Nutrition Spain , Zamora, Monday, November 26 of 2012, 12:14

Estudo analisa se adicionar óleos essenciais à dieta ovina tem efeitos sobre o leite e o queijo

A pesquisa, premiada pela Fundação Científica Caja Rural, averiguará se a adição de substâncias de tomilho e cravo à alimentação das ovelhas melhora a qualidade dos produtos derivados

José Pichel Andrés/DICYT Isabel Revilla Martín, professora da Escola Politécnica Superior de Zamora, recebe no dia 21 de novembro o prêmio da Fundação Científica Caja Rural por um projeto de pesquisa que pretende estudar se adicionar óleos essenciais de tomilho e cravo à dieta das ovelhas tem algum efeito sobre a qualidade do leite e do queijo. A pesquisadora, que pertence à área de Tecnologia dos Alimentos da Universidade de Salamanca, comprovará se os compostos da dieta repercutem no produto que chega ao consumidor.

 

Para este estudo foram escolhidos especificamente dois óleos essenciais, o de tomilho e o de cravo. “Denominam-se óleos porque têm um aspecto oleoso, mas na verdade são um conjunto de substâncias provenientes de plantas como o tomilho, o cravo ou o alecrim, utilizados como aromatizantes e conservantes na cozinha tradicional”, explica a DiCYT Isabel Revilla.

 

Estes compostos sintetizados pela planta são de natureza variada, mas do ponto de vista científico o mais importante é que apresentam atividade antimicrobiana e antioxidante. “Em estudos anteriores comprovou-se que, quando inseridos na alimentação de ruminantes, modificam a atividade digestiva”, indica a especialista. Nos ruminantes a flora microbiana tem um importante papel no momento de fazer a digestão, já que contribui para assimilar melhor os alimentos vegetais ingeridos pelos animais. Os microorganismos “rompem a matéria prima vegetal” em moléculas menores e assimiláveis pelo intestino. Segundo observaram os cientistas, os óleos essenciais podem contribuir com este trabalho melhorando a efetividade da flora microbiana e, definitivamente, facilitando a digestão.

 

No entanto, existem poucas pesquisas que demonstram que isto repercute na qualidade do leite. Estas foram realizadas com vacas e indicam que as mudanças são mínimas, mas em linhas gerais se detectam “mais proteínas, mais gorduras e melhor perfil lipídico”. Em resumo, a qualidade do leite seria um pouco melhor. Este novo estudo pretende comprovar o que acontece no caso das ovelhas.

 

Para tanto, serão selecionadas de 40 a 50 ovelhas pertencentes a uma exploração de Fariza, em Zamora. Os animais se dividirão em dois grupos logo depois do parto: a um será dada alimentação habitual, e a outro se agregará a esta mesma dieta os óleos essenciais de tomilho e cravo. A cada cinco dias os dois grupos serão ordenhados e analisar-se-á as diferenças em laboratório.

 

O aroma dos queijos

 

No entanto, quase todo o leite de ovelha se destina a fabricação de queijo, de modo que os pesquisadores queriam averiguar se neste produto final também é possível notar a diferença. Para tanto, o projeto prevê a elaboração de pequenos queijos nos quais analisar principalmente os compostos orgânicos voláteis, isso é, o aroma.

 

Isabel Revilla destaca a contribuição da Fundação Científica Caja Rural, já que graças ao apoio econômico que proporciona será possível realizar parte da pesquisa prevista. Ainda que, na maioria das vezes, são realizados no próprio Campus Viriato de Zamora, a análise de compostos voláteis tem um alto custo e deve ser feita fora.

 

De modo geral, todo o projeto aborda “um tema muito interessante e pouco estudado”, assegura a pesquisadora da Universidade de Salamanca. Os consumidores exigem níveis de qualidade nos produtos que consomem e uma via é a modificação da dieta do próprio animal. Neste sentido, os criadores têm o respaldo da ciência para comprovar quais são as ações mais efetivas.