Ciencias Sociales España , Burgos, Miércoles, 13 de octubre de 2010 a las 14:08

Pesquisadores de Atapuerca encontram indícios de que há 500.000 anos os humanos já cuidavam de seus idosos

O estudo da pélvis “Elvis” permitiu deduzir que pertencia a um ancião deficiente que sobreviveu graças à ajuda de seus congêneres

Elena Rodríguez Montes/DICYT Um grupo de paleontólogos da equipe de pesquisa de Atapuerca completou a informação que na sua época foi assimilada pela pélvis 1, apelidada de Elvis, sobre os humanos que povoaram a Sima de los Huesos há 500.000 anos. A pesquisa deste fóssil foi ampliada graças à reconstrução de uma série de vértebras da parte lombar que permitiram o estudo do conjunto completo. Suas conclusões foram publicadas online na revista científica PNAS e, segundo explicou a DiCYT, um de seus autores, José Miguel Carretero, a pélvis Elvis pertencia a um individuo de idade avançada (45 anos, um ancião naquela época) que apresentava patologias na coluna vertebral. “Interpretamos isso como uma doença degenerativa, talvez também produto de algum trauma devido a uma atividade física intensa”, afirmou Carretero.

 

Segundo o artículo, esta patologia pode ser observada porque os corpos das vértebras lombares são profundos e em forma de ‘cunha’, e isso altera as curvaturas da coluna e obriga o individuo a caminhar encurvado. Pelo que se sabe hoje acerca deste tipo de deformações, estariam acompanhadas de fortes dores e impediriam este individuo de andar de maneira normal, levando-o a ajudar-se com um cajado. A publicação acrescenta que a forma característica de suas vértebras e de sua pélvis demonstra que seus corpos estavam projetados, como os nossos, para minimizar o gasto de energia necessário para manter-se perfeitamente erguidos.

 

Com estes dados, os paleontólogos deduziram que este humano não podia estar sozinho e para sobreviver até essa idade necessitou da ajuda de outros indivíduos do grupo. A medida que se avança no conhecimento destes humanos, descobrem-se cada vez mais que são “mais organizados, mais complexos e se parecem mais a nós do que pensávamos”, afirma José Miguel Carretero ao recordar outra descoberta da Sima de los Huesos. Trata-se do crânio de uma criança que apresentava uma patologia que havia deformado sua cabeça: um individuo infantil que havia sobrevivido provavelmente graças à ajuda de seus congêneres. Então, agora descobriram que também no outro extremo da idade, os anciãos “que já haviam passado da fase reprodutiva e, portanto, já não possuíam um papel no grupo” e poderiam desaparecer, sobreviviam devido à ajuda de seus congêneres.

 

Por outro lado, os pesquisadores realizaram um estudo comparativo com outras pélvis humanas encontradas em diferentes jazidas do mundo e extraíram algumas conclusões sobre a forma dos humanos antigos, apesar de não existirem muitos fósseis desta parte do corpo conservados. Conforme explicou José Miguel Carretero, este modelo que apresentavam os humanos de Atapuerca, este biótipo robusto, está presente em todos os humanos antigos, desde os primeiros de corpo grande, como o Homo ergaster, da África, que se manteve durante milhões de anos até o Homo sapiens. “Este seria o único que haveria mudado este modelo, que o revolucionou: estabelecemos um modelo de evolução do corpo no qual nós somos os estranhos”, concluiu o pesquisador.

 

O parto nos primeiros humanos

 

Pariam os humanos que habitaram a Sima de los Huesos de uma maneira semelhante a nossa? A discussão e o debate estão bem servidos neste aspecto, porque a maioria das pélvis conservadas não está completa. Mas segundo as averiguações da equipe pesquisadora de Atapuerca, as pélvis de humanos eram maiores e, portanto, esse “espaço extra” permitia que o parto fosse um pouco, “somente um pouco” - insiste Carretero -, mais fácil que em nossa espécie. No entanto, falta um dado importante para certificar esta conclusão: o tamanho da cabeça de seus recém nascidos. “Esta é outra discussão em que estamos tentando nos aprofundar, porque na Sima há muitos restos de indivíduos de pouca idade e esperamos que com seu estudo seja possível estabelecer como era seu crescimento e, ao menos, criar hipóteses razoáveis de como eram seus recém-nascidos”, apontou o paleontólogo.

 

A longa vida de um fóssil

 

A pélvis foi encontrada nas jazidas de Atapuerca em 1994 e trata-se de uma das pélvis mais completas já conservada. O primeiro estudo de sua morfologia permitiu deduzir que pertencia a um dos maiores indivíduos que já habitou a Sima de los Huesos: um homem com o tronco muito mais largo que o nosso e uma musculatura mais robusta que, definitivamente, apresentava “um biótipo diferente ao nosso, apesar de também ser humano”, indicou Carretero.

 

Agora a pélvis foi completada com uma série de vértebras encontradas durante cinco intensas campanhas de escavação na Sima de los Huesos e que completam o estudo prévio publicado em 1999. Estas vértebras foram reconstruías após um longo e lento processo, já que se tratam dos ossos mais frágeis do esqueleto humano e costumam romper-se em vários fragmentos. Desta forma, foram associadas à pélvis e permitiram aos paleontólogos estudar o conjunto completo e avançar na pesquisa.