Salud España , León, Miércoles, 06 de mayo de 2015 a las 17:27
INESPO II

Novo passo no tratamento de leucemia mieloblástica aguda

Investigadores do instituto de Biomedicina da Universidade de León (Espanha) validam uma ferramenta para prever a resposta ao tratamento com azacitidina

Cristina G. Pedraz/DICYT A leucemia mieloblástica ―ou mieloide― aguda (LMA) é o tipo mais comum de leucemia aguda em adultos. Normalmente, a medula óssea produz umas células chamadas de mieloblastos que, depois de maduras, se tornam granulócitos, células responsáveis pela defesa do organismo contra infecções. Na LMA os mieloblastos proliferam de forma anormal invadindo progressivamente a medula óssea interferindo na produção das células sanguíneas normais.


Uma equipa de investigadores do Serviço de Hematologia do Hospital de León (Espanha) deu um novo passo no tratamento desta doença no âmbito das atividades do Instituto de Biomedicina da Universidade de León (IBIOMED), em colaboração com a Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Castilla y León e com o patrocínio da empresa farmacêutica Celgene.


Como parte de um estudo chamado de ALMA (sigla de ‘Azacitidina na Leucemia Mieloblástica Aguda’), os investigadores projetaram e validaram uma ferramenta capaz de prever a resposta dos pacientes à azacitidina, um dos fármacos indicados para o tratamento desta doença.


Segundo explica Dr. Fernando Ramos, chefe da Secção de Hematologia Clínica do Hospital de León e investigador do IBIOMED responsável pelo estudo, a azacitidina “é um fármaco que atua por meio da reativação de vários genes que se encontram silenciados como resultado da sua metilação (um procedimento químico que apaga a expressão de genes normais)”; portanto, azacitidina “é um agente modificador da epigenética tumoral e atua tanto ao nível de ARN como de ADN”.


O estudo, publicado na revista Leukemia research, descreve como o medicamento é aplicado na prática, qual o efeito sobre a doença, quais os problemas que podem esperar-se dele e, principalmente, quais os pacientes que podem beneficiar-se mais do tratamento. Em primeiro lugar, foi avaliada a resposta ao tratamento e a sobrevivência de 110 pacientes a quem foi administrado o fármaco em vários hospitais espanhóis. Com esta informação, foi desenvolvida a ferramenta que permite prever tanto a resposta ao tratamento quanto a sobrevivência dos pacientes que receberam o fármaco.


A ferramenta foi validada e refinada com toda a informação obtida a partir de outros 261 pacientes tratados com azacitidina em França, Itália e Áustria. “Reunimos a atividade assistencial direta, o que complementa os ensaios clínicos formais. Neste caso, participaram apenas as pessoas menos doentes, o que limita a extrapolação dos seus resultados para todas as pessoas com a doença”, acrescenta Ramos.

 

Quanto às implicações do estudo, o investigador observa que este permitiria fazer melhor uso dos recursos e evitaria “sofrimento inútil tanto àqueles que respondem à azacitidina mas não a outros tratamentos, como a quem se aplica a azacitidina e provavelmente não vão responder”. Em suma, “tornaria possível trabalhar com mais senso comum e dar uma solução para as pessoas que devido à sua idade, doenças associadas ou caraterísticas da sua doença não podem receber tratamentos muito exigente com intenção curativa. A azacitidina mesmo agora não cura a doença, mas prolonga a sobrevivência e melhora a qualidade de vida”, relembra ele.


Doença grave


A leucemia mieloblástica aguda coloca em sério perigo a vida das pessoas doentes e, sem qualquer tratamento medicamentoso, pode levar à morte muito rapidamente. Tem uma incidência anual de uns dois a quatro casos por cada 100.000 habitantes e a idade no momento do diagnóstico é de mais de 65 anos em cerca de dois terços dos casos. Com quimioterapia intensiva e um ocasional transplante hematopoiético, cura-se aproximadamente 40 % dos adultos e 10-20 % dos maiores de 60 anos.


Investigadores do Serviço de Hematologia do Hospital de León e do IBIOMED andam a estudar leucemia mieloblástica aguda desde 1995 e a utilização clínica de azacitidina desde 2008. O estudo ALMA foi projetado em 2010 e o trabalho em hospitais espanhóis começou em outubro de 2011. A pesquisa conta com a colaboração da Dra. Violeta Martínez-Robles, do Serviço de Hematologia do Hospital de León, que dirige José Antonio Rodríguez García.


Os próximos passos nesta linha vão se concentrar em melhorar a capacidade preditiva desta ferramenta através da incorporação de dados moleculares. Desde 2013, os investigadores colaboram com a Unidade de Citogenética Oncológica do Serviço de Oncologia do Hospital Universitário de Salamanca (Espanha), nomeadamente com o Dr. Hernández-Rivas, em um estudo farmacogenómico para esse fim.

 

 

 

Referência bibliográfica:
Ramos, F., Thépot, S., Pleyer, L., Maurillo, L., Itzykson, R., Bargay, J. et al. (2015). “Azacitidine frontline therapy for unfit acute myeloid leukemia patients: Clinical use and outcome prediction”. Leukemia research, 39, 3, 296–306