Tecnología España , León, Miércoles, 25 de mayo de 2011 a las 14:38

“É possível que em um futuro próximo esqueçamos os reatores de fissão e passemos aos de fusão”

Especialista em radioatividade da Universidade de León, Benito de Celis analisa a situação das centrais nucleares após o desastre de Fukushima

Antonio Martín/DICYT Benito de Celis, diretor do Laboratório de Radioatividade Ambiental da Universidade de Léon analisou hoje em uma conferência as futuras perspectivas da energia nuclear após o acidente nuclear de Fukushima (Japão) do último 11 de março. De Celis considera que, com base neste desastre, “as margens de segurança nas centrais nucleares devem melhorar”. O especialista acredita que após os acontecimentos de Fukushima e Chernobil, há vinte e cinco anos, “a população não aceitará uma probabilidade de acidentes como a atual, ainda que muito pequena”.

 

De Celis, que foca suas pesquisas cientificas no estudo e medição da radiação ambiental, acredita que pode surgir um novo paradigma acerca do uso deste tipo de produção de energia. “É possível que em um futuro próximo nos esqueçamos dos reatores de fissão e passemos aos de fusão”, assegurou a DiCYT. Pela fusão nuclear, um núcleo pesado como o Urânio 235 é dividido geralmente em dois núcleos mais leves, devido à colisão de um nêutron. Como o nêutron não tem carga elétrica atravessa facilmente o núcleo do urânio. Ao dividir-se, libera mais nêutrons que colidem com outros átomos de urânio, criando uma reação em cadeia de grande poder radioativo e energético. A fusão é a união de dois núcleos leves em um mais pesado, obtendo-se cerca de quatro vezes mais energia que na fissão.

 

O especialista explica que “as centrais atuais parecem atuar com margens de segurança apropriadas, mas se deve pensar em revisar as instalações espanholas, como feito em outros países europeus”. Nesse sentido, recorda a validade dos relatórios do Conselho de Segurança Nuclear, “que é a organização que deve revisar se as centrais estão em condições de segurança”, antes de abordar a partir de uma perspectiva política o debate do uso da energia nuclear.

 

Fukushima

 

Em relação ao acidente de Fukushima, originado segundo o especialista por falta de fornecimento elétrico derivado do terremoto e posterior tsunami, De Celis opina que “se esperava algo mais dos dispositivos de segurança”, já que falharam quatro reatores. Segundo considera, o controle da reação nuclear neste tipo de instalações não é o mais problemático, mas as conseqüências do acidente múltiplo em Fukushima pressagia “más perspectivas a curto prazo”. Ainda que os danos econômicos, de saúde e nas pessoas tenham sido menores que no acidente de Chernobyl, “deve-se analisar quais mudanças devem ser feitas nos reatores” para aumentar os níveis de segurança. Em sua opinião, “a probabilidade de que haja acidentes, ainda que baixa, é maior do que antes se acreditava”.

 

De Celis esclarece que a ação de um acidente nuclear tem “algumas semelhanças, mas importantes divergências” com a explosão de uma bomba atômica. “No caso da bomba a cadeia de acontecimentos é mais rápida, porque ela possui um nível de enriquecimento de urânio 235 de quase 100%, enquanto nas centrais nucleares se trabalha com urânio enriquecido em torno a 3%”. Isto faz com que a ação de uma bomba atômica seja medida em milionésimos de segundo, enquanto no caso de um acidente nuclear “existe a possibilidade de controlar a reação, medida em segundo, facilmente a partir das varetas de controle”.

 

Detecção em León de partículas radioativas

 

O Laboratório de Radioatividade Ambiental da Universidade de León detectou quando se produziu no Japão a “contaminação radioativa procedente de Fukushima”. Concretamente, no meio foram observadas partículas de iodo 131, césio 137 e césio 134. Outros laboratórios na Espanha e Europa também observaram este fenômeno. “As partículas radioativas deram a volta na Terra, em quantidades muito pequenas, do que se pode inferir a importância dessa emissão em Japão”.

 

Benito de Celis trabalha no desenvolvimento de métodos analíticos de alta sensibilidade radioativa destinados à indústria, mineração, inspeção ambiental e análise e controle de substâncias radioativas em aduanas, entre outros usos. Estes métodos que a Universidade de León utiliza procuram conseguir maior sensibilidade que os empregados atualmente de forma convencional. Entre as técnicas com as quais se trabalha estão os raios X para mineração, espectrometria alfa, beta ou gama para amostras ambientais, ou as técnicas de coincidência que analisam a emissão de duas partículas diferentes para identificá-las mais facilmente.