Salud España , Salamanca, Jueves, 17 de junio de 2010 a las 15:13

Fasciolose humana chega a 80% de prevalência em algumas regiões do mundo

Fundação Areces premia pesquisa sobre a doença realizada no Centro de Doenças Tropicais da Universidade de Salamanca

NLV/DICYT Em 16 de março a Fundação Ramón Areces entregou as Ajudas à Pesquisa em Ciências da Vida e da Matéria, e uma das pesquisas respaldadas na convocatória doenças raras e emergentes foi sobre Fasciola hepatica, coordenada por Antonio Muro, diretor do Centro de Doenças Tropicais da Universidade de Salamanca (Cietus).

 

De acordo com o pesquisador, que foi entrevistado por DICYT, a fasciolose é uma doença provocada por um parasita denominado Fasciola hepatica, acometendo tanto pessoas como animais, e pode ser catalogada como rara e emergente. No caso da Espanha seria tratada como rara, uma vez que em humanos existem poucos casos e estes se dão por ingestão de plantas comestíveis como agrião ou alface infectadas por um caracol, chegando o verme ao fígado de quem as consome. Nos animais é muito mais freqüente que nos seres humanos já que se alimentam de plantas herbáceas nas que predominam estes caracóis (metacercárias) produzindo, em muitos casos, um nível alto de mortandade de vacas e ovelhas. A prevalência da Fascíola em animais é maior na zona norte da península ibérica, de aproximadamente 30%.

 

Fora de nossas fronteiras esta doença é considerada como emergente e, em outros casos, endêmica – a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima em 17 milhões o número de pessoas que possuem a doença – já que, em algumas zonas do mundo, animais e humanos convivem conjuntamente com as formas infestantes, como é o caso do altiplano boliviano, onde existe uma prevalência da doença entre 80% a 90%. “É necessário que se faça um diagnóstico precoce, senão a doença pode expandir-se quando não-controlada e, além disso, a fasciolose não é uma doença tropical, mas mundial, porque em todos os países detectou-se tanto a humana como animal”, declarou Antonio Muro.

 

Esta pesquisa é a continuação de outras ações iniciadas nos anos 90, que permitiram saber que no parasita existem dois alvos de ação para que se desenvolva uma vacina contra ele: por um lado este microorganismo produz enzimas que digerem as proteínas (proteases) e “abrem o caminho” para que o parasita chegue ao fígado e, por outro, não sintetiza ácido-graxos próprios, obtendo-lhes do hospedeiro, utilizando para tal moléculas transportadoras chamadas FABPs (em inglês fatty-acid-binding proteins). As pesquisas iniciais trabalham com estas moléculas transportadoras de forma recombinada, introduzindo seqüências de material genético não-manipulado de outro tipo de moléculas e adjuvantes que faziam com que o sistema funcionasse melhor. A vacina conseguida através desta técnica alcançou entre 50% e 60% de proteção em ovelhas.

 

A pesquisa atual propõem que na vacina participe mais de uma molécula para assegurar um índice mais elevado de proteção frente à doença. Para isso são utilizadas ferramentas bioinformáticas e seqüências do genoma do parasita que já estão decifradas por outros laboratórios de várias partes do mundo. Estas seqüências servem para prever quais genes podem estar envolvidos nos mecanismos usados pelo parasita para adquirir proteção. “Desconhecemos o genoma completo da Fasciola hepatica e isso é um handicap que nos limita”, declarou Muro. Até agora foram decifradados cerca de 40-50 peptídeos, que estão sendo caracterizados do ponto de vista imunológico para saber algumas de suas propriedades, como, por exemplo, se possuem memória imunológica ou a que tipo de receptores celulares unem-se; os peptídeos sintetizados combinam-se entre si para que se obtenha a melhor resposta imune e, posteriormente, aplica-se a modelos de infecção (roedores) para comprovar a proteção. Esta vacina também pode derivar, no futuro, em uma aplicação para as pessoas. “Primeiro deveria existir uma boa proteção em animais e vacinar as vacas massivamente somente com a vacina recombinante para depois, se possível, vacinar as pessoas em zonas endêmicas”, declarou o pesquisador.

 

Doenças raras e doenças emergentes

 

Doenças raras, também chamadas órfãs, são aquelas que acometem a uma minoria da população que tem um determinado origem genético e que implicam perigo de morte ou de invalidez crônica. Sua prevalência é de menos de 5 casos por cada 10.000 habitantes. Na literatura médica foram descritas entre 6.000 e 7.000 mil doenças raras, e estima-se que entre 4.000 a 5.000 delas não tem cura. Também começou-se a chamar assim às doenças de origem conhecido que recentemente adquiriram caráter epidêmico, maior gravidade ou extensão a regiões nas que antes não existiam. Neste grupo estão incluídas as bactérias, os vírus e parasitas.