Salud Brasil Campinas, São Paulo, Lunes, 10 de marzo de 2014 a las 10:17

Pesquisa encontra associação entre refluxo e bruxismo do sono

Outros fatores podem causar o bruxismo, entre eles diferentes fatores como o aumento da acidez esofágica, desordens do sono como apneia, stress e ansiedade, além do fumo e consumo de cafeína

Simone Caixeta/ComCiência/Labjor/DICYT - Azia e regurgitação ácida são os sintomas mais comuns da doença do refluxo gastroesofágico e, pela primeira vez, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) encontraram uma associação dessa doença com o bruxismo do sono.

 

O bruxismo do sono é uma desordem caracterizada por movimentos rítmicos dos músculos mastigatórios e afeta 8% da população adulta, independente do gênero. Segundo a pesquisadora, Cristiane Machado Mengatto “o bruxismo do sono não é uma condição exclusivamente bucal, mas é uma desordem do sono, uma parafunção que desencadeia uma sequência de processos do organismo, tendo o ranger de dentes e o desgaste dentário como consequências. Daí entra o papel do cirurgião-dentista. É uma desordem abordada pelos cirurgiões-dentistas, embora ainda não se tenha um tratamento efetivo”.

 

A pesquisadora afirma que estudos anteriores já apontavam na direção dessa associação entre bruxismo e refluxo. Indivíduos foram submetidos experimentalmente à acidificação esofágica e verificou-se que a “infusão de ácido aumentava a atividade da musculatura mastigatória, principalmente do músculo masseter”.

 

Embora a causa do bruxismo ainda não esteja completamente esclarecida, acredita-se que diferentes fatores como o aumento da acidez esofágica; desordens do sono como apneia; stress e ansiedade; além do fumo; e consumo de cafeína, podem ser relacionados ao seu mecanismo de ação. Muitos desses fatores também se relacionam à doença do refluxo gastroesofágico.

 

O estudo foi publicado no The Journal of Prosthetic Dentistry e contou com a colaboração de Sérgio Gabriel Silva de Barros, chefe do serviço de gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFRGS, de onde foram selecionados os pacientes portadores de refluxo gastroesofágico. Dentre esses pacientes, a prevalência de bruxismo foi de 73,7%. Uma possível relação discutida na publicação ressalta que, em outras pesquisas, o número de episódios de movimentos rítmicos aumenta quando o pH esofágico apresenta valores abaixo de cinco.

 

O stress foi outro fator observado em 63,2% dos indivíduos portadores da doença. Embora o stress não seja uma causa direta, pode alterar a secreção gastrointestinal e, consequentemente, causar azia e refluxo gastroesofágico.

 

Mengatto ressalta que ainda é cedo para estabelecer uma relação bidirecional. Segundo a pesquisadora “ainda não se pode atribuir uma relação de causa e efeito com o bruxismo”. A pesquisadora acredita que novos estudos irão trazer benefícios não só para a área odontológica mas também para a própria área médica, ao associar desordens relacionadas ao sono, como o bruxismo, às condições sistêmicas, como doenças que aumentam a acidez gastrointestinal.