Salud España , Valladolid, Lunes, 04 de octubre de 2010 a las 10:55

IBGM estuda como inibir a entrada de cálcio nas células para prevenir o Alzheimer

A combinação de medicamentos na membrana plasmática e na mitocôndria pode ser efetiva

CGP/DICYT A morte de neurônios que caracteriza doenças como Parkinson ou Alzheimer tem sua origem no excesso de cálcio intracelular. No caso do Alzheimer o que ocorre é a produção anômala de uma proteína, o peptídio amilóide, que em excesso revela-se tóxica e origina a morte neuronal. Como detalha a DiCYT o cientista do Instituto de Biologia e Genética Molecular (IBGM) Carlos Villalobos, observou-se que esta proteína “acaba matando porque introduz grande quantidade de cálcio nas células”. A equipe de pesquisadores do IBGM liderada por Villalobos, referência internacional, estuda a relação existente entre o cálcio e esta doença neurodegenerativa e, mais especificamente, como inibir a entrada de cálcio nas células com objetivo de prevenir a morte neuronal.

 

Segundo afirma o especialista, as células empregam o cálcio intracelular para ativar-se. “Quando uma célula recebe uma entrada de cálcio, ativa-se e responde de determinada maneira. Por isso, as alterações na homeostase do cálcio podem originar patologias”, assegura. A homeostase é o conjunto de fenômenos de auto-regulação que leva ao equilíbrio e manutenção a despeito das mudanças que possam ocorrer.

 

Neste sentido, a mitocôndria (cada um dos órgãos encarregados de fornecer a energia necessária à célula) tem um papel chave. Há alguns anos, um trabalho em que participaram os pesquisadores do IBGM Javier Alvarez e Francisco Javier García-Sancho comprovou que a mitocôndria também participa na homeostase do cálcio. “As mitocôndrias estão onde existem fluxos de cálcio, para capturar o excesso”, indica o pesquisador, afirmando que o cálcio participa tanto na proliferação das células como em sua morte.

 

O grupo observou que impedindo a entrada de cálcio nas mitocôndrias, previne-se a morte induzida pelo peptídeo amilóide, ainda que assegure que “deve-se ir mais longe e avançar a modelos animais e inclusive humanos”. “Percebemos que a combinação de medicamentos na membrana plasmática e na mitocôndria sobre rotas de entrada de cálcio é bastante eficaz na proteção. O ensaio foi realizado em neurônios em cultivo primário e deveria ser realizado em animais. Contudo, trata-se de um avanço muito importante para reduzir a grande dependência que origina esta doença”, afirma.

 

Entre os compostos que, em condições terapêuticas, impedem a entrada de cálcio na mitocôndria estão a aspirina e os antiinflamatórios não-esteróides. Como indica o pesquisador, sabe-se que protegem contra a doença de Alzheimer ainda que “apresentem riscos e se deva fazer um ensaio clínico em grande escala”.

Mundialmente, diversos grupos de pesquisa buscam novos alvos, alguns financiados pela grande indústria. Segundo Villalobos, há muitos, entre eles a maquinaria para sintetizar e degradar o peptídeo amilóide ou os receptores de neurotransmissores, que parecem envolvidos. Também existe bibliografia recente sobre a mitocôndria. “O problema é que os mecanismos recentes de transporte de cálcio não são conhecidos a nível molecular”, precisa.

 

Modelos animais

 

Um dos principais inconvenientes da pesquisa nesta linha são os modelos animais, não tão bons quanto desejado. Os modelos de Alzheimer são principalmente ratos mutantes. Existe uma série de mutações que conduzem ao Alzheimer em humanos, “mas essa é apenas a forma genética, que afeta somente um por cento dos pacientes”, esclarece. Os 99% restantes não tem essas mutações e, no entanto, sofrem da doença.

 

Ademais, quando o rato não desenvolve os sintomas se realizam três mutações diferentes para que tenham uns efeitos parecidos ao do Alzheimer, de modo que é um modelo “muito artificial”. Por isso, o grupo de cientistas do IBGM decidiu fazer ensaios em modelos mais simples. Do mesmo modo, nos modelos humanos são colhidas células (fibroblastos, concretamente) de pacientes com doença genética que desenvolveram Alzheimer precocemente, enquanto o mais comum seria a partir dos 60-70, “casos em que já não é uma doença genética”.