Ibiomed descreve o mecanismo pelo qual o hormônio melatonina induz a morte de células tumorais
Antonio Martín/DICYT A melatonina, um hormônio secretado pela glândula pineal no cérebro e que participa de uma grande variedade de processos celulares, converteu-se em uma das estrelas dos estudos para diferentes patologias, especialmente as relacionadas com os distúrbios do sono. Pesquisadores do Instituto de Biomedicina da Universidade de León (Ibiomed) enfocaram suas pesquisas nas propriedades anti-tumorais deste neurohormônio. Recentemente, o grupo de biomédicos dirigidos por José Luiz Mauriz publicou o mecanismo que induz a morte das células tumorais sem ocasionar danos às saudáveis. A pesquisa abre portas a futuros tratamentos do câncer através deste hormônio.
“A pesquisa antitumoral enfoca-se essencialmente na procura dos pontos fracos dos tumores”, resume a DiCYT Mauriz. Os ataques a estas patologias realizam-se em três frentes: frear o processo pelo qual as células tumorais multiplicam-se, já que estas possuem um ciclo celular muito acelerado; induzir a apoptose para superar a imortalidade destas células; e inibir a formação de novos vasos sanguíneos que se formam para nutrir-las com glicose e oxigênio, em um processo denominado angiogênese. A pesquisa acerca da melatonina centra-se especialmente em um destes aspectos, a morte celular programada ou apoptose.
Os cientistas do Ibiomed encontraram o mecanismo pelo qual se aumenta a expressão de certos receptores e induz a apoptose quando se administra melatonina às células tumorais. Concretamente, o trabalho foi realizado com cultivos celulares com um tipo de câncer do fígado, denominado hepatocarcinoma. Os receptores envolvidos eram as proteínas MT1, NQO2 (encontradas na membrana celular) e a RORα Research, que possui um fator de impacto 5,5 e encontra-se entre as primeiras revistas científicas de Endocrinologia e Fisiologia.
A pesquisa, na qual colabora o oncologista do Complexo Assistencial de León Andrés García Palomo, continua agora com a inibição destes receptores. Através de seu bloqueio pretende-se descartar a presença de outros envolvidos no processo e observar, em uma pesquisa in vitro, que o hormônio possui o mesmo efeito com os receptores bloqueados. Mauriz não quer pôr uma data para o traslado da pesquisa ao nível clínico, isto é, com pacientes, para o qual, de qualquer forma, ainda faltam testes com animais.
Beta-catenina
Por outra parte, pesquisadores do Instituto de Biomedicina e do Serviço Digestivo do Complexo Assistencial de León começaram recentemente uma amostragem para descobrir a acumulação de uma proteína, denominada beta-catenina, em pacientes com câncer de estômago. A beta-catenina é, segundo indica Mauriz, “uma proteína relacionada com o desenvolvimento fetal, no qual favorece a expressão de muitos genes. Uma vez nascido, a proteína perde esta função e relaciona-se somente com a adesão celular”. Em alguns tumores produz-se a acumulação de beta-catenina e aumenta-se a expressão de certos genes relacionados com a divisão celular.
A pesquisa recolhe biópsias de pacientes com câncer de estômago que são diagnosticados no Hospital de León e de seus parentes de primeiro grau. O objetivo é chegar a 50 amostras de pacientes e outras tantas de seus parentes, que não sofreram a patologia, com o fim de comparar os índices de presença da proteína. Atualmente não existem medicamentos que impeçam a acumulação de beta-catenina, por isso, a confirmação por parte dos pesquisadores da associação entre a proteína e o tumor, pode converter-se num objetivo para o desenvolvimento de medicamentos. Paralelamente, os cientistas querem investigar a associação da bactéria Helicobacter pylori, que infecta a mucosa do epitélio estomacal. Observou-se uma maior presença do microorganismo em pacientes com tumores gástricos. Por parte do Serviço Digestivo do Complexo Assistencial de León formam parte da pesquisa os médicos José Luis Olcoz, Francisco Jorquera, Pedro Linares e Mónica Sierra.