Salud España , Salamanca, Miércoles, 28 de julio de 2010 a las 11:53

Estudo do comportamento animal ajuda a entender funções do sistema nervoso

Salamanca recebe na próxima semana um congresso mundial de neuroetologia que reunirá cerca de 1.000 especialistas nesta matéria

JPA/DICYT Neuroetologia é a ciência que investiga o comportamento dos animais do ponto de vista do sistema nervoso. Em muitas ocasiões, o trabalho dos cientistas realiza-se com modelos animais cujas características podem ser posteriormente transferidas ao ser humano, mas cada espécie pode ser mais adequada para um tipo específico de pesquisa, por exemplo, através do canto dos pássaros é possível estudar o desenvolvimento da linguagem. Os maiores especialistas do mundo nestas questões, cerca de mil cientistas, reunir-se-ão em Salamanca de 2 a 7 de agosto de 2010 para celebrar a nona edição do Congresso Internacional de Neuroetologia.

 

Manuel Malmierca, cientista do Instituto de Neurociências de Castilla y León (Incyl), é um dos coordenadores deste encontro científico que procura reunir os pesquisadores mais importantes para “explorar cada modelo animal e analisar uma função vital”, explicou em declarações a DiCYT. O objetivo é “ver como se adaptam os distintos sistemas nervosos e entender como se comportam”, afirma.

 

Um exemplo são as aves e seu sistema de comunicação, porque detrás de seus belos cantos se esconde uma complexa linguagem. Ver como modulam os sons para comunicar-se entre elas pode oferecer informação valiosa. “Algumas aves, como as corujas-das-torres ou as corujas comuns, têm as orelhas assimétricas, uma delas orientada par acima e outra para baixo, ao contrario dos seres humanos, cujas orelhas são iguais. Este tipo de orientação unida as suas características visuais, permite que tenham um controle único sobre tudo o que passa a seu redor e consegam algo tão complicado como caçar no escuro”, declara Malmierca.

 

Ainda que tudo isso pareça muito distante do ser humano para que se possam extrair conclusões valiosas, o especialista assegura que a longo prazo pode ser útil para conquistar avanços contra certas patologias. Por exemplo, a Neuroetologia poderia oferecer pesquisa aplicável a casos como um derrame cerebral que afete algumas funções relacionadas à coordenação dos sentidos. Assim, os insetos são capazes de realizar funções vitais muito básicas com somente poucos neurônios.

 

Por isso, diante da distinção entre Ciência básica e Ciência aplicada que se costuma realizar, Malmierca considera que, na verdade, “toda Ciência pode ser aplicada, é só um questão de tempo”, de maneira que, em sua opinião, seria mais correto falar de “Ciência a curto e a longo prazo”.

 

No Incyl não se realiza este tipo de pesquisa com animais, mas os cientistas podem extrair conclusões e idéias que podem ser úteis. Por isso, neste ano Manuel Malmierca é o encarregado de organizar o congresso mundial que será realizado no Palácio de Congressos de Castilla y Léon, em conjunto com o diretor do Incyl, Miguel Ángel Merchán, e Alberto Ferrús, cientista do Instituto Cajal, do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC).

 

Segundo explica, anglo-saxões e alemães são os cientistas com mais peso no campo da Neuroetologia, ainda que também existam grupos destacados em países como México, Japão ou Austrália. Neste último caso, a distinta fauna australiana contribui para fazer o país especialmente interessante neste campo.