Ciencia España , Salamanca, Martes, 14 de febrero de 2012 a las 16:41

Granito explorado atualmente tem 300 milhões de anos

Universidade de Salamanca participa de um estudo internacional que determinou a idade destas rochas e que obteve amostras de vários pontos da província de Salamanca: La Alberca, Villavieja de Yeltes y Cipérez

José Pichel Andrés/DICYT Uma equipe de pesquisa integrada por cientistas das universidades de Salamanca, Complutense de Madri, pelas canadenses Victoria e STFC e pelo Museo de História Natural de Londres estabeleceu de maneira precisa a idade de alguns granitos da península Ibérica. Graças a este trabalho sabe-se que a maior parte desta rocha que é utilizada como material de construção, sendo uma das que tem maior valor econômico, ronda os 300 milhões de anos. O trabalho foi publicado recentemente na revista científica “Tectonics” e tem um grande protagonismo de Salamanca com participação do geólogo da Universidade de Salamanca, Gabriel Gutiérrez-Alonso, e porque foram utilizadas amostras de granito de La Alberca, Villavieja de Yeltes e Cipérez.

 

“A península Ibérica é muito rica em granitos, rochas formadas a partir de material fundido que se cristalizou profundamente, compondo-se basicamente de três minerais, quartzo, feldespato e mica”, afirma o pesquisador em declarações a DiCYT. Ademais, lembra a importância econômica deste material, cujo primeiro produtor europeu é a península Ibérica: o granito é uma das fontes de riqueza de nosso país, com uma produção de mais de 1.300.000 toneladas em 2009, e um volume de exportações neste ano de 430.000 toneladas, que representaram um valor aproximado de 110 milhões de euros. A isto se deve somar o fato de que, como elemento ornamental de muitos edifícios, faz parte do patrimônio histórico.

 

Os granitos mais antigos da península foram formados há 600 milhões de anos, localizados em Asturias. Outro momento de geração aconteceu há 500 milhões de anos, quando parte do continente no qual estava Ibéria desprendeu-se para abrir um oceano que os geólogos denominam Reico. Este oceano fechou-se posteriormente, causando a colisão de duas grandes massas continentais, Laurencia e Gondwana, originando a cordilheira montanhosa Oregono Varisco, cujos restos configuram a arquitetura geológica de boa parte da península. Durante a colisão gerou-se grande quantidade de granitos com idades entre 340 e 320 milhões de anos. No entanto, estas rochas não podem ser utilizadas como rocha ornamental porque estão deformadas.

 

Contudo, existe um episódio de formação de granitos posterior, entre 310 e 285 milhões de anos, que originou a maior parte dos corpos de granitos explorados atualmente, e que estão associados à mineração de volfrâmio, estanho e ouro. Precisamente nestes granitos focou-se a atenção dos pesquisadores, para calcular a cronologia de sua formação e o lugar em que foram formados em relação com outro evento geológico simultâneo: o desdobramento da cadeia montanhosa anteriormente formada que adquiriu forma de ferradura, conhecida atualmente como o Arco Ibero-Armoricano.

 

O zircão, um “relógio atômico”

 

Os resultado deste estudo foram publicados recentemente em “Tectonics” (revista da American Geophysical Union) e baseiam-se em medidas realizadas graças a um mineral chamado zircão (silicato de zircônio com boas quantidades dos elementos radioativos urânio e tório, U e Th), que se forma ao mesmo tempo em que os granitos se solidificam. “Este mineral é utilizado como um relógio atômico a partir do qual é possível medir a idade desde sua formação, através da taxa de desintegração de isótopos radioativos que existem em pequenas quantidades no mesmo, na medida em que os átomos de urânio se convertem em chumbo”, comenta Gabriel Gutiérrez-Alonso.

 

Para obter estas idades utilizou-se um sofisticado laboratório localizado no Museu de História Natural de Londres, no qual estes materiais, de cerca de 100-300 mícron (1 a 3 décimos de milímetro), são volatilizados através de um laser acoplado a um microscópio, e esse material é analisado em um espectrômetro de massas para estabelecer as proporções entre os isótopos de urânio e chumbo, as quais mediante cálculos proporcionam a idade em que se formou esse mineral.

 

Interessante período geológico

 

Os resultados das 19 idades calculadas, junto a outras obtidas previamente por outros autores, indicam que todos estes granitos, cuja origem é posterior à formação da cadeia de montanhas Variscas, têm idades entre 310 e 285 milhões de anos, um período muito interessante na história geológica da península Ibérica, quando a grande cordilheira montanhosa causada pela colisão de Laurencia e Gondwana se desdobrou até adquirir forma de ferradura.

 

De acordo com os pesquisadores, este desdobramento é a causa de grandes mudanças na capa mais superficial da Terra, no que se conhece como manto litosférico, entre 30 e 150 quilômetros de profundidade. “Esta porção do nosso interior foi substituída por material mais profundo e quente, proveniente do que conhecemos como astenosfera, o que fez com que parte de nosso substrato se fundisse para originar os granitos”, explica o cientista da Universidade de Salamanca.

 

Para ajudar a divulgar este trabalho os pesquisadores apresentaram os resultados através de uma animação na qual se pode ver que, enquanto a cadeia montanhosa se desdobra, os granitos se localizam em distintos lugares, seguindo um padrão que ajuda a explicar as conclusões obtidas em relação ao que ocorre nas profundezas.