Nutrition Spain , Palencia, Monday, February 06 of 2012, 14:36

Astrônomo amador de Palencia descreve nova estrela na Constelação de Câncer

Associação Americana de Observadores de Estrelas Variáveis já aprovou a descoberta

Cristina G. Pedraz/DICYT Um amador do Agrupamento Astronômico de Palencia, Alberto Illera, descreveu uma nova estrela na Constelação de Câncer. A descoberta aconteceu no último dia 30 de outubro, quando estudava placas fotográficas do céu realizadas no Observatório Astronômico da Cantabria na primavera. Illera explicou a DiCYT que o astro descoberto tem algumas peculiaridades, pois se trata de uma estrela binária (isso é, que na realidade são duas estrelas muito próximas) de diferente tamanho e luminosidade.

 

O astrônomo amador, que é secretário do Agrupamento de Palencia, detalhou que a observação foi feita “com um telescópio de 40 centímetros e enfocando a Constelação de Orion”. Posteriormente, as placas foram guardadas em um dispositivo informático e através de programas de fotografia diferencial procedeu-se ao estudo da variabilidade de um astro já conhecido.

 

“Estávamos estudando na nova placa uma estrela que já era conhecida, sabíamos todas suas características, seu brilho e sua magnitude, mas depois submetemos aproximadamente outras 50 ao estudo de luz, quando por acaso fizemos a descoberta”, relata.

 

Deste modo, a descoberta acontece “através de um método e um trabalho que não se espereva”. Depois, quando comprovaram que esta estrela não estava nos distintos catálogos oficiais, a remeteram às distintas entidades internacionais para que comprovasse se a descoberta era realmente nova.

 

Características da estrela

 

Os gráficos da estrela descoberta, que está na Constelação de Câncer, indicaram que se trata realmente de duas estrelas em contato que, provavelmente, dividem a mesma atmosfera. Do mesmo modo, por estar tão próximas, “a gravidade mútua as deforma, de modo que não são totalmente esféricas”. Outra característica proporcionada pelos gráficos é que a magnitude lumínica de cada uma delas é diferente, de 14,46 e 15,25, respectivamente, “e é a variação de brilho ao longo de um tempo o que as faz peculiar”. Do mesmo modo, tampouco são do mesmo tamanho, tratando-se de estrelas “que estão trocando atmosfera e que tem sua estrutura alterada pela proximidade uma da outra”.

 

Alberto Illera explica, nesta linha, a diferença entre estrelas binárias e estrelas variáveis. “Uma estrela binária é aquela que quando observada com grandes aumentos, vê-se duas estrelas. Uma estrela variável significa que sua luminosidade varia ao longo do tempo, a intensidade de seu brilho. A estrela que descobrimos tem como peculiaridade ser variável e formada por duas estrelas. A variabilidade de luminosidade faz com que, quando uma gira em torno da outra, as vezes uma ou outra está na frente, variando-se a luminosidade, brilho, que chega a nós na Terra. E esse brilho é o único que podemos estudar no momento”, afirma.

 

Comprovação

 

Recentemente a Associação Americana de Observadores de Estrelas Variáveis (AAVSO, sigla em inglês) aprovou a descoberta realizada pelo astrônomo amador de Palencia. A comprovação deste tipo de descoberta é um processo lento. “Tiramos as placas da Constelação de Câncer na primavera, quando é visível do hemisfério norte, mas evidentemente não tiramos apenas uma placa desta constelação, mas fizemos uma série de distintas constelações das estrelas que fomos estudando”. A descoberta foi comprovada, assim, no dia 30 de outubro do ano passado e enviada à informação à AAVSO para que a constatasse. A Associação Americana determinou que a estrela descoberta por Alberto Illera não tinha sido descrita anteriormente e que seus comportamentos gravitacionais e luminosos não haviam sido estudados. Do mesmo modo, a batizou com o nome cientifico VSXJ08 e suas coordenadas no céu 1442.4+1255.06.

 

Para obter mais dados sobre a estrela, como suas temperaturas concretas, sua distância ou suas velocidades de rotação, deveriam ser realizados estudos avançados “que fogem do nível de amadorismo”, explica Alberto Illera. “Os amadores podem aportar ao mundo científico profissional dados para que logo possam continuar avançando no estudo da astrofísica e do comportamento das estrelas”, afirma, ainda que reconheça que continuará pesquisando com seus próprios meios.

 

“Esperarei a próxima primavera, enfocarei os telescópios no Observatório Astronômico da Cantabria, onde a primeira observação foi realizada e, junto ao colega que estava comigo naquele momento, Javier Ruiz, voltarei a medir o brilho e luminosidade da estrela para observar se suas magnitudes luminosas variam, agregando, assim, informação ao estudo deste tipo de estrelas”, conclui.