Ciencias Sociales Brasil Campinas, Roraima, Jueves, 23 de octubre de 2014 a las 11:28

Ansiedade e depressão prejudicam a vida sexual de 21% das mães após o parto

O declínio na vida sexual pós-parto interfere na qualidade de vida da mulher e pode gerar conflitos no relacionamento

Patrícia Santos/ComCiência/Labjor/DCYT A vida sexual de um casal muda com a chegada de um bebê devido a diversos fatores. Um deles pode ser a presença de sintomas de ansiedade e depressão durante a gravidez e após o parto.


Em estudo realizado na cidade de São Paulo e publicado no The Journal of Sexual Medicine, 21% das mulheres participantes relataram declínio da vida sexual após o parto comparando com antes da gravidez. Isso se associou com sintomas de depressão na gestação e depois do nascimento do bebê. A pesquisa indica que mulheres com depressão e ansiedade na gravidez e no pós-parto têm três vezes mais chances de relatarem piora na vida sexual.

 

“O declínio sexual impacta na qualidade de vida da mulher de maneira geral, pode levar ao afastamento do casal, conflitos, entre outros fatores”, segundo Alexandre Faisal Cury, pesquisador do departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, um dos autores do estudo junto com Paulo Rossi Menezes da mesma instituição e Hsiang Huang da Harvard Medical School e Ya-Fen Chan da University of Washington Medical School.

 

Falta assistência

 

O estudo alerta que é possível que essas mães não recebam nenhum tipo de assistência em relação à ansiedade e depressão. Mesmo quando não se identifica problemas de depressão e ansiedade nas consultas médicas, questões de sexualidade não costumam ser levantadas. Há, sobretudo, a dificuldade de que profissionais de saúde da rede pública reconheçam e tratem dessas questões, segundo Faisal.

 

Os pesquisadores afirmam que esforços para que a depressão e a ansiedade sejam identificadas pelos profissionais de saúde do sistema público poderão contribuir para preservar a vida sexual e a qualidade de vida dos casais.

 

A maioria das participantes da pesquisa reiniciou a vida sexual por volta de dois meses depois do parto, mas 45% delas havia voltado a ter relações sexuais no primeiro mês. Apenas 4% retomaram após seis meses.

 

Aborto espontâneo é um complicador

 

Outro resultado do estudo é que as mulheres com antecedentes de aborto espontâneo tinham 50% mais chances de piora da vida sexual após o parto, um dado que contradiz estudos anteriores segundo os pesquisadores. O resultado chama a atenção para o abalo psicológico após o aborto e o impacto na vida sexual dessas mulheres.

 

O estudo prospectivo acompanhou um grupo de 831 gestantes atendidas em unidades públicas de saúde da zona oeste paulistana durante um ano e seis meses. As pacientes foram classificadas em quatro grupos conforme a presença de sintomas depressivos e de ansiedade: sem os sintomas na gravidez e no pós-parto; com sintomas apenas no período da gravidez; com sintomas apenas depois da gravidez e com sintomas durante a gravidez e após o parto.

 

Elas responderam diversas perguntas abordando depressão, ansiedade e vida sexual. Uma delas buscava conhecer a percepção dessas mulheres sobre sua sexualidade questionando se ela havia piorado ou não comparando com antes da gravidez.

 

O enfoque do estudo foi analisar a associação entre os problemas emocionais na gravidez ou pós-parto e o declínio da vida sexual, mas esta não é uma via de mão única, como ressalvam os autores. Vida sexual menos ativa que pode levar à ansiedade e depressão pode ser outro caminho de pesquisa no futuro, entre outros.