Salud España , Salamanca, Viernes, 01 de febrero de 2013 a las 12:30

Estudo determinará a expansão de um surto de ‘Acinetobacter baumannii’

Algumas bactérias adquirem resistência aos antibióticos em ambientes hospitalares e os responsáveis sanitários procuram a melhor maneira de solucionar o problema

José Pichel Andrés/DICYT A Universidade de Salamanca começou um estudo que ao longo dos próximos meses tentará explicar como evolui um surto de Acinetobacter baumannii, uma bactéria extremamente resistente aos antibióticos e muito presente nos ambientes hospitalares, sobretudo nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). Os pesquisadores coletarão dados para estabelecer um modelo matemático que revele qual é a melhor forma de atuar para prevenir a epidemia.

 

“Queremos estudar a aquisição de resistência e sob que condições se produz uma epidemia”, afirmam em declarações a DiCYT María José Fresnadillo, cientista do Departamento de Medicina Preventiva, Saúde Pública e Microbiologia Médica da Universidade de Salamanca, e Ángel Martín del Rey, que pertence ao Departamento de Matemática Aplicada.

 

Ambos departamentos participaram da criação de modelos semelhantes para explicar o comportamento de outros surtos de doenças contagiosas em ambientes relativamente limitados, como a meningite meningocócica, e há tempos trabalham no estudo da resistência das bactérias aos medicamentos, mas somente agora conseguiram financiamento da Fundação Samuel Solórzano para colocar em prática a pesquisa sobre Acinetobacter baumannii.

 

O hábitat de máxima higiene de um hospital provoca a adaptação deste tipo de microorganismos, que desenvolvem estratégias para sofrer mutações e sobreviver em um ambiente muito carregado de agentes antimicrobianos, que os armazenam e podem acabar colonizando materiais e aparelhos.

 

A resistência a alguns antibióticos pode ser intrínseca e natural, pelas características do microorganismo em questão, mas constantemente também é uma resistência adquirida, isso é, que a princípio a bactéria é sensível a sua ação, mas posteriormente desenvolve a resistência. “Têm uma grande capacidade para sofrer mutações, adquirindo ácidos nucléicos alheios”, explica María José Fresnadillo.

 

O número limitado de pacientes e pessoal sanitário que pode ter uma UTI faz com que este meio seja especialmente indicado para analisar como se propaga a bactéria e quais medidas são as mais adequadas, conforme as experiências já registradas em casos nos quais se produziu um surto. Por exemplo, qual combinação de antibióticos pode ser a mais adequada ou quais rotinas diárias são as mais eficazes. Entre uns hospitais e outros, podem haver algumas diferenças em protocolos relacionados com usar luvas, lavar as fechaduras de uma porta ou evitar o ingresso de novos pacientes na unidade em caso de surto, pequenas variantes que podem influir na propagação de uma epidemia.

 

Dados registrados

 

A vantagem é que quando se produz um surto, todas as ações ficam registradas e sobre esses dados acumulados em diferentes centros e circunstâncias é possível elaborar o modelo matemático de propagação de Acinetobacter baumannii. Os resultados podem ser de grande utilidade para saber qual é a melhor maneira de manejar estas situações de acordo com as características de cada caso.

 

“O próprio pessoal sanitário pode ser um foco de contaminação”, indicam os especialistas. Assim, alguns resultados preliminares indicam que reduzir os turnos pode ser um fator fundamental para evitar a propagação fora do centro, mas combinar toda a informação disponível é imprescindível para desenvolver um bom modelo.

 

Ademais, os pacientes de uma UTI são especialmente sensíveis a qualquer infecção, já que além de seu estado normal de fraqueza e baixas defesas, geralmente são tratados contra várias doenças ou são submetidos a várias operações, de modo que estão conectados a diversos tubos, cateteres ou sondas, que são pontos de acesso para as bactérias.

 

O modelo matemático de propagação da Acinetobacter baumannii poderia servir para outros tipos de bactérias e converter-se em uma ferramenta informática útil para a prevenção e gestão sanitária. Com o desenvolvimento dos antibióticos, na metade do século XX pensou-se que algumas doenças bacterianas acabariam, mas agora descobriu-se que as bactérias tornam-se resistentes para sobreviver, de modo que a luta e a pesquisa continuam.