Alimentación España , León, Lunes, 19 de julio de 2010 a las 18:09

"Imunologia espanhola aproxima-se de grandes centros como Havard e Standford"

Carlos Martínez, de León, recebeu o Prêmio Nacional de Pesquisa Gregorio Marañón de 2010, na área da medicina

Antonio Martín/DICYT Após ser o décimo sétimo presidente da história do CSIC (2004-08) e secretário de Estado de Pesquisa (2008-2009), Carlos Martínez voltou a vestir o jaleco e regressou a seu laboratório do Departamento de Imunologia e Oncologia do Centro Nacional de Biotecnologia. Essa dualidade, entre o campo de pesquisa e a faceta pública foram uma constante na carreira profissional do cidadão de León (Pola de Gordon, 1950). “Por suas contribuições ao conhecimento da fisiologia do sistema imunitário e de suas implicações na patologia humana e na medicina” acaba de obter o Prêmio Nacional de Pesquisa Gregorio Marañón, na área da medicina, de 2010.

 

P: Parabéns pela conquista. O que representa este prêmio após haver obtido outros tão prestigiosos como o da Academia Real de Ciências Exatas, Físicas e Naturais ou o Prêmio Rei Jaime I de Pesquisa Científica?
R: Durante minha carreira profissional procurei cumprir a máxima de que o amor à ciência significa um amor à humanidade. O prêmio representa um agradecimento aos meus colaboradores, já que a pesquisa cientifica é um campo compartilhado. Também deve supor um agradecimento à sociedade em seu conjunto, por permitir-me aprofundar o conhecimento na matéria em que trabalho, a Imunologia.

 

P: Em que situação encontra-se atualmente esta disciplina?
R: É conhecida desde os anos 90 do século passado e até a primeira década do século XXI é uma das ciências que mais desenvolvimento alcançou, o que permitiu a obtenção de três prêmios nóbeis. Neste período foi possível conhecer como é o sistema imune e como responde às agressões externas. Apesar de todos estes conhecimentos, no entanto, ainda existem patologias, como, por exemplo, o lúpus e a artrite reumatóide, nas quais não houve importantes avanços e, em resumo, não se conhece porque o sistema imunológico ataca o próprio organismo, ao invés de atacar o agente patogênico. Os tratamentos empregados atualmente são quase os mesmos de 30 e 40 anos atrás. O grande salto a ser dado é desenhar estratégias que de maneira efetiva possam servir para o tratamento destas doenças.

 

P: Em que situação encontram-se estas pesquisas?
R: Nos últimos anos deve-se destacar que houve grandes avanços em questões associadas ao sistema imunológico. Um exemplo são as poucas rejeições nos transplantes alogênicos, nos quais a Espanha é uma referência mundial. Outro é a vacina para hepatite B. Esperamos poder dizer o mesmo em relação ao vírus da AIDS ou à hepatite C nos próximos anos. Deve-se ressaltar, contudo, que se produziram avanços na medicina ocidental, mas que temos um problema com os tratamentos de doenças de países em desenvolvimento, como a malária.

 

P: Já conhecemos os motivos pelos quais o sistema imunológico se rebela e ataca o próprio organismo em vez dos organismos patogênicos?
R: Temos bastante informação atualmente sobre os mecanismos moleculares implicados nestes processos, mas descobrimos que são mais complexos do que se esperava. As estratégias experimentais devem-se dirigir, assim, não só a um alvo em concreto, mas a vários em conjunto. Deve-se lembrar que as tecnologias ômicas (Genômica, Proteômica...) permitiram avançar na resposta sobre esta reação do sistema imunológico. Graças a isso sabemos que as células tumorais são chaves no conhecimento do sistema imune, já que se produzem e se desenvolvem porque o sistema não as rejeita. Com esta informação foi possível realizar ações contra determinados tumores, como o melanoma.

 

P: Se usamos uma bola de cristal, poder-se-ia predizer em quais doenças relacionadas com o sistema imunológico haverá avanços significativos em uma década?
R: Esperamos avanços em todas, mas é difícil determiná-los. Seremos capazes de erradicar algumas doenças como fizemos, por exemplo, com a varíola? Sim, é possível arriscar que seremos mais capazes no tratamento de diferentes tumores, mas não se pode estabelecer que grau de conhecimento teremos então, ainda que será maior que o atual.

 

P: Trabalha em um centro de ponta do CSIC, o Centro Nacional de Biotecnologia, no qual se formaram 600 cientistas e se produziu uma grande quantidade de conhecimento estampado em 400 publicações em revistas científicas. Além deste, quais outros centros de pesquisa são pioneiros na Espanha no campo da Imunologia?
R: Há grupos importantes em Barcelona, Madri, Andaluzia ou Valência, por exemplo. Esta ciência avançou extraordinariamente nos últimos anos na Espanha e, ainda que não estejamos à altura de referências como Harvard ou Stanford, nos aproximamos a estes grandes centros. Por esse motivo sou otimista sobre o desenvolvimento científico tanto neste campo como a nível geral nas ciências experimentais e pesquisa, apesar destes tempos de crise.

 

P: Como surgiu o assunto, você assumiu cargos de responsabilidade política nos últimos anos. Qual sua opinião sobre a futura Lei da Ciência, que se encontra em tramitação parlamentar, e a aposta pela economia sustentável do atual governo?
R: Durante o governo de José Luis Rodríguez Zapatero produziu-se um importante apoio para estes fins, ainda que no segundo mandado existiram dificuldades. Eu considero que se não apostarmos nestes momentos na pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D&I), seguiremos vulneráveis nas próximas crises econômicas. A aposta pela economia sustentável permite construir um modelo sólido de país e permanecer na elite. Ademais de gerar conhecimento, podemos ser solidários com outros. Neste sentido, a Lei da Ciência dá um passinho importante, mas eu gostaria que fosse mais ambiciosa. Espero que na tramitação parlamentar se inclua este tipo de modificação.

 

P: De volta ao laboratório, em que linhas de pesquisa se focará?
R: Estamos muito interessados em saber como os linfócitos patrulham pelos organismos e como detectam os agentes patogênicos. Estes mecanismos são os mesmos que os empregados pelas células tumorais para produzir a metástase. Assim, a associação de ambas questões nos permite combater com mais efetividade o desenvolvimento dos tumores. Por outro lado, queremos lutar contra as células tumorais focando-nos na denominada célula mãe tumoral, que inicia o processo. Esta linha de pesquisa está ligada ao conhecimento das células mães e ao envelhecimento e pode desenvolver-se dentro de 10 a 15 anos.