Alimentación España , Zamora, Lunes, 21 de enero de 2013 a las 12:21

“O aquecimento global não está produzindo mais catástrofes naturais”

O físico e divulgador Manuel Toharia fala em Zamora sobre os mitos e realidades do aquecimento global e da mudança climática

Cristina G. Pedraz/DICYT Atualmente o aquecimento global e a mudança climática são temas recorrentes nos meios de comunicação. Converteram-se em um campo no qual todo mundo, seja especialista ou não, tem sua própria opinião e o aborda em conversas comuns. Quando faz muito calor ou quando chegam notícias de catástrofes naturais, tende-se a atribuir a causa, diretamente, à mudança climática, sem que exista uma justificativa científica. Na opinião do físico e divulgador Manuel Toharia, que abre no dia 17 em Zamora um ciclo de conferências sobre temas científicos atuais, este é um dos muitos mitos que existem atualmente sobre o fenômeno da mudança climática.

 

“A mudança climática é, ao mesmo tempo, mito e realidade, mito porque praticamente tudo o que aconteça de bom, ruim ou regular na atmosfera parece ter a ver com o aquecimento global, mas não é assim. A realidade é que inevitavelmente os países ricos ficaram ricos consumindo uma enorme quantidade de combustíveis fósseis. 80% da energia utilizada nos últimos séculos procede do carvão e do petróleo, combustíveis fósseis que ao serem queimados emitem muita contaminação, e é muito preocupante porque provocam danos aos seres vivos. Também emitem dois gases que são gases da vida, o dióxido de carbono e o vapor de água, que contribuem com o efeito estufa”, resume Toharia em declarações a DiCYT.

 

O efeito estufa é responsável pelo fato de que a Terra seja habitável. Sem ele, seria um planeta congelado a 18 graus abaixo de zero. No entanto, se emitimos muito CO2 e muito vapor de água, junto com a contaminação derivada dos combustíveis fósseis, o efeito estufa pode intensificar-se e, portanto, aumentar as temperaturas médias globais.

 

“Isto é o que diz a teoria e o que de algum modo justifica a preocupação de muita gente com a mudança climática”, afirma o divulgador, que explica que nos últimos mil anos as temperaturas tiveram alternativas “muito curiosas”. “Somente possuímos bons dados a partir de 30 ou 40 anos atrás, desde que temos satélites, mas na média parece que a Terra passou por um período de aquecimento muito forte na Idade Média, concretamente no século XI. Depois, houve um período de resfriamento até o século XVII e desde então as temperaturas voltaram a subir. Trata-se de mudanças naturais nas quais o homem teve participação”, afirma.

 

Já no século passado, as temperaturas baixaram até os anos 70, e a partir desta data, e até finais dos anos 90, subiram muito rápido. “Desde então se mantiveram altas, mas deixaram de subir”, afirma. Segundo Toharia, esse aumento dos anos setenta até finais dos noventa foi atribuído aos gases de efeito estufa, cujas emissões aumentaram muito por conta das atividades industriais. “Desde então existe uma preocupação com a mudança climática”, conclui.

 

Não existem mais catástrofes naturais

 

Um dos maiores mitos existentes sobre o fenômeno é a crença de que agora acontecem mais catástrofes naturais. Segundo Manuel Toharia, diretor científico da Cidade das Artes e das Ciências e do Museo das Ciências Príncipe Felipe, de Valencia, tudo isto é “falso”. “Agora não existem mais catástrofes naturais do que antes. Por outro lado, provocam mais danos porque somos mais ricos e existe muito mais gente no mundo, mas não se deve confundir danos econômicos com o dado físico, por exemplo, da potência do ciclone. Com relação à potência física, que é o importante para a Ciência, em nenhum momento aumentaram as catástrofes naturais. Além disso, os ciclones tropicais diminuíram levemente e as catástrofes naturais em conjunto são mais ou menos as mesmas de um século atrás”, enfatiza.

 

Outro mito, em sua opinião, é o em que se afirma que o aquecimento afeta todas as partes do mundo. “A mudança climática e o aquecimento global significam uma média. As temperaturas subiram em alguns lugares e diminuíram em outros. De fato, 2012 foi o ano mais quente, até onde se sabe, nos Estados Unidos, mas no Alaska foi o ano mais frio de toda a história. Se isso acontece no mesmo continente e no mesmo ano, não é possível acreditar que o aquecimento global afeta a todos do mesmo modo”, agrega.

 

Do mesmo modo, “afirma-se que o nível do mar Mediterrâneo está subindo, mas a realidade é que está baixando. Precisamente é nas ilhas Baleares o lugar do Mediterrâneo em que o nível do mar mais baixou nos últimos 20 anos, porque no verão o mar está muito quente e muita água evapora-se, e os rios que desembocam nele não a compensam”, detalha.

 

Soluções

 

No entanto, Manuel Toharia apóia as soluções dos relatórios sobre mudança climática. Deste modo, “seja a mudança climática catastrófica ou não, deve-se fazer o mesmo, ser mais eficientes e conseguir o mesmo, gastando menos”. A segunda coisa, assegura, é “economizar”. “Somos uma civilização baseada no desperdício, deixamos luzes acesas, torneiras abertas... um desastre”. A terceira, reduzir o uso de carvão e petróleo, muito contaminantes, em benefício das energias renováveis. “Estas são as conclusões preconizadas pelos relatórios mais alarmistas e eu, que não sou alarmista neste assunto, faria exatamente o mesmo”, afirma.