Alimentación España , Salamanca, Jueves, 03 de marzo de 2011 a las 13:01

Produtos da alteração da arsenopirita limitam contaminação por arsênio nas minas de Barruecopardo e Terrubias

Pesquisa revela que os produtos da alteração do mineral arsenopirita, principalmente a escorodita, limitam a liberação e mobilização deste elemento tóxico ao meio ambiente

José Pichel Andrés/DICYT Um estudo realizado nas áreas de mineração de Barruecopardo e Terrubias, em Salamanca, Espanha, ao analisar os produtos da alteração da arsenopirita, um dos principais minerais que contem arsênio, descobriu que a mobilização deste elemento tóxico está muito limitada. A pesquisa foi publicada recentemente na revista Journal of Hazardous Materials pelas universidades de Salamanca, Extremadura e três centros do CSIC: o Instituto de Recursos Naturais e Agrobiologia de Salamanca (Irnasa), o Instituto de Cerâmica e Vidro de Madri e o Instituto de Ciências dos Materiais de Aragão.

 

“A exploração de minas de volfrâmio e estanho, nas que a arsenopirita constitui importante sub-produto, deu lugar à acumulação deste mineral nos montes de resíduos expostos às intempéries há várias décadas”, declararam a DiCYT as responsáveis pela pesquisa, Ascensión Murciego e Encarnación Pellitero, da área de Cristalografia e Mineralogia da Universidade de Salamanca e Esther Álvarez Ayuso, do Irnasa.

 

Diante do risco de que esse acúmulo de arsenopirita ocasione uma liberação de arsênio ao meio ambiente, as pesquisadoras desenvolveram este estudo, mas “os produtos da oxidação que encontramos, assim como os mecanismos implicados, garantem a imobilização do arsênio destes montes residuais”, afirmam. A abundância do mineral chamado escorodita “não só garante a imobilização do arsênio, como também protege a arsenopirita de que a alteração continue, sempre e quando as condições se mantenham estáveis”.

 

O objetivo do trabalho foi identificar e caracterizar os produtos da oxidação da arsenopirita (FeAsS), encontrada nos resíduos destas áreas mineradoras e “estabelecer o risco potencial de contaminação ambiental representado por aqueles”.

 

Na área mineradora de Barruecopardo os produtos da oxidação da arsenopirita identificados são os seguintes: escorodita (arseniato de ferro hidratado) com conteúdos variáveis em fósforo, goethita (oxi-hidróxido de ferro) e óxidos de ferro muito hidratado, de caráter amorfo, com alta capacidade de adsorção de arsênio. Na área de Terrubias, aparecem, além dos anteriores, arseniatos de ferro amorfos em pequena proporção. Na escorodita desta zona não se detectou fósforo e os conteúdos de arsênio nos óxidos de ferro amorfos são muito mais elevados que em Barruecopardo.

 

Estudar estes produtos de alteração é importante porque “são os responsáveis pelo controle da mobilização e da fixação do arsênio nestas áreas mineradoras”, explicam as pesquisadoras. Assim, nos chamados arseniatos, o arsênio forma parte de sua estrutura e nestes intervêm mecanismos de dissolução e precipitação. Por outro lado, nos oxi-hidróxidos e óxidos de ferro hidratados, nos quais o arsênio fixa-se em sua superfície, intervêm mecanismos de adsorção e dessorção.

 

Em ambas áreas mineradoras, a escorodita é o produto mais abundante da oxidação, motivo pelo qual “a permanência deste mineral nos resíduos limitaria de forma importante a liberação do arsênio ao ambiente caso se mantenham as condições”. A dissolução incongruente deste mineral leva à precipitação da goethita e dos óxidos de ferro hidratados, nos que o arsênio liberado é adsorvido.

 

Maior risco potencial em Barruecopardo

 

Os óxidos de ferro hidratados são pouco solúveis. No entanto, sua transformação em goethita (que pode ocorrer de forma espontânea) implica liberação de arsênio ao meio ambiente, já que a goethita adsorve muito menos arsênio que os óxidos de ferro. Por outro lado, quanto maior o conteúdo de arsênio nestes últimos, menos provável será sua transformação em goethita. “Em Barruecopardo, os óxidos de ferro hidratados possuem menos arsênio que os de Terrubias, fazendo com que sua transformação em goethita seja mais factível e, por conseqüência, o risco ambiental potencial seja maior”, indicam as especialistas.

 

Em geral, “parece que os produtos da oxidação da arsenopirita presentes nas áreas de mineração estudadas restringiriam de forma importante a liberação do arsênio dos montes de resíduos quando as condições ambientais se mantêm mais ou menos estáveis”. Este aspecto é especialmente importante para a escorodita, o produto de oxidação mais abundante. O baixo pH destes resíduos é o responsável pela estabilidade e baixa solubilidade deste mineral e, portanto, pela imobilização do arsênio.

 

As características e conteúdos destes produtos de alteração, tais como a baixa solubilidade da escorodita, a escassez de arseniatos de ferro amorfos de reduzida estabilidade e a alta capacidade dos óxidos de ferro hidratados em adsorver o arsênio, limitariam consideravelmente a liberação deste elemento dos resíduos com arsenopirita. No caso de Barruecopardo, a escorodita rica em fósforo e o relativamente baixo conteúdo de arsênio nos óxidos de ferro hidratados poderiam incrementar a mobilidade e migração de arsênio.

 

O papel da mineralogia no meio ambiente

 

Segundo Ascensión Murciego, Encarnación Pellitero e Esther Álvarez Ayuso, este estudo revela que o papel da mineralogia é crucial nos estudos ambientais. “Através desta disciplina podemos saber como se encontra o arsênio em diferentes áreas de mineração, não só nos montes de resíduos, mas também nos solos, e predizer o possível risco de mobilização deste importante elemento tóxico”, asseguram.