Salud España , Salamanca, Martes, 16 de abril de 2013 a las 16:01

Ratos com lesões cerebrais respondem a uma terapia com hormônio do crescimento

Universidade de Salamanca publica um artigo na revista científica ‘Behavioural Brain Research’

José Pichel Andrés/DICYT Uma pesquisa demonstrou a eficiência de uma terapia baseada na administração de hormônio do crescimento combinado com a reabilitação em ratos adultos que possuem uma lesão cerebral. Os animais recuperam suas funções motoras quando o tratamento se inicia imediatamente depois de produzida a lesão, conforme um artigo de pesquisadores da Universidade de Salamanca publicado na revista científica Behavioural Brain Research.

 

Margarita Heredita, cientista do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da instituição acadêmica de Salamanca, membro do Instituto de Neurociências de Castela e Leão (INCyL) e primeira autora da publicação, explicou a DiCYT que esta linha de pesquisa é uma continuação dos estudos realizados por seu grupo nos últimos anos sobre os benefícios dos transplantes neurais em modelos de rato com uma lesão do córtex motor, parte do córtex cerebral que controla e executa os movimentos voluntários.

 

Neste modelo, primeiro se mostra aos animais um comportamento de coordenação motora fina, que consiste em colocar a pata através de um dos buracos da caixa de teste para poder ter acesso à comida situada fora, em um comedor. Uma vez aprendido este comportamento, pratica-se uma lesão por aspiração no córtex motor contra-lateral da mão que utiliza, de modo que, se é um rato destro, lesiona-se seu hemisfério esquerdo e, se é canhoto, o hemisfério direito, já que cada hemisfério cerebral controla a extremidade contrária. Após comprovar que a lesão é efetiva, realizam-se transplantes neurais.

 

Os pesquisadores deste grupo começaram realizando estes transplantes a partir do tecido embrionário da mesma área do cérebro, comprovando que se produzia uma recuperação das funções motoras, e estudaram os mecanismos envolvidos na recuperação através da utilização de diferentes tipos de tecidos doadores não corticais, como o tecido da amígdala ou do núcleo estriado.

 

Pensando em transferir estas pesquisas aos seres humanos, e considerando os problemas éticos e legais associados ao uso de tecidos embrionários, estes cientistas pensaram em abordar outras estratégias. Uma delas foi utilizar astrócitos, um tipo de células gliais, encapsuladas em esferas de alginato, um polímero biocompatível.

 

No entanto, uma mudança na busca de novas estratégias chegou através da colaboração de Jesús Devesa, pesquisador da Universidade de Santiago de Compostela que é pioneiro em tratamentos clínicos com o hormônio do crescimento. “Entramos em contato com ele para aplicar seu método a nosso modelo experimental”, indica Margarita Heredia.

 

Definitivamente, esta nova fase da pesquisa consiste em aplicar o hormônio do crescimento combinado com a reabilitação em ratos adultos condicionados a realizar o teste de coordenação motora fina, lesionados posteriormente por aspiração no córtex motor e nos quais se comprovou a eficiência da lesão.

 

Para realizar os experimentos, dividiram-se os ratos em vários grupos. Em um deles foi aplicado o hormônio do crescimento imediatamente depois da lesão e, em outro, após de seis dias. O resultado, corroborado por outros grupos de animais que servem de controle para o experimento, é que os ratos do primeiro grupo alcançaram uma recuperação funcional do déficit motor e os do segundo grupo não. A reabilitação, que consiste em forçar o uso da mão afetada pela lesão, realiza-se em dois períodos, de 5 a 14 dias depois da lesão e após 30 dias de tratamento com o hormônio do crescimento. Atualmente os pesquisadores pretendem utilizar outros marcos temporais.

 

Mecanismos moleculares

 

Por outro lado, a pesquisa também incluiu estudos imuno-histoquímicos para localizar substâncias envolvidas nestes processos. Uma delas é a proteína glial fibrilar ácida (GFAP), que aumenta após a lesão devido à reação astrocitária produzida na área da lesão.

 

O estudo também se ocupou da nestina, proteína que se expressa durante o desenvolvimento em células progenitoras neurais e que no cérebro adulto é encontrada principalmente nos lugares em que estão as células-tronco, como os ventrículos laterais ou o hipocampo. Este trabalho comprovou que a nestina se re-expressa após a lesão. “Foi encontrada no córtex motor do hemisfério não danificado, o que interpretamos como um indício de plasticidade”, comenta Adelaida Sánchez Riolobos, outra pesquisadora do grupo. Isso é, que “a re-expressão da nestina no córtex contra-lateral do hemisfério não danificado poderia estar mediando a recuperação”.

 

Após esta publicação os pesquisadores da Universidade de Salamanca propõem novos testes nos quais se inicie a reabilitação a partir do primeiro dia de tratamento com hormônio do crescimento, bem como analisar o papel dos receptores do hormônio do crescimento.

 

Referência bibliográfica

 

 

Heredia M, Fuente A, Criado J, Yajeya J, Devesa J, Riolobos AS. Early growth hormone (GH) treatment promotes relevant motor functional improvement after severe frontal cortex lesion in adult rats. Behavioural Brain Research, 2013. DOI: doi: 10.1016/j.bbr.2013.03.012