Estudo do peroxinitrito é um caminho para encontrar medicamentos contra as doenças neurodegenerativas
JPA/DICYT Pesquisadores da Universidade de Salamanca e da Universidade da República, em Montevidéu (Uruguai), colaboram no estudo de processos relacionados com as doenças neurodegenerativas e pretendem desenvolver projetos de pesquisa conjuntos. Especificamente, os cientistas uruguaios pesquisam há anos o papel de uma molécula chamada peroxinitrito, que está envolvida em patologias neurodegenerativas e cardiovasculares, segundo explicou Sivina Bartesahi, pesquisadora uruguaia que visitou Salamanca para reforçar a colaboração.
Compreender a atividade biológica desta molécula é importante para conseguir medicamentos capazes de combater as doenças e o Centro de Investigações Biomédicas da Faculdade de Medicina da Universidade da República, ao qual Bartesahi pertence, realizou importantes progressos nesse sentido. “Estudamos a bioquímica do peroxinitrito, que é um agente fortemente oxidante e nitrante, cujas ações tóxicas estão envolvidas em uma grande quantidade de patologias, como as doenças neurodegenerativas e as doenças cardiovasculares, dentre outras”, explicou em declarações a DiCYT.
Este agente provoca alterações diversas na função das proteínas, o que origina processos que ocorrem nas doenças neurodegenerativas, como a formação das placas amilóides, depósitos na substância cinzenta do cérebro característicos do Mal de Alzheimer, “na qual estas proteínas nitratadas têm um importante papel tóxico”.
“O peroxinitrito é um agente crítico no estabelecimento e progressão de muitas doenças”, assegura, de modo que os progressos mais importantes conseguidos por sua equipe de pesquisa, liderada por Rafael Radi, foram estabelecer as propriedades bioquímicas desta molécula e seu impacto sobre a saúde humana, depois de mais de 20 anos de pesquisas.
Isolar a molécula
“Está comprovado que em muitas doenças neurodegenerativas o estresse oxidativo, mediado por esta molécula, é muito importante no momento de determinar a doença, e existem vários estudos em curso nos quais foram testadas distintas moléculas que isolam o peroxinitrito e inibem a formação de nitrotiroxina”, comenta a especialista, que deu uma conferência no Instituto de Neurociências de Castela e Leão (Incyl), pertencente à Universidade de Salamanca.
Atualmente existem experimentos em modelos animais, como ratos e ratazanas, bem como em modelos celulares, nos quais “verificou-se que existem moléculas que são capazes de proteger do dano e melhorar a toxidade mediada por estas moléculas”. Um exemplo é a esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença na qual “conseguiu-se uma melhora com um tratamento baseado em algumas moléculas que são capazes de isolar o peroxinitrito e mediar, assim, o dano que produz”.
Há dois anos o grupo da Universidade da República está em contato com a equipe de Juan Pedro Bolaños, do Incyl, que trabalha no estresse oxidativo e sua relação com a neurodegeneração. “Colaboramos em aspectos relacionados com a degeneração em neurônios e queremos potencializar os esforços para continuar avançando no estudo destas doenças”, indica a cientistas uruguaia, que deseja que as duas universidades se envolvam em projetos concretos para aprofundar “o estudo dos processos associados à neurodegeneração”.