Nutrition Spain , León, Wednesday, April 25 of 2012, 12:03

Novo sistema trata resíduos orgânicos para obter energia

Pesquisadores de León desenvolvem um projeto no qual aproveitam os desperdícios de produtos frescos dos mercados

José Pichel Andrés/DICYT O Instituto de Recursos Naturais e Meio Ambiente (IRENA), da Universidade de León, e a empresa Bionergia e Desenvolvimento Tecnológico (BYDT), spin-off da instituição acadêmica de León, desenvolvem um sistema de tratamento de resíduos orgânicos procedentes de mercados de produtos frescos. O objetivo é desenhar uma planta modular de digestão anaeróbica, isto é, na qual os resíduos se decomponham sem oxigênio.


“Até agora o único tratamento destes resíduos era a compostagem”, explica o pesquisador do BYDT Daniel Blanco. Este novo sistema pode ser alternativo ou complementar à compostagem, mas além disso permite produzir energia que pode ser transferida à rede elétrica.

 

Os resíduos orgânicos destes testes procedem de Granada, concretamente de Mercagranada, que centraliza a distribuição de produtos frescos na cidade e que administra grande quantidade de descartes de frutas, verduras ou peixe através da empresa Biomassa do Guadalquivir, que até agora os destinava à compostagem.

 

“O processo biológico de digestão anaeróbica é bem conhecido”, reconhece o pesquisador. Por esta via se produz biogás, combustível queimado em motores de combustão. Estas unidades de co-geração produzem energia térmica e também elétrica, que podem ser aproveitada na própria planta em que se gera ou serem exportadas à rede elétrica.

 

“A digestão anaeróbica já é conhecida e aplicada, mas nossa tecnologia é especial no sentido de que as experiências anteriores se baseiam em grandes quantidades processadas com líquido, geralmente em centros de tratamento de resíduos e em depuradoras de águas residuais, enquanto nós estamos testando o processo a seco e em pequenas quantidades”, afirma o pesquisador.

 

Novidades

 

Além disso, em outros países da Europa há uma experiência semelhante, mas dentro do âmbito agroindustrial, para tratar resíduos da pecuária. Definitivamente, este projeto é inovador porque aborda o tratamento de resíduos em um âmbito distinto e com uma técnica diferente.

 

Os resultados permitirão criar uma nova planta em Granada nas instalações de Biomassa do Guadalquivir graças aos atuais testes a escala “semi-piloto” realizados nas instalações do IRENA de León.

 

Este projeto tem várias implicações para o tratamento de resíduos. Em primeiro lugar, o investimento que representa implantar o sistema de digestão anaeróbica a seco e em pequena escala tem um custo muito menor do que os sistemas atuais, ainda que o aspecto chave para tanto seja a nova tecnologia proposta, já que fazer em pequena escala o mesmo que se faz atualmente nos centros de tratamento de resíduos ou nas depuradoras de águas residuais “representaria custos exorbitantes”, afirma o especialista.

 

A idéia é que após a experiência destes testes seja possível criar sistemas modulares, o que significa que poderão ser fabricados em um lugar e instalados em outro distinto, diferentemente dos centros de tratamento atuais, que demandam a realização de importantes obras para tratar os resíduos. “A digestão seca requer um espaço pequeno”, explica.

 

Ademais, o material que sobra ao final do processo poderia ser utilizado novamente como adubo por intermédio de um tratamento semelhante ao atual, ou inclusive dentro do próprio reator. Definitivamente, a iniciativa conseguirá um duplo aproveitamento dos resíduos procedentes de produtos frescos de mercado, não somente como adubo agrícola, mas também para a produção de energia.

 

Dados da pesquisa

 

Participantes: IRENA (Universidade de León), com o pesquisador Antonio Morán a frente. Empresas: Biomassa do Guadalquivir, Bioenergia e Desenvolvimento Tecnológico (BYDT), além da colaboração de Mercagranada. Financiamento: 750.000 euros do Sub-programa INNPACTO da Secretaria de Estado de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Ministério de Economia e Competitividade. Duração: 2011-2014.