Novo método de análise dos compostos antioxidantes do mel
José Pichel Andrés/DICYT Pesquisadores da Universidade de Salamanca desenvolveram um método mais rápido e mais barato para analisar os componentes antioxidantes do mel do que os utilizados atualmente. A proposta, baseada na utilização de técnicas de espectroscopia de infravermelho próximo (NIR), produz análises mais eficientes e, portanto, sua expansão permitiria que os consumidores avaliassem melhor a qualidade de um produto alimentar com propriedades extraordinárias para a saúde.
Um artículo da revista científica Food Chemistry coleta os resultados deste trabalho, que “é realmente interessante porque o mel é um dos produtos naturais mais completos e benéficos para a saúde”, explica em declarações a DiCYT María Inmaculada González-Martín, pesquisadora do Departamento de Química Analítica, Nutrição e Bromatologia da instituição acadêmica de Salamanca.
Os componentes antioxidantes inibem a ação dos radicais livres, moléculas relacionadas com o envelhecimento, a deterioração da saúde e o surgimento de doenças. O mel é especialmente rico em algum destes compostos, como os fenóis, os flavonoides, o ácido ascórbico e alguns minerais, como o cobre.
Contudo, “os métodos tradicionais para determinar a capacidade antioxidante de uma amostra consistem em uma reação com espécies químicas que se comportam como se fossem radicais livres”. Desta forma, “estuda-se o tempo que demora para reagir” e isto significa que “cada amostra poda demorar 12 horas para ser determinada”, indica a especialista. Definitivamente, o procedimento é lento e caro.
Confiança e rapidez
Por outro lado, o grupo de pesquisa de Inmaculada González possui um equipamento de espectroscopia de infravermelho próximo que está desenvolvendo o novo método aplicado especificamente à determinação de compostos antioxidantes do mel. A espectroscopia estuda a interação entre a radiação eletromagnética e a matéria, que resulta na absorção ou na emissão de energia radiante. Desta forma, identificam-se as substancias que compõem uma amostra. “Podemos registrar o espectro de amostras sólidas, pastosas ou de qualquer tipo”, afirma, com um método “simples, rápido e muito fiável”.
Atualmente, o consumidor possui pouca informação sobre o mel. A legislação permite vender mel etiquetado como “de eucalipto”, “de castanha” ou “de urze”, ainda que somente possua 50% do pólen destas espécies e o resto provenha de qualquer outra. Assim, um método barato para determinar de modo exato os componentes poderia ser útil para os produtores que pretendam diferenciar seu produto dos demais.
Relação entre propriedades e procedência
A pesquisa da Universidade de Salamanca foi realizada em colaboração com a Universidade de Vigo e com méis procedentes da Galícia, região em que as etiquetas do mel, precisamente, fazem alusão à procedência do pólen. A questão é importante porque “as propriedades antioxidantes, antiinflamatórias e bioativas dependem do tipo de planta e do lugar em que cresceu, já que o aspecto geográfico e climático é determinante”, comenta.
No entanto, o consumidor ainda não valoriza esta informação porque não tem acesso a ela, provavelmente, devido a que os métodos tradicionais de análises aumentam o preço da inclusão destes dados. Por outro lado, diante da falta de detalhes na etiqueta, os especialistas indicam que uma porcentagem de alguns méis comercializados na Espanha procede do exterior, de maneira que contar com um método rápido de análise também poderia ajudar a manter um maior controle e oferecer mais garantias.
Após desenvolver este método, os pesquisadores da Universidade de Salamanca trabalham também com a análise da própolis, substancia de aspecto similar à cera que as abelhas utilizam nas colmeias e que também possui propriedades antioxidantes muito apreciáveis. Ainda que na Espanha seja pouco aproveitada, na América Latina é utilizada em pequenas quantidades misturada a produtos farmacêuticos ou doces, de modo que também é interessante estuda-la.
Referencia bibliográfica
Olga Escuredo, M. Carmen Seijo, Javier Salvador e M. Inmaculada González-Martín. Near infrared spectroscopy for prediction of antioxidant compounds in the honey. Food Chemistry, 2013. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.foodchem.2013.06.066