Salud Brasil Campinas, São Paulo, Jueves, 28 de noviembre de 2013 a las 17:21
Saúde

Estudo associa endometriose a exposição a pesticidas organoclorados

Apesar das restrições de uso nos EUA nas últimas décadas, essas substâncias foram detectadas nas amostras de sangue de mulheres que participaram do estudo

Julia Melare / ComCiência/ Labjor /DICYT Um estudo do Fred Hutchinson Cancer Research Center, em Seattle, EUA, descobriu que dois pesticidas organoclorados estão associados com um aumento do risco de endometriose, uma condição que afeta até 10% das mulheres em idade reprodutiva. Os pesquisadores observaram que as mulheres com excessivas exposições a dois desses pesticidas, beta-Hexaclorocicloexano e Mirex, apresentaram de 30 a 70% de aumento no risco de endometriose.

 

A endometriose é um estado não canceroso que ocorre quando o tecido que reveste o interior do útero cresce fora do órgão, em outras estruturas ou órgãos, como ovários, trompas de falópio e revestimento da cavidade pélvica. Os sintomas mais comuns incluem dor pélvica crônica, períodos menstruais dolorosos com fluxo intenso e infertilidade. Embora a sua etiologia não seja completamente compreendida, a endometriose é considerada uma doença relacionada ao estrogênio e que regride espontaneamente com a menopausa.

 

O estudo em questão envolveu 248 mulheres diagnosticadas com endometriose e, para fins de comparação, mais 538 mulheres sem a doença. "Achamos interessante que, apesar de pesticidas organoclorados serem de uso restrito (alguns proibidos) nos EUA nas últimas décadas, essas substâncias eram detectáveis nas amostras de sangue de mulheres em nosso estudo e foram associados com risco aumentado endometriose", disse Upson. "A mensagem para levar para casa a partir de nosso estudo é que os produtos químicos ambientais persistentes, mesmo aqueles utilizados no passado, podem afetar a saúde da atual geração de mulheres em idade reprodutiva no que diz respeito a uma doença hormonal". Assim, os produtos químicos ambientais que são perturbadores endócrinos ou que podem imitar ou alterar a atividade hormonal endógena podem afetar o risco de endometriose.

 

Pesticidas organoclorados (por exemplo, o DDT) são compostos sintéticos que foram utilizados na segunda metade do século XX como inseticidas. Apesar das proibições e restrições de uso ao longo das últimas décadas, ainda podem ser encontradas concentrações dessa substância, principalmente em alimentos gordurosos, peixes e laticínios. A exposição contínua aos pesticidas organoclorados é de potencial preocupação para a saúde humana, uma vez que estes produtos químicos em geral demonstraram propriedades estrogênicas em estudos in vitro e exibiram efeitos adversos no sistema reprodutivo em estudos com animais de laboratório, alterando funções uterinas e ovarianas, além de interferirem na produção de hormônios endógenos. Até então, os estudos realizados nessa área obtiveram resultados conflitantes, por isso os pesquisadores do estudo decidiram investigar o risco de incidência de endometriose relacionada à exposição ambiental ao pesticida.

 

"Para muitas mulheres, os sintomas da endometriose podem ser crônicos e debilitantes, afetando negativamente a saúde, relações pessoais e produtividade no trabalho, por serem relacionados com qualidade de vida", disse a principal autora, Kristen Upson, pesquisadora e pós-doutora em epidemiologia.

 

"Esta pesquisa é importante pois a endometriose é uma doença grave que pode afetar negativamente a qualidade de vida de uma mulher, mas nós ainda não temos uma compreensão clara de por que a endometriose se desenvolve em algumas mulheres mas não em outras. Nosso estudo fornece mais uma peça ao quebra-cabeça", comentou Victoria Holt, membro da Unidade de Pesquisa de Epidemiologia da Divisão de Ciências da Saúde Pública em Fred Hutch e professora de epidemiologia da Universidade de Washington School of Public Health.