Salud España , Salamanca, Jueves, 17 de enero de 2013 a las 16:25

Dois modelos explicam a propagação da meningite em países desenvolvidos e em desenvolvimento

Universidade de Salamanca prevê o comportamento de um surto da doença graças aos dados reais acumulados em casos prévios

José Pichel Andrés/DICYT A Universidade de Salamanca desenvolveu dois modelos matemáticos que permitem simular a propagação de um surto de meningite meningocócica. Um deles está adaptado às características e aos dados disponíveis nos países desenvolvidos e o outro aos países em desenvolvimento. Este avanço senta as bases dos futuros aplicativos informáticos que seriam de utilidade para que os gestores sanitários adiantem a evolução da doença quando se produz um surto.

 

A meningite meningocócica é uma infecção causada pela bactéria ‘Neisseria meningitidis’ ou meningococo, que afeta às membranas do cérebro e a medula espinhal, ataca principalmente a crianças e costuma apresentar poucos casos, mas muito graves. Diante de sua importância, especialistas em Microbiologia e Matemática da instituição acadêmica de Salamanca trabalham juntos há tempos na busca de modelos fiáveis sobre sua propagação.

 

Ainda que normalmente só existam casos esporádicos, “nos piores pode produzir a morte ou deixar seqüelas, de modo que causa um grande impacto social e alarde nos pais das crianças que conviveram com o afetado”, explica a DiCYT Maria José Fresnadillo, pesquisadora do Departamento de Medicina Preventiva, Saúde Pública e Microbiologia Médica da Universidade de Salamanca.

 

A linha de pesquisa iniciada neste departamento em colaboração com Ángel María Martín del Rey, professor do Departamento de Matemática Aplicada, resultou finalmente em dois modelos diferenciados em função do grau de desenvolvimento sócio-econômico dos países. O motivo desta distinção é que as condições de propagação das doenças dependem muito do contexto em que aparecem. “São modelos distinto porque se baseiam em ferramentas matemáticas diferentes. Nos países desenvolvidos a atenção sanitária é rápida, o controle é eficiente e são tomadas decisões com certa rapidez”, indica o especialista”, o que não acontece nos países que geralmente se conhecem como em desenvolvimento.

 

O modelo para países avançados, que se baseia na informação de casos reais ocorridos em Salamanca, “é matematicamente muito mais complexo, porque leva em conta vários fatores, já que estão disponíveis mais dados”. Esta precisão permite obter previsões relativamente individualizadas quando se sabe com quais indivíduos esteve em contato uma criança que foi diagnosticada, e em quais circunstâncias.

 

Dados da OMS

 

No entanto, “ao mesmo tempo desenvolvemos outro modelo que está especialmente focado em países em que a atenção sanitária é bastante deficiente”, pensando em continentes como a África, onde periodicamente são produzidos surtos de meningite, a incidência é muito maior e o número de mortes registradas é elevado. Neste segundo caso, as tendências obtidas no modelo são mais globais e menos individualizadas, conseguindo uma curva de evolução do conjunto dos pacientes. Trata-se de obter uma aproximação geral de propagação das doenças baseada nos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

 

“Uma das principais conclusões é que o modelo matemático corrobora os resultados empíricos obtidos do ponto de vista médico. Faz-se uma análise estatística e obtém-se uma série de suposições, por exemplo, sobre o papel dos portadores da doença, ainda que não a desenvolvam”, indicam os pesquisadores. Por exemplo, “calcula-se que dentre 10 e 20% da população em algum momento determinado pode ter usa faringe colonizada pela bactéria que é responsável pela meningite e esta população influi de forma importante na propagação da doença”, assegura Fresnadillo. Conhecer e administrar este tipo de informação levaria a um controle mais fiável da doença.

 

Com os modelos gerais, “sabemos que uma porcentagem determinada da população pode ser afetada”, enquanto os modelos mais individuais dos países avançados se aproximam bastante mais do detalhe de como poderia ser afetado cada um dos indivíduos, apesar de que, em última instância, isto depende de “fatores intrínsecos e genéticos”, de modo que não é possível especificar de maneira exata. Em qualquer caso, quando o surto de meningite é produzido dentro de um grupo da população relativamente restrito, como um quartel militar ou uma creche, o modelo matemático é muito fiável.

 

Previsões individuais

 

Avançar ainda mais neste campo dependeria, necessariamente, de previsões individuais, aplicando as matemáticas ao sistema imunológico, mas não é fácil, porque “nem mesmo do ponto de vista médico estão claros os mecanismos da meningite”. Existem doenças de base que propiciam sua aparição e fatores que aumentam esta probabilidade, como o tabagismo (a bactéria penetra melhor na faringe deteriorada dos fumantes), mas está muito longe de converter estes dados em uma fórmula porque há outras variáveis desconhecidas.

 

Até agora o desenvolvimento do modelo foi realizado com um software matemático, mas ainda não foi traduzido em um programa informático específico. “O objetivo futuro é dotar o setor sanitário de uma ferramenta que lhe permita tomar decisões”, indica Ángel Martín del Rey. Contudo, antes de dar esse passo o modelo deve ser consolidado com muitos mais dados reais.