Salud España , Salamanca, Viernes, 23 de mayo de 2014 a las 12:35

Avanço científico para modular a sensibilidade à dor

Cientistas do Instituto de Neurociências de Castela e Leão (INCYL) comprovaram, em ratos, o papel de certas proteínas na modulação da dor

José Pichel Andrés/DICYT Cientistas do Instituto de Neurociências de Castela e Leão (INCYL) deram um passo importante para tratar a modulação da dor. Um trabalho com ratos modificados geneticamente que foi publicado na revista científica Journal of Neuroscience confirma a implicação de certas proteínas na sensibilidade à dor e abre a porta a possíveis tratamentos frente à dor crônica.

O laboratório de Juan Carlos Arévalo trabalha há anos com as neurotrofinas, uma família de proteínas que são fatores de crescimento e que desempenham um papel muito importante no sistema nervoso, já que favorecem a sobrevivência dos neurônios, seu crescimento, diferenciação e a interação entre eles e na sensibilidade à dor. Neste trabalho, eles fixaram-se especialmente em uma destas neurotrofinas, denominada NGF (do inglês nerve growth factor), e em seu receptor, TrkA, a quem se une para cumprir suas funções.

“O NGF tem funções distintas durante o desenvolvimento do sistema nervoso e, em adultos, modula a resposta à dor”, explica o especialista em declarações à DiCYT. De fato, mutações no gene TrkA foram relacionadas com uma neuropatia sensorial através da qual alguns indivíduos são incapazes de sentir dor. “Estas pessoas têm mutações que convertem este receptor em inativo e o resultado é que não respondem perante a estímulos dolorosos como o calor ou a dor inflamatória”, comenta o especialista. Esta neuropatia sensorial chega a tal ponto que os afetados poderiam quebrar uma perna e não sentir dor.

O trabalho dos pesquisadores do INCYL consistiu, justamente, em potencializar o fenômeno contrário: foi gerado um receptor mais ativo para comprovar o papel do NGF e do TrkA na modulação da dor. Os ratos modificados com este propósito apresentaram “um acréscimo na sensibilidade à dor por calor, frio ou inflamação”. Além disso, estes animais têm uma maior inervação da pele, mais “antenas que recolhem os estímulos dolorosos”.
Para conseguir este efeito nos ratos, os cientistas modificaram a ubiquitinação do receptor, um processo através do qual uma proteína chamada ubiquitina se une a outras, neste caso, aos receptores TrkA, o que faz com que se degradem. Ao impedir a ubiquitinação, o receptor não se degrada, está ativo durante mais tempo e por isso os ratos têm mais sensibilidade à dor. “O sinal que surge do receptor é mais potente e os animais, frente ao mesmo estímulo, respondem antes e de forma mais forte”, indica Arévalo.

Futuro desenho de moléculas

O resultado é importante porque “se somos capazes de modular esta modificação do receptor, isto é, a ubiquitinação, seríamos capazes também de modular a sensibilidade à dor”, destaca o cientista do INCYL. Os pesquisadores começaram a trabalhar com cultivos de células e experimentos in vitro e, graças ao conhecimento que adquiriram, puderam desenhar os ratos modificados geneticamente com aqueles com quem têm trabalhado nos últimos anos. O seguinte passo seria desenhar moléculas que, efetivamente, permitam modular a dor.

“A dor em si não é má, é uma resposta de alarme frente a um dano ou possível dano”, comenta Arévalo. No entanto, “a dor do tipo crônico, já não é uma resposta a um alarme, mas a transformação em uma patologia”. Por isso, se propõe estudar o papel do NGF e doTrkA nador crônica para tentar buscar soluções.

 

Referência bibliográfica  

 

In Vivo Regulation of NGF-Mediated Functions by Nedd4-2 Ubiquitination of TrkA. Yu T, Calvo L, Anta B, López-Benito S, López-Bellido R, Vicente-García C, Tessarollo L, Rodriguez RE, Arévalo JC. Journal of Neuroscience, 2014 Apr 23;34(17):6098-106. doi: 10.1523/JNEUROSCI.4271-13.2014.