Evidencia-se a eficácia do gado caprino na prevenção de incêndios
Cristina G. Pedraz/DICYT Há quase dois anos a Associação Florestal de Valladolid (Asfova) iniciou um estudo para comprovar, em campo, se o gado caprino era uma alternativa viável à prevenção de incêndios florestais. Após analisar os resultados obtidos, os coordenadores do trabalho determinaram que tanto o acompanhamento fotográfico, quanto a quantificação de biomassa consumida “revelavam a elevada eficiência do gado caprino na prevenção de incêndios, já que a desaparição do combustível vegetal na prática reduz quase totalmente o risco de propagação do fogo”. Segundo explicou a DiCYT um dos técnicos, Miguel Rodríguez Blanco, os resultados conseguidos são semelhantes ao da capinagem mecânica, mas com a vantagem de que o gado permite a manutenção contínua das barreiras de contenção de incêndios.
Esta continuidade é um dos aspectos mais relevantes. “Normalmente, em torno dos caminhos deixam-se áreas com menos vegetação para prevenir incêndios. Então, envia-se uma brigada para reduzir esta intensidade vegetal mas, após dois anos, a vegetação começa a rebrotar e, após 3 ou 4 a vegetação que nasce do solo volta a juntar-se a da copa das árvores, o que impede a prevenção de incêndios”. Voltar a introduzir uma brigada custa, de acordo com os coordenadores do estudo, “três vezes mais por hectare e por ano que recolocar as cabras após dois anos”.
Do mesmo modo, o pasto implica uma alternativa ao trabalho no âmbito rural. Como explica Rodríguez, “se os proprietários particulares oferecem dinheiro ao pecuarista em troca de que o rebanho passe por essa região, obtêm uma fonte de renda a mais dentro de seu trabalho”. Ademais, afirma, “neste ano de estudo nasceram 15 cabritos, o que implica outra forma de exploração”.
No entanto, enfatiza, trata-se de uma técnica que, ainda que seja mais barata, “não compete com o trabalho das brigadas florestais, mas o trabalho com ambas ferramentas pode ser complementado”. Deste modo, por um lado é possível rentabilizar os investimentos em abertura de barreiras de incêndio e faixas auxiliares com brigadas florestais, ao não permitir que a vegetação volte a rebrotar e, por outro lado, a utilização do gado prévia ao trabalho da brigada “pode vir a reduzir as diárias pela metade, com a conseqüente economia e facilitação do trabalho implicado”.
Região do estudo
O estudo, co-financiado pela Fundação Biodiversidade, desenvolve-se nas proximidades de Quintanilla de Onésimo, em uma superfície florestal privada dentro da Rede Natura 2000 denominada El Carrascal.
A vegetação principal da massa caracteriza-se por uma mistura de azinheira (Quercus ilex) e pinheiro-manso (Pinus pinea) com presença de pés isolados de junípero espanhol (Juniperus thurifera) e vegetação arbustiva de cisto (Cistus laurifolius) e, em menor quantidade, tomilho (Thymus vulgaris). Conforme indicam os pesquisadores, a escolha desta área se deve ao fato de que nesta estão sendo realizados tratamentos silvícolas desde o ano 2005. Este fato “permite contar com diferentes estruturas da massa para avaliar e comparar eficácias, o que possibilita o estabelecimento de parâmetros de manuseio exportáveis a outros montes”. Outro elemento decisivo na escolha do monte foi a presença da pecuária especializada em caprino na região, concretamente na Quintanilla de Onésimo.
Novo serviço
Após comprovar a viabilidade deste sistema, Asfova já oferece o serviço aos membros da Associação. “Ao invés de enviar uma brigada mandamos rebanhos se as características do monte são parecidas as do lugar que estudamos. Cobramos 100 euros do proprietário pela alimentação do gado e 50 pela assistência técnica, por exemplo, a comprovação das cercas e se é necessário mudá-las de lugar”, afirma.