Health Spain , Valladolid, Friday, March 14 of 2008, 12:00

"Encontrar um modelo animal para pesquisar a doença representaria uma grande evolução"

Eduardo Arranz, pesquisador do Instituto de Biologia y Genética Molecular e presidente da Sociedade Espanhola de Doença Celíaca

YG/DICYT O professor do Departamento de Pediatria e Imunologia da Universidade de Valladolid e pesquisador do Instituto de Biologia e Genética Molecular (IBGM), Eduardo Arranz, preside desde o passado mês de Dezembro a recém criada Sociedade Espanhola de Doença Celíaca (SEEC), uma nova entidade que nasce com o objetivo de ser ponto de encontro entre profissionais da Medicina, pesquisadores e associações de pacientes. Outra de suas metas é conhecer melhor esta patologia, caracterizada pela intolerância ao glúten (proteína que se encontra de forma natural em certos cereais), somente diagnosticada em 10% dos casos devido, sobretudo, às suas variadas manifestações clínicas.

É precisamente este baixo índice de diagnóstico um dos assuntos que mais preocupa Arranz, que assegura que “Na Espanha não há um estudo ou mapa de prevalência desta doença”. Partindo desta nova sociedade “pretendem potenciar este tipo de estudos”, entre outros objetivos para que os “médicos de Atenção Primária pensem que por trás de patologias como a osteoporose ou a anemia pode estar uma doença celíaca”.

O trabalho de estudo de Arranz centra-se concretamente na imunopatogenia, tratando de determinar “como reage o intestino quando em contato com o glúten e quais são as causas”, para desenvolver novas terapias que possam bloquear e alterar o curso normal desta reação. “Os pacientes celíacos liberam determinadas citocinas que estão relacionadas com as lesões no intestino e que estamos tratando de bloquear”, explica o pesquisador, reconhecendo que ainda estão longe de encontrar a substância que freie as ditas proteínas. 

 

Atualmente o cientista está trabalhando com biopsias de intestinos às quais está administrando glúten para comprovar os efeitos, ao mesmo tempo em que está comprovando a efetividade de certas substâncias para tentar bloquear as citoquinas. O problema, de acordo com Arranz, “é que somente o podemos fazer in vitro” já que “ainda não existe um modelo animal adequado para pesquisar sobre a doença celíaca”. Atualmente se está estudando um tipo de rato que foi criado para o estudo do diabetes e “foi visto que poderia ser útil para avaliar a celíaca”. Se funcionar, “representaria uma grande evolução”, afirma.

 

No campo da pesquisa genética, o cientista refere que atualmente, no IBGM, se estão realizando estudos sobre as manifestações de dois genes (HLADQA1 y HLADQB1), que estão associados ao risco de sofrer a doença em 95% dos pacientes, mas “existem outros genes associados”, assegura, e “conhecer quais são também nos interessa já que hoje em dia a única forma de comprovar que uma pessoa tem esta patologia é após já ter tido contato com o glúten, enquanto que nós gostaríamos de poder predizer se uma pessoa que toma glúten irá desenvolver os sintomas. Conhecer os fatores genéticos nos daria essa informação”, afirma o pesquisador.