Três empreendedores de Valladolid criam um serviço para gerar imagens 3D “em nuvem”

Cristina G. Pedraz/DICYT A computação em nuvem (termo procedente do inglês “cloud computing”) é uma tecnologia de uso crescente na Internet que permite acessar a informação de qualquer computador e lugar do mundo. Através da nuvem, os usuários podem manipular uma série de programas, aplicações ou serviços alojados nos servidores que os provedores desta ferramenta disponibilizam, o que permite economizar gastos e o espaço que ocupam os equipamentos. Conscientes das vantagens que “a nuvem” oferece, cada vez se desenvolvem mais serviços com base nesta tecnologia. José María Pérez Alba, Diego Díez Corral e Luis Fernández González, alunos da Universidade de Valladolid, criaram uma fazenda de renderização 3D “na nuvem”, serviço especializado na geração de imagens 3D.

Um dos estudantes que participou da realização do trabalho, José María Pérez Alba, detalhou em declarações a DiCYT cada um dos conceitos que compõem o projeto: renderização, fazenda e computação em nuvem. “Para explicar a renderização o melhor é uma imagem, a demonstração de um modelador. O modelador faz o desenho de uma casa, por exemplo, e do cenário, e a partir da renderização dessa imagem desenhada com texturas, iluminação e outros detalhes, faz-se uma espécie de revelação fotográfica e criam-se as três dimensões, de modo que poderíamos definir a renderização como uma revelação 3D”, afirma.

A renderização, termo procedente do inglês “render”, refere-se portanto ao processo de criação de uma imagem a partir de um modelo e é utilizado freqüentemente em programas de desenho 3D e por animadores e produtores audiovisuais.

Na mesma linha, o termo fazenda procede de outro conceito informático do inglês, “farm”, “e refere-se a um data center no qual se encontram muito servidores interconectados com fibra ótica, gerando uma grande capacidade de cálculo”. Assim, a fazenda de renderização é um agrupamento de vários computadores que repartem a tarefa de renderizar as imagens ou animações modeladas com um programa tridimensional.

Em relação a última palavra, a nuvem, Pérez Alba indica que a vantagem é que “permite que nos conectemos com algo que é um ente, como uma tomada em nossa casa, a qual nos conectamos, mas não sabemos de onde procede esta energia, e se precisamos de mais energia colocamos outra tomada”. Então, “a nuvem possibilita trabalhar a partir de qualquer lugar do planeta e ter acesso a uma capacidade de cálculo temporal ou, simplesmente, se não somos informáticos, poder trabalhar e ter nossos dados sincronizados como ocorre em programas como o Dropbox”.

Redução de custos

Os empreendedores procuram assim oferecer uma aplicação de renderização ou de “revelação”. “Antes, quando fazíamos uma foto com uma câmera e o filme acabava, o levávamos a uma loja. Agora queremos fazer com que as pessoas responsáveis por desenvolver modelos em três dimensões nos enviem esses arquivos em diferentes formatos e, com nossa aplicação carregada na nuvem e dependendo da solicitação do cliente, oferecer como resultado uma fotografia ou um video 3D”, agrega Pérez Alba.

Sobre as vantagens oferecidas pela nuvem neste setor, afirma que permite “uma grande estabilidade” já que, “se em um determinado momento necessita-se uma potência de cálculo da qual esse cliente não posa dispor, seria necessário um grande investimento”, de modo que a nuvem “reduz os ativos que agora possui a empresa”. Outra vantagem, enfatiza, é que o cliente “somente pague pelo que usa”.

“Atualmente o cliente dispõe de servidores para fazer a renderização, mas estes estão subutilizados e, no fundo, fazem com que percam dinheiro. Nossos futuros clientes não precisarão desta infra-estrutura de servidores que as vezes representa um caos de cabos e fios, mas apenas de um computador com acesso à nuvem”, conclui.

Valoriza sua pesquisa

O projeto desenvolvido pelos três empreendedores da Universidade de Valladolid participou no concurso “Valoriza sua Pesquisa” do Parque Científico. O concurso consiste em duas modalidades, sendo que a primeira engloba os trabalhos de fim de curso e a segunda pretende valorizar outros trabalhos científicos, como as teses doutorais. A iniciativa dirige-se a estudantes e pesquisadores da Universidade de Valladolid com o fim de fomentar entre eles o espirito empreendedor e valorizar as pesquisas realizadas. O concurso outorga uma bolsa de 500 euros aos melhores projetos, bem como 25 horas de formação específica para elaborar o plano de negócio e 40 horas de tutorias personalizadas. Ademais, o Parque disponibiliza aos finalistas um local de trabalho dentro de sua incubadora de empresas. Esta ação é realizada a partir do projeto de Transferência de Conhecimento Universidade Empresa (T-CUE), dentro da Estratégia Universidade-Empresa da Junta de Castela e Leão 2008-2013.