Technology Spain , Salamanca, Monday, May 06 of 2013, 17:29

Geologistas da Universidade de Salamanca estudam anomalias magnéticas

Projeto de pesquisa tentará ampliar a informação sobre anomalias magnéticas na península ibérica

José Pichel Andrés/DICYT Um grupo de geologistas da Universidade de Salamanca trabalha no estudo de anomalias magnéticas em diversos lugares da península ibérica que não haviam sido analisados com detalhes até agora. Estas anomalias são produzidas quando alguns tipos de rochas ferromagnéticas interferem no campo magnético terrestre. Dentro da pesquisa básica, estes fenômenos são úteis para conhecer as estruturas geológicas.

 

“A Terra tem um campo magnético que afeta certos minerais de ferro, como a magnetita ou a pirrotita. Estes minerais estão magnetizados, de modo que ao medir-se o campo magnético total do lugar onde estão, o resultado é a soma do campo magnético da Terra com a do que cria estes minerais”, explica a DiCYT a pesquisadora Puy Ayarza.

 

Em Castela e Leão, Castela-Mancha, Portugal e Galicia, existem anomalias magnéticas e o Departamento de Geologia da Universidade de Salamanca se propõe a conhecê-las melhor através de um novo projeto de pesquisa que terá uma duração de um ano. O fenômeno sempre esteve relacionado com rochas profundas que não existem nestas áreas. Assim, “queremos ver que tipo de rocha produz, que idade tem, como provoca estas anomalias e como se produz sua magnetização”, indicam os pesquisadores.

 

As anomalias magnéticas se localizam em amplas extensões e foram capturadas em mapas: desde Lugo até a comarca de Sanabria, em Zamora, ao longo do Sistema Central ou da província de Salamanca até o interior de Portugal, identificam-se anomalias conhecidas há tempos, mas que não foram interpretadas. Por exemplo, “nós podemos ver que uma anomalia é curva, mas não sabemos qual é a causa”, indica o especialista José Ramón Martínez Catalán.

 

Normalmente os geologistas encontram pistas na superfície do terreno para saber o que existe debaixo, isso é, as rochas que afloram servem para adivinhar o que existe nas profundezas. No entanto, neste caso, “não existe uma representação clara na superfície sobre estas anomalias”, que poderiam depender do tipo de rochas ou do tipo de estrutura da crosta terrestre.

 

Para realizar estes estudos são utilizados aparelhos que medem o campo magnético, denominados magnetômetros. Geralmente, o trabalho é realizado a bordo de um pequeno avião ou de um helicóptero, que podem abranger uma grande extensão em um vôo e aproveitar para medir outros parâmetros. Neste caso, o grupo de pesquisa também realizou prospeções a pé para obter dados mais precisos na Galicia.

 

“Os mapas magnéticos informam muito bem sobre as falhas, as fraturas do terreno, de modo que, quando se identifica um mineral em um lugar, a estrutura geológica dá uma idéia de onde se pode encontrar uma jazida”, afirmam os cientistas. As anomalias são boas para encontrar as falhas e são inócuas para todo o resto, “são como a gravidade”, agregam. De fato, sem o campo magnético terrestre não existiria a bússola.  

 

Repercussões econômicas

 

Do ponto de vista das aplicações deste trabalho, é interessante que “uma grande maioria das anomalias estejam associadas a áreas economicamente muito interessantes porque contém urânio, estanho e tungstênio. Descobrindo a origem de anomalias podemos buscar uma explicação sobre a origem destas mineralizações”, comenta Juan Gómez, outro membro do grupo. Muitas empresas mineiras estão interessadas nestes aspectos, mas não entendem bem os modelos e este tipo de estudo é importante para contextualizar toda a informação geológica.

 

Os dados novos aportados por este tipo de pesquisas são incorporados aos mapas do Instituto Geológico e Mineiro da Espanha (IGME). No momento de construir infraestruturas é preciso conhecer a maior quantidade de dados possível sobre um terreno e, de fato, este grupo de pesquisa foi contratado pelas empresas responsáveis pela linha ferroviária da AVE na Galicia. O custo de perfurar um tipo de rocha ou outro para construir um túnel pode ser multiplicado por cinco, de modo que a informação geológica em seu conjunto tem um enorme valor econômico e cada um destes estudos realiza uma pequena contribuição.