Medicamentos demoram mais de 12 anos para chegar ao mercado após primeiros estudos
JPA/DICYT Desde que um cientista descobre uma propriedade benéfica para a saúde em plantas medicinais ou em compostos naturais, até que seu descobrimento se transforme em um medicamento disponível no mercado, mais de 12 anos se transcorrem, afirmam especialistas. Assim foi exposto hoje na inauguração do Simpósio sobre plantas medicinais e compostos naturais como fonte de novos fármacos, celebrado na Faculdade de Farmácia da Universidade de Salamanca pelos próximos três dias com especialistas nacionais e internacionais.
“É um processo longo, tedioso e muito caro. Calcula-se uma média entre 12 e 14 anos desde o momento em que um pesquisador pensa em um novo composto até que este consiga chegar ao mercado”, afirmou a pesquisadora do Departamento de Química Farmacêutica em declarações a DiCYT Marina Gordaliza, responsável pela coordenação do simpósio. “O investimento em recursos humanos e materiais é enorme, por isso, somente as grandes multinacionais podem consegui-lo”, assegurou.
Como explicou momentos antes da inauguração deste evento, “as linhas de pesquisa neste campo buscam novos compostos que melhorem as propriedades dos que se encontram em uso com o objetivo de que apresentem menores efeitos colaterais”. No entanto, isto é aplicável a qualquer campo da terapêutica, mas “existem grandes desafios em doenças nas quais a terapia não é ainda suficiente, como no caso do câncer e também em doenças comuns, como as cardiovasculares”. De fato, “nenhum campo da terapêutica pode ser considerado como perfeitamente coberto”, assinala a especialista, por isso a pesquisa em plantas medicinais tem muito a aportar.
Neste sentido, Gordaliza destacou o trabalho de pesquisa realizado na Universidade de Salamanca, nas faculdades de Farmácia, Medicina e Biologia, ademais do Centro Hispanoluso de Investigações Agrárias (Ciale). Muitos cientistas se dedicam ao estudo das propriedades de um composto para a maior produção de um princípio ativo ou para a síntese de derivados a partir de um composto e sua manipulação molecular, apontou.
A este tipo de pesquisa é necessário que se complemente a formação através de simpósios como o celebrado a partir de hoje, e pela quarta vez. “Nosso objetivo é sempre o de informar sobre os últimos avanços nas pesquisas com plantas medicinais e compostos naturais”, indica a pesquisadora. Por isso, “químicos orgânicos nos contam como estes compostos são manipulados para obter-se melhores fármacos, biotecnológos nos aportarão seu conhecimento no campo da Química farmacêutica e especialistas em plantas medicinais nos explicarão questões como a farmacologia da gripe, ou seja, trata-se de um encontro de enorme interesse para todos”, declarou.