Alimentación España , León, Martes, 26 de abril de 2011 a las 15:29

Neandertais de El Sidr贸n sofriam de stress fisiol贸gico depois de desmamar

Estudos de Paleohistologia do CSIC revelam mudan莽as bruscas na dieta desta popula莽茫o

Antonio Martín/DICYT Os restos fósseis de neandertal encontrados na jazida de El Sidrón (Astúrias) está ajudando a compreender com mais profundidade a população desta espécie de Homo que se estabeleceu na cornija cantábrica há aproximadamente 50.000 anos. Estudos de Paleohistologia do Museu Nacional de Ciências Naturais do CSIC, determinaram que houve neandertais que sofreram episódios de stress fisiológico em seu desmame. Antonio Rosas, professor de investigação do Departamento de Paleobiologia do museu, apresentou dia 25 de abril em León as linhas de pesquisa que seu grupo desenvolve com os restos encontrados em El Sidrón.

 

Rosas acudiu à segunda sessão programada no marco do III Ciclo de Conferências-Colóquio “Desafios da ciência para o século XXI” (Los retos de la Ciencia para el siglo XXI), co-organizado pela Fundação Geral da Universidade de León e da Empresa e pela Fundação Hullera Vasco-Leonesa, sob o título de “Atapuerca e a memória do homem” (Atapuerca y la memoria del hombre). As conferências, cuja primeira sessão contou na semana passada com a presença do co-diretor da jazida de Atapuerca (Burgos) José María Bermúdez de Castro, tiveram lugar no Museu de León.

 

O pesquisador do CSIC informou a DiCYT que os trabalhos científicos são realizados com “a coleção de fósseis neandertais procedentes de El Sidrón, com o que se busca avançar em diferentes aspectos”. As linhas de trabalho envolvem desde o estudo cronológico e anatômico dos restos e sua distribuição geográfica, até o estudo genético incluído no Projeto Genoma Neandertal. Para Antonio Rosas, as linhas de pesquisa mais interessantes são as de Paleohistologia (“o estudo do crescimento e desenvolvimento destes neandertais”) e a Paleoneurologia (“o que podemos saber sobre o cérebro dos neandertais”).

 

No primeiro caso, pesquisas recentes do instituto do Conselho mostraram que os neandertais que se refugiavam em El Sidrón sofriam de problemas derivados do desmame, com episódios de stress fisiológico que ficaram registrados em suas dentições. “Acreditamos que ocorreu uma mudança brusca na dieta, passando a uma alimentação próxima à de um indivíduo adulto”, indica o cientista. Não é fácil, assinala Rosas, saber todas as causas da adoção de uma dieta tão forte para estas crianças neandertais. “Nos perguntamos por quê eles estavam expostos a estes processos”, indica.

 

Estes episódios “não ocorrem em populações humanas atuais de zonas industrializadas, mas ainda podem ser identificados em algumas populações em zonas mais pobres”, ressalta Antonio Rosas. De qualquer forma, estas mudanças fortes na dieta em idades tão baixas foram identificadas porque adultos deixaram rastros. Isso quer dizer que, pelo menos nestes casos, a mudança não ocasionou a morte do indivíduo. “Sabemos que superaram os episódios, mas não se houveram outros casos em que não o puderam superar”. As pistas destas mudanças fisiológicas estão em seus dentes, a partir de “linhas de hipoplasia”, explica o especialista.

 

Paleoneurologia
 

Outra linha incipiente de pesquisa que o museu desenvolve com fósseis do El Sidrón é a paleoneurológica. Através destes estudos, descobriu-se que o cérebro dos neandertais era assimétrico, “mais que o do ser humano atual”. Isso significa, para Rosas, “que a compartimentalização do cérebro apresenta características próprias”. O estudo dos restos neandertais permite saber algo sobre a organização destes cérebros e de algumas de suas funções como, por exemplo, que a lateralidade estava mais marcada.

 

A lateralidade define a preferência dos seres humanos por uma parte do seu corpo. A maioria dos Homo sapiens são destros, mas esta porcentagem aumenta entre os Homo neanderthalensis. No entanto, a destreza manual não proporciona “respostas conclusivas” sobre seus comportamentos, mas anatômicas, afirma Antonio Rosas. Portanto, ainda não se sabe as implicações do fato de, nestas populações, possuir-se uma maior habilidade com uma de suas partes do corpo e não a ter com a outra. A lateralidade foi observada pelos estudos de fluxo de saída no cérebro nos restos fósseis encontrados em El Sidrón.