Alimentación España , León, Viernes, 18 de febrero de 2011 a las 14:54

Terceira espécie de inseto causador de larvas na castanha de El Bierzo é descrita

Danos produzidos por estas infestações representam perdas de 900.000 euros anuais na comarca

Antonio Martín/DICYT Além das duas espécies de insetos que produzem a maior parte das larvas tardias nas castanhas de El Bierzo, há uma terceira que deve ser considerada como um agente importante desta doença. Trata-se do lepidóptero (traça), Cydia fagiglandana, que pertence ao mesmo gênero de outra causa da perda da produção de castanhas, a Cydia splendana. A terceira espécie no trio é o coleóptero (barata) Curculio elephas. Um estudo realizado por pesquisadores do campus de Ponferrada da Universidade de León e promovido pela Fundação Cidade da Energia (Ciuden) destaca que 12% das podridões deste fruto seco devem-se ao terceiro agente, muito pouco considerado até o momento.

 

O fruto do castanheiro (Castanea sativa) é afetado por diferentes pragas, até 37 fitófagos o atacam, segundo afirmam os pesquisadores do Departamento de Biodiversidade e Gestão Ambiental. A atenção dos produtos centra-se geralmente no cancro da castanha, que causa um fungo e invalida os galhos da árvore, afetando sua produtividade, e na micose da castanha, produzida também por outro fungo. As larvas tardias dos castanheiros é outro dos problemas aos quais se enfrenta o produtor de castanhas, segundo um trabalho do grupo de cientistas apresentado no último Congresso Ibérico de Entomologia, celebrado em Lugo. Até agora a atenção estava focada nos danos produzidos pelo caruncho ou Curculio elephas e pelo lepidóptero Cydia splendana. Uma terceira espécie aparece no registro destes especialistas, razão pela qual requerem que seja levada em conta nas ações contra estas infestações.

 

Os pesquisadores amostraram durante os meses de setembro e outubro de 2009 (prévios à colheita do fruto) cerca de 100 castanheiros de 410 áreas de cultivo de castanha distribuídas pelas zonas produtoras de El Bierzo, onde esta árvore é a espécie principal. A espécie se distribui como se fosse uma coroa que circunda o vale do Sil, com especial presença na região sudoeste e nordeste. Recolheu-se um total de 313 quilos de castanha, analisou-se uma a uma, e identificaram-se as larvas do agente produtor que gera a larva.

 

88,2% dos casos foram produzidos pelas duas espécies habitualmente responsáveis por este dano ao fruto, mas 11,8% pertenciam a uma terceira espécie, Cydia fagiglandana. Ademais, os especialistas afirmam que se deve levar em conta onde foi registrada pela primeira vez a infestação. “O caruncho foi considerado o mais daninho, porque sua aparição foi observada no armazém, no entanto, o maior dano no campo foi causado pela Cydia splendana”, adverte a DiCYT Jorge Tizado, coordenador do estudo. A traça é capaz de causar até duas vezes mais danos na produção que o coleóptero, registra a análise científica. No total, considera-se que as larvas provocam perdas de cerca de 1.100 toneladas de castanha, o que supõe 900.000 euros anuais.

 

Sem limites ambientais

 

A distribuição dos insetos causadores das pragas é uniforme em todo o território de El Bierzo, o que significa que “as condições ambientais não limitam a extensão” das mesmas. Existe, no entanto, menor incidência nas regiões situadas no alto das montanhas, mas esta não é estatisticamente significativa. Os pesquisadores chegaram a registrar destruições de mais da metade da colheita em Otero de Naraguantes (no município de Fabero), com registros de 64% de incidência no ano do estudo. Também encontraram incidências de outras doenças da castanha. Na zona de Folgoso de la Ribera e Bembibre, “o cancro se somava às larvas”, o que minguava consideravelmente a produtividade dos castanheiros.

 

A maior incidência das larvas nos cultivos foi de 30%, segundo informam os pesquisadores, mas estes registros são pontuais. “Em 2010, que foi um ano mais úmido e fresco que o anterior, pode-se falar em 7%”. As pragas de insetos foram afetadas pelo clima desse ano, diante do que para conhecer a dinâmica destes fatos, o grupo de pesquisa prevê a assinatura de um acordo de colaboração com a Ciuden para realizar um estudo de três anos. Este trabalho permitirá conhecer também as diferenças com outras regiões de castanheiros de Portugal ou Itália, nas quais se chega a produzir infestações de 80% a 90%. Em El Bierzo a média é, segundo estes especialistas, de 15%.