Tecnología España , Valladolid, Miércoles, 11 de enero de 2012 a las 13:24

Estuda-se a ventilação de quartos de hospitais e salas de cirurgia para evitar doenças nosocomiais

Grupo de Engenharia de Fluídos da Universidade de Valladolid trabalha há anos nesta linha, na qual existe pouca bibliografia

Cristina G. Pedraz/DICYT As doenças nosocomiais ou intra-hospitalares são as infecções contraídas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, em um centro sanitário que não tinham se manifestado ou estavam em um período de incubação antes da internação. Trata-se de uma importante causa de morbidade, mortalidade e aumento dos custos assistenciais, de modo que é necessário combatê-las. Nesse sentido, um dos aspectos fundamentais que pode contribuir para sua eliminação, ainda que pouco conhecido, é o estudo da ventilação dos hospitais. O Grupo de Investigação Reconhecido de Engenharia dos Fluídos da Universidade de Valladolid tem ampla experiência na ventilação de todo tipo de edifícios e, nos últimos anos, participou de três projetos nacionais para prevenir a propagação de doenças nosocomiais, dos quais um ainda não se encontra em vigor.

 

Do mesmo modo, o grupo colabora desde 2004 através de um convênio com a Sanidade de Castela e Leão (Sacyl) na redação de diretrizes e na assessoria técnica para o desenho de quartos de pacientes normais, isolados (aqueles que podem transmitir infecções pelo contato ou pelo ar) e imunodeprimidos (que tem um elevado risco de sofrer complicações infecciosas devido a uma deficiência imunológica). Como explicou a DiCYT César Méndez, coordenador do grupo, pesquisou-se “como deve ser a ventilação para evitar a propagação da doença ou que os pacientes se contagiem”.

 

Na mesma linha, atualmente também trabalham na ventilação das salas de cirurgia, um âmbito no qual há pouca bibliografia e ainda menos estudos experimentais. “Estas análises devem ser realizadas de maneira numérica e experimental. Numericamente existem muitos dados, mas o problema está em validar estas simulações com resultados experimentais, e isso não é fácil em uma sala de cirurgia real”, afirma o pesquisador, de modo que se trata de um campo “muito amplo”.

 

De fato, no último Congresso de Engenharia Hospitalar, realizado em Valladolid há algumas semanas, o grupo apresentou uma palestra sobre seus estudos de sistemas de ventilação tanto em quartos de pacientes, quanto em salas de cirurgia, trabalho que obteve o reconhecimento de melhor palestra pelos assistentes.

 

De outro lado, Méndez explica como é o processo atual para desenhar quartos e salas em hospitais. “Existe uma normativa genérica aplicada ao arquiteto, ainda que algumas vezes os sistemas de ventilação sejam impostos pela geometria do edifício. Em algumas ocasiões são instalados nos buracos que sobram, sem considerar que com uma boa ventilação seria possível evitar infecções nosocomiais”.

 

O desenho ideal da ventilação pode ser realizado através de simulação numérica, e inclusive as vezes com gestos tão simples como mudar de posição um elemento, modificar a velocidade do ar ou instalar uma saída de ar de tamanho adequado, é possível prevenir os contágios. “Estudamos diferentes tipos de difusores, grades, lâmpadas... coisas simples e baratas que com um estudo prévio de simulação, que por sua vez não é muito caro, pode melhorar a assistência”, afirma o coordenador do Grupo de Engenharia de Fluídos, que agrega que a simulação realizada se valida com resultados experimentais.

 

Padrão de fluxo

 

A equipe científica possui um equipamento de medição a laser denominado PIV (Velocimetria por Imagem de Partículas, em inglês) que permite estudar o padrão de fluxo, ou seja, “o que faz o ar em um recinto”, um parâmetro muito importante. Ademais, conta com um modelo realizado em metacrilato, “um modelo transparente que pode simular a câmara de uma sala de cirurgia”, podendo-se comparar os resultados obtidos na simulação numérica. “Uma vez validada a simulação e, portanto, sabendo-se que foi feita de maneira correta, é possível realizar estudos em outra escala e facilmente comprovar, por exemplo, o que aconteceria se fosse modificada a situação da saída de ar”.