Alimentación España , León, Lunes, 21 de noviembre de 2011 a las 11:51

Abutre-fouveiro e Abutre-barbudo serão beneficiados com a possibilidade de permitir-se que carniças sejam deixadas no campo

Mais de 50% das aves necrófagas da Europa vivem na Espanha, algumas delas nas Reservas da Biosfera da Cordilheira Cantábrica

RAG/DICYT Com a aparição da encefalopatia espongiforme transmissível aos humanos, a conhecida doença da vaca louca, proibiu-se que as cabeças de gado fossem deixadas no campo pelo possível risco de contaminação desta doença através do contato com outras espécies. Isso prejudicou as aves necrófagas, carniceiras, já que, a partir desta restrição, os únicos lugares em que podiam se alimentar destes animais eram depósitos de lixo ou espaços cercados e submetidos a uma série de medidas de segurança. Isso é, perderam uma fonte de alimentação vital, consistente em comer o gado morto no meio natural. O Conselho de Ministros aprovou na última sexta-feira um Real Decreto que modifica esta normativa - emanada da UE - e elimina a restrição anterior, podendo-se alimentar a estas aves com subprodutos animais nas regiões em que estejam protegidas, sem necessidade de que seja um espaço delimitado. Na Cordilheira Cantábrica, na qual estão declaradas várias reservas da Biosfera, esta mudança legal beneficiará sobretudo os abutre-fouveiro e abutre-barbudo.

 

Após a aprovação do Real Decreto, existem duas possibilidades de alimentação das espécies necrófagas: uma, já aplicada, em depósitos de lixo ou espaços cercados, os quais seguirão funcionando como antes. A segunda, e inovadora, fora de lugares cercados nas regiões de proteção para alimentação de espécies necrófagas, que deverão ser designadas por cada comunidade autônoma, como destaca o texto legal.

 

Nestas regiões incluem-se explorações de gado ou destinadas à caça submetidas a aproveitamento intensivo, nas quais não seria necessário recolher os cadáveres desde que se destinem à alimentação de espécies necrófagas e cumpra-se uma série de requisitos técnicos, como a análise de encefalopatias espongiformes transmissíveis a determinados animais das espécies bovina, ovina e caprina, enfatiza.

 

Aves beneficiadas

 

As principais aves beneficiadas na Cordilheira Cantábrica são o abutre-fouveiro (Gyps fulvus) e o abutre-barbudo (Gypaetus barbatus aureus), pois uma parte fundamental de sua alimentação na região está composta por carniças deixadas pelos pecuaristas, destacou a DiCYT Nicolás López, técnico de Conservação da Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife).

 

A mudança legal também repercutirá de forma positiva em outras aves que, ainda que tenham uma dieta mais variada, também comem carniça, como o Milhafre-preto (Milvus migrans), o Milhafre-real (Milvus milvus), o Abutre-do-egito (Neophron percnopterus) e a águia real (Aquila chrysaetos), que estão presentes em diferentes regiões de Proteção Especial para as Aves (ZEPA, em espanhol) e lugares pertencentes à Red Natura 2.000 dentro deste território.

 

O especialista afirma que previsivelmente, com a possibilidade de deixar animais mortos nestes espaços, diminuirão os ataques que o gado sofria por parte de alguns predadores, como a raposa e o lobo, além de testemunhalmente o urso. “Com a nova lei é certo que se alimentarão de animais mortos, pois para eles é muito mais fácil, já que não têm que gastar energia e envolver-se em conflitos”, agrega.

 

Será potencializada, ademais, a tradicional relação mutualista entre os pecuaristas e as espécies necrófagas, reduzida pela legislação que entrou em vigor há quase uma década. “Não podemos esquecer que as aves carniceiras aproveitam-se dos animais mortos e os pecuaristas, destas espécies, que lhes ajudam a eliminar estas peças”, afirma.

 

Nicolás López afirma que este novo Real Decreto representará também uma economia para os pecuaristas e para a própria Administração, já que reduzirá os gastos, as vezes “muito elevados”, relacionados com a retirada, transporte e incineração do gado morto.