Tecnología España , Valladolid, Jueves, 03 de abril de 2014 a las 14:31

eCall’, o dispositivo que chamará automaticamente ao 112 em caso de acidente de trânsito

Provas do ‘eCall’ na Espanha, uma iniciativa da Comissão Europeia para reduzir o número de vítimas. Será fabricado em série em todos os veículos novos.

Cristina G. Pedraz/DICYT Na Europa, em 2009, houve cerca de 1.15 milhões de acidentes de trânsito. Consequentemente, estima-se que 35.000 pessoas perderam suas vidas e 1.5 milhões ficaram feridas. Consciente deste grave problema e da necessidade de diminuir o tempo de resposta dos servíços de emergência para salvar vidas, a Comissão Europeia deu início ao eCall, o desenvolvimento de um dispositivo que permite realizar uma chamada de emergência automática quando um acidente de trânsito acontece. O objetivo é fabricá-lo em série em todos os veículos novos fabricados na União Europeia.

 

Para desenvolver o sistema eCall, a Comissão Europeia financiou, em 2011, um projeto piloto de três anos, denominado HeERO 1, do qual participaram 39 sócios de nove países com o objetivo de fornecer a infraestrutura necessária para seu funcionamiento. Em 2013, seis novos países aderiram à iniciativa, entre eles a Espanha, para realizar as primeiras práticas no projeto HeERO 2. “Trata-se de demonstrar que o sistema funciona de forma pre-comercial”, explica à DiCYT Francisco Barrientos, responsável pelo projeto no centro tecnológico Cartif, um dos 12 sócios espanhóis.

 

Barrientos detalha as particularidades do dispositivo. “O sistema tem duas funções, uma chamada automática e uma chamada manual. Há um dispositivo instalado no carro que é acionado de forma semelhante ao airbag, que envia uma chamada automática de emergência ao 112 quando algum acidente grave ocorre. Tanto o condutor quanto os ocupantes podem realizar uma chamada manual, por exemplo, quando são testemunhas de algum acidente”.

 

No caso da chamada automática, quando os sensores do dispositivo eCall detectam que houve um acidente, emitem uma chamada que é detectada como “chamada de emergência” por parte da rede de telecomunicações e classificada como prioritária. Na Espanha, a chamada será recibida pela Direção Geral de Trânsito (DGT), por um operador intermediário PSAP (Ponto de Resposta de Segurança Pública ou Public Safety Answering Point, suas siglas em inglês) que enviará a chamada e os dados sobre o acidente ao serviço de emergências 112 correspondente a cada comunidade autônoma.

 

“Uma vez que se passa a chamada de voz ao dispositivo, um pacote de datos com a localização GPS, o tipo do veículo (por exemplo, se é um carro, um ônibus ou um veículo pesado), sua posição ou rota é emitido, de forma que o serviço de emergências recebe uma informação básica sobre o acidente para mobilizar os recursos necessários”, aponta o pesquisador.

 

Provas com motocicletas

 

Em alguns países que formam parte do projeto HeERO 2, tiveram início provas específicas para otimizar o sistema em determinadas condições. Em Luxemburgo, o sistema eCall está sendo testado em veículos pesados, enquanto que na Espanha está sendo analizado em motocicletas. “Trata-se de ver qual é o melhor lugar para colocar os sensores, já que, no caso de uma motocicleta, é mais difícil determinar a gravidade do accidente”, assegura Barrientos, que adianta que estas provas estào acontecendo desde 15 de outubro passado nas comunidades de Madri, Galícia, Valência e Castela e Leão.

 

Em Castela e Leão, Cartif colabora com o serviço autônomo de emergências 112 realizando testes nos limites fronteiriços com Galícia e Madri, para comprovar também o bom funcionamento do sistema nestas áreas. Antes de concluir o projeto, no fim deste ano, acontecerão provas de interoperabilidade em países distintos.

 

Através do sistema eCall, a Comissão Europeia prevê que os serviços de emergência fiquem a par de um acidente de trânsito em torno de 15 segundos depois que ele aconteça. No caso da Espanha, este tempo será de uns 30 segundos levando-se em conta que a chamada terá que passar primeiramente pela DGT. De qualquer forma, os tempos de resposta serão reduzidos significativamente, o que permitirá diminuir em cerca de 5 por cento o número de vítimas mortais e em 6 por cento a gravidade dos feridos. O objetivo é que o sistema seja fabricado em série em todos os veículos a partir de 1 de outubro de 2015, contudo antes o órgão europeu terá que estabelecer a normativa.

Os dados 

 

HeERO 1:
Duração: 3 anos (de janeiro 2011 a dezembro 2013).
Consórcio: 9 países (Croácia, República Checa, Finlândia, Alemanha, Grécia, Itália, Holanda, Romênia e Suécia). Total: 39 sócios.

HeERO 2:
Duração: 2 anos (de janeiro 2013 a dezembro 2014).
Consórcio: 6 novos países (Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Luxemburgo, Espanha e Turquia). Total: 42 sócios.