Health Spain , Valladolid, Friday, February 24 of 2012, 18:15

Novo tratamento aumenta as possibilidades de sobrevivência em pacientes com melanoma metastático

União Européia está prestes a aprovar medicamento dirigido ao gene BRAF, modificado em aproximadamente 60% dos pacientes com câncer de pele

Cristina G. Pedraz/DICYT As possibilidades de tratamento do melanoma metastático aumentaram nos últimos meses através de um importante avanço científico. A União Européia está prestes a aprovar ao menos um novo medicamento para tratar este tipo de câncer de pele, um produto dirigido a um alvo terapêutico: uma mutação no gene BRAF. A comunidade científica internacional já conhecia este gene modificado na maioria dos pacientes com melanoma e, após realizar testes clínicos com um produto dirigido especificamente a ele, constataram um bom resultado de sobrevivência global.

 

Esta importante descoberta foi debatida no dia 23 de fevereiro na Faculdade de Medicina de Valladolid por Eva Esteban Cardeñosa, pesquisadora do Instituto de Biologia Genética Molecular (IBGM), que explicou a DiCYT que o número de pacientes com câncer de pele que poderá beneficiar-se desta terapia é “alto”, concretamente em torno de 60%. “Trata-se de uma terapia dirigida, chamada medicina personalizada. Depende do status mutacional do gene BRAF no paciente, isso é, se apresenta uma mutação, poderá ser beneficiado pela terapia, mas se o paciente é negativo para a mutação, esta não poderá ser aplicada”, detalha.

 

A partir desta descoberta o IBGM concebeu o desenvolvimento de algumas pesquisas sobre estes pacientes. “Propomos desenvolver no IBGM um teste diagnóstico para determinar a mutação nesses pacientes, porque isso será determinante na aplicação ou não da terapia. Queremos realizar uma análise nos tumores dos pacientes com melanoma metastático suficientemente sensível para detectá-lo, que possa beneficiar o maior número possível de pessoas”, afirma a pesquisadora.

 

Eva Esteban Cardeñosa, pesquisadora do IBGM, centro misto do Centro Superior de Investigações Científicas (CSIC) e da Universidade de Valladolid, ofereceram no dia 23 de fevereiro uma conferência neste sentido na Aula Magna da Faculdade de Medicina, dentro do ciclo organizado pela Universidade Permanente Millán Santos, que atende pessoas com mais de 40 anos. A iniciativa pretende revelar e divulgar aspectos de saúde que interessam a este coletivo, ainda que também esteja aberta a todo público interessado.

 

Durante a palestra, a pesquisadora apresentou uma visão geral e atual do panorama do melanoma. Primeiro aprofundou-se na pele, sua anatomia, seu papel, as diferentes camadas e as células que a compõem, passando em seguida à clinica e à genética do melanoma. Finalmente, abordou como se deve prevenir sua apariçao e os fatores de risco conhecidos, bem como os aspectos mais inovadores. “O objetivo da palestra é enfocar o tema do melanoma, que as pessoas tenham consciência dos fatores de risco e de que cuidando um pouco da pele é possível evitar o melanoma ou adquirí-lo em estados precoces, considerando que com uma simples intervenção cirúrgica, e inclusive um pouco de quimioterapia, a mortalidade é muito baixa. O problema ocorre quando não se vigia ou quando é detectado em estados de metástase, o que aumenta muito a mortalidade dos pacientes”, enfatiza.

 

Aumento da incidência

 

O melanoma maligno é um tipo de câncer de pele, e sua incidência na população triplicou nas últimas décadas. Na Europa, afirma a pesquisadora do IBGM, foram detectados aproximadamente 11 casos para cada 100.000 habitantes, ainda que se preveja que uma em cada 100 pessoas possa ser afetada no futuro. A origem do melanoma encontra-se nas células produtoras de melanina, que estão presente não apenas na pele (em 90% dos casos), mas também nos olhos (9% dos casos) e nas mucosas (1% dos casos). Em relação à localização anatômica, nas mulheres é comum nas extremidades inferiores; enquanto nos homens apresenta-se freqüentemente no tronco e nas extremidades superiores. Os riscos de padecer deste câncer podem ser de caráter endógeno, isso é, a predisposição genética, e exógeno, referente a condiçoes ambientais que aumenta, entre 5 e 10%, a possibilidade em pessoas com antecedentes familiares.