Nutrition Spain , León, Tuesday, March 29 of 2011, 17:19

Mudanças responsáveis pelo fim do último máximo glacial são investigadas em dois lagos da província de León

Trabalho internacional pretender clarificar os processos de aquecimento do planeta, como o que ocorre atualmente

Antonio Martín/DICYT Um trabalho internacional no qual participam o órgão equivalente ao CSIC (Conselho Superior de Investigações Científicas) espanhol na França, o Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), as universidades de León e Valladolid e a Assessoria do Meio Ambiente de Castela e Leão, tomaram como base dois lagos no norte da província de León para realizar o primeiro trabalho científico sobre as condições ambientais do final da última idade do gelo ou o último máximo glacial, como se denomina tecnicamente. O trabalho procurou estabelecer as fases de degelo (isto é, da fusão do gelo a partir do último glacial da última glaciação) para poder reconstruir o paleoambiente da Cordilheira Cantábrica entre 48.000 anos atrás e os dias atuais.

 

O objeto de estudo são os paleolagos de Villaseca de Laciana e La Mata, ambos a noroeste da província de León. Estas massas de água se situavam no limite noroeste da bacia mediterrânea e, portanto, em uma zona de transição oceânico-mediterrânea e proporcionam dados científicos do último processo de degelo, produzido entre 20.000 e 18.000 anos atrás. Os lagos se formaram durante a fase de degelo do último período frio. A última glaciação estendeu camadas de gelo na Europa pelo norte das ilhas Britânicas, pela península Escandinava, parte do norte do continente e diferentes sistemas montanhosos como os Cárpatos, os Alpes, o Maciço Central Francês e pela Cordilheira Cantábrica e Pirineus. No extremo mais ocidental e próximo ao meridional desta linha de distribuição encontram-se os paleolagos leoneses.

 

No período entre 48.000 e 32.000 anos atrás, a superfície que ocupam os lagos estava ocupada por um glaciar. Em realidade, “toda a comarca de Laciana estava coberta por uma imensa geleira, a maior da península ibérica, estendendo-se desde o porto de Somiedo até o Páramo del Sil”, explica a DiCYT José María Redondo, do Departamento de Geografia da Universidade de León e um dos participantes do projeto de pesquisa. Na zona que agora ocupa a localidade de Villablino, indica o especialista, “existia uma camada de gelo de até 200 metros de espessura”. O campo de gelo possuía duas línguas desde Somiedo, uma em direção a Babia e outra, a principal, em direção ao Valle del Sil e alcançava Leitariegos, explica o especialista.

 

Entre 48.000 e 13.000 atrás, aproximadamente, três processos de degelo ocorreram, afirma um artigo científico que o grupo de pesquisadores publicou recentemente em Palaeoecogeography, Palaeoclimatology, Paleoecology e cujo autor principal é Jalut, do CNRS. Na última se deram as maiores mudanças na estrutura sedimentar e de drenagem dos lagos, ocasionando a última etapa de degelo. Nesta etapa foi registrado um aumento da temperatura. José María Redondo explica que este processo é importante para a reconstrução paleoambiental daquele período.

 

Conhecer os processos que ocasionaram a retirada dessas geleiras e que permitiu o atual período interglacial “pode ajudar a compreender as mudanças que ocorrem atualmente como algo normal na escala de tempo geológico”, aponta o especialista. Como indica o pesquisador da Universidade de León, “o aquecimento da Terra começou há 40.000 anos, na verdade”.

 

Em seu trabalho de pesquisa, os especialistas usaram métodos de análise polínica para reconstruir as vegetações existentes na zona no período de estudo. Deste modo, sabe-se que durante o último período glacial, as estepes dominavam a região da atual Laciana. Há 15.000 anos, os registros do pólen indicam um ligeiro aquecimento. Durante o Holoceno, época geológica atual, desenvolveram-se florestas de pinheiros e carvalhos na região. De acordo com o trabalho, estas massas arbóreas configuraram a paisagem cantábrica de até 2.000 anos atrás, aproximadamente. A atividade humana (mineração e agricultura) e o fogo os destruíram e favoreceram a expansão de urzedos.

 

A equipe responsável pela pesquisa é multidisciplinar e envolve biólogos, geógrafos e geólogos. Os professores José María Redondo e García de Celis, este último da Universidade de Valladolid, realizaram o estudo do relevo. No caso do CNRS, seus técnicos desenvolveram a análise dos sedimentos para realizar as datações.