratory Characterization and Astrophysical Detection of Vibrationally Excited States of Ethyl Cyanide. The Astrophysical Journal, 768(1), 81.