Salud España , Valladolid, Lunes, 31 de octubre de 2011 a las 12:15

Especialistas estudam a possibilidade de modificar os critérios de diagnóstico da doença celíaca

Eduardo Arranz, de Valladolid, presidente da Sociedade Espanhola da Doença Celíaca, detalha os trabalhos em que a entidade está envolvida

Cristina G. Pedraz/DICYT A Sociedade Espanhola da Doença Celíaca (SEEC) nasceu há quase quatro anos com vários propósitos, como promover a comunicação e a difusão desta doença na sociedade ou o intercâmbio de idéias entre todos os profissionais para aprofundar o conhecimento da doença tanto em suas bases biológicas quanto nos aspectos clínicos, de diagnóstico, terapêuticos e de prevenção. Seu presidente, Eduardo Arranz, professor do Departamento de Pediatria e Genética Molecular (IBGM), explicou em entrevista a DiCYT as atividades em que a SEEC está atualmente envolvida, bem como os trabalhos que estão sendo realizados pelos distintos grupos de pesquisa que a conformam.

 

Pergunta: Em quais atividades trabalha atualmente a Sociedade Espanhola da Doença Celíaca?
Resposta: Estamos preparando o Simpósio que será realizado em Sevilha dentro de um mês, no qual se pretende divulgar os trabalhos que fazemos de forma cooperativa. Um dos objetivos da Sociedade é promover os estudos de pesquisa de distintos grupos que, de outra maneira, seriam realizados individualmente. Espera-se que todos estes projetos realizados sejam divulgados e, obviamente, pedir colaboração e motivar o interesse dos grupos em relação a novos projetos. Ademais, estamos preparando o congresso do próximo ano em Oviedo. Fazemos um congresso a cada dois anos e um simpósio por ano, mais focado nos grupos de trabalho da SEEC.

 

P: Em matéria de docência, quais são os desafios enfrentados pela Entidade?
R:
Vamos encerrar o primeiro curso de Especialista Universitário em Doença Celíaca, um curso organizados pela primeira vez neste ano e de caráter online. Iniciou-se em janeiro e agora, no final de novembro, terminará. Outro dos objetivos da Sociedade no simpósio será divulgar ao resto das pessoas o curso e o que podemos fazer para melhorá-lo no futuro. A SEEC tem como fim a divulgação, o conhecimento e a formação relacionada com a doença celíaca, e o objetivo no futuro é criar um curso de mestrado, mas isto exige muito mais trabalho.

 

P: A SEEC possui sete grupos de trabalho em distintos âmbitos. Quais foram os últimos progressos?
R:
Por exemplo, foram publicados alguns trabalhos de colaboração em genética. Falamos há tempos de um banco de amostras e já estamos obtendo resultados. Neste projeto estão imersos cinco ou seis grupos da SEEC. Também realizamos estudos relacionados com o tema de detecção de glúten nos alimentos. Existem dois grupos muito ativos em Valencia e em Sevilha que estão trabalhando neste tema e que divulgarão resultados no simpósio.

 

P: Um dos grupos de pesquisa da SEEC trabalha com um tema muito atual, a modificação dos critérios de diagnóstico da doença celíaca. Em que consiste esta nova linha de trabalho?
R:
Este tema está dirigido à clínica e é o melhor da sociedade, que abarca temas que vão da biologia molecular, passando pela genética ou o glúten, até a clínica. Cabem todos. Neste sentido, a Sociedade Européia de Gastroenterologia Pediátrica propôs, através de uma série de documentos, mudanças nos critérios de diagnóstico. Até o momento baseavam-se na utilização da biópsia e em uma série de métodos de ajuda, como os sorológicos ou a genética, e agora pretende-se fazer com que todos estes elementos sejam utilizados como marcadores para realizar o diagnóstico e que a biópsia, de certo modo, fique relegada para casos em que não seja possível confirmar de outra maneira. Os pediatras já estão acostumados com isso e quanto têm dados de uma criança que indiquem que é celíaca, quase nunca se enganam. O que nos preocupa é que os critérios devem ser aplicáveis a todos os casos e, portanto, também aos pacientes adultos, e é diferente o diagnóstico em crianças e em adultos, de modo que as vezes os critérios podem variar. Como este tema surgiu neste ano, uma de nossas propostas é fazer um estudo prospectivo entre pediatras e gastroenterólogos adultos para avaliar os critérios de diagnóstico e a eficácia em pacientes com idade pediátrica e em pacientes adultos.

 

P: A biópsia intestinal foi, tradicionalmente, o teste diagnóstico principal. Porque se decidiu mudá-lo?
R: Descobriu-se que as vezes há uma série de marcadores associados, inclusive, a uma biópsia normal. Além de que para muitos pais, em algumas ocasiões, passar pela biópsia é um elemento de angústia. Um fator importante talvez seja que os avanços em outros temas nos últimos anos foram tantos que agora pretende-se utilizar essa informação na prática clínica. Avançou-se em questões de sorologia, em que existe um método muito seguro, eficaz, que discrimina muito bem. Se a genética e os estudo de marcadores genéticos de risco também são relevantes, espera-se que façam parte de todas as ferramentas de diagnóstico, diferentemente do que ocorre em algumas ocasiões, quando é feita posteriormente para confirmá-lo. O problema é que a doença celíaca é tão heterogênea do ponto de vista genético, imunológico e, inclusive, de apresentação na biópsia, que se deve ter cuidado com tudo isso. As vezes existem pacientes que são um verdadeiro teste, pacientes interessantes que rompem um pouco os esquemas. Deve-se impedir que estes pacientes fiquem relegados e isso nos motiva a trabalhar nesta linha.

 

P: Ao criar a SEEC, há quase quatro anos, uma das primeiras iniciativas foi a criação de um banco de amostras. Quantas amostras possui hoje este banco?
R: Temos cerca de 1.800 a 2.000 amostras. O bom é que isto permite fazer estudos próprios ou participar de outros. Agora mesmo os estudos feitos de genética da celíaca são estudos em que participam consórcios. Por exemplo, se juntamos os pacientes do Reino Unido com os pacientes de outro país... conseguimos dar uma solidez importante aos estudos. Além de que as tecnologias utilizadas são caras e não estão ao alcance de apenas um grupo. Avançou-se e foram realizadas duas publicações sobretudo com o grupo do doutor Bilbao do Hospital de Cruces. Ele é “a cabeça” do ramo dos estudos genéticos, tendo por detrás o que denominamos CGEC, o Consórcio para o estudo da genética da doença celíaca, que participa deste artigo.