Alimentación España , Zamora, Viernes, 04 de marzo de 2011 a las 17:24

Seleção e melhora genética de caprinos para evitar incêndios florestais

Associação Européia de Cooperação Territorial (AECT) Duero-Douro e o centro Ovigén estabelecem uma primeira abordagem

Antonio Martín/DICYT Self Prevention é um projeto de reintrodução no do gado caprino, como medida efetiva para a luta contra os incêndios florestais. A organização responsável, a Associação Européia de Cooperação Territorial (AECT) Duero-Douro tem mantido reuniões com diferentes instituições e entidades com o fim de preparar a abertura para as primeiras explorações caprinas neste primeiro semestre de 2011, cujo objetivo principal é a reintrodução de 150.000 cabeças de gado caprino na zona de fronteira entre Espanha e Portugal que vai desde Hermisende (Zamora) à serra de Gata (Salamanca), desde Bragança a Sabugal (Portugal). Para buscar as melhores reses que possam cumprir esta função, responsáveis de Duero-Douro estabeleceram a primeira abordagem com o Centro de Seleção e Melhora Genética do Ovino (Ovigén), para conhecer as possibilidades de melhorar geneticamente raças e adequá-las à este objetivo.

 

“Em matéria de seleção genética pode-se fazer praticamente de tudo, como nos casos da França com o gado caprino ou Estados Unidos com bovino”, explica a DiCYT Carlos Garrido, diretor técnico do Ovigén. Garrido, no entanto, matiza que conseguir alcançar um objetivo genético através da seleção de exemplares ocasiona um investimento importante de tempo e dinheiro: “Estes processos são caros e prolongados”. O especialista indica que é necessário entre “três e quatro anos” para avaliar se uma raça é melhorável geneticamente, isso é, o período de tempo transcorrido entre o cruzamento, a gestação e a cria da descendência selecionada geneticamente.

 

O técnico do projeto Self Prevention, José Manuel Fernández explicou que a origem desta iniciativa é “reintroduzir o gado caprino em uma área 9.000 quilômetros quadrados” entre a Espanha e Portugal na altura de Zamora e Salamanca, entre as zonas de Arribes internacional e a linha até os contrafortes do sistema Central. A associação européia de cooperação territorial que o promove conta com “180 membros”, entre os quais figuram universidades, associações e prefeituras. O objetivo principal é a “prevenção de incêndios florestais” a partir da gestão do gado caprino no monte, “a espécie mais adequada”.

 

Nesta zona, como explica o técnico, os incêndios florestais aumentaram nos últimos anos devido ao “despovoamento, uma vez que este fenômeno ocasionou um abandono nos trabalhos no campo”. O retrocesso na atividade agrícola e pecuária fez com que crescessem as ervas daninhas, combustíveis para os incêndios florestais. A iniciativa Self Prevention não só pretende reduzir o número de incêndios florestais, mas também fixar a população e gerar emprego na zona rural. “Tem uma finalidade social e uma busca pela rentabilidade”, resume José Manuel Fernández. A solução dada é através de uma empresa de círculo fechado, que levaria à mesa os produtos gerados com a gestão do gado caprino: queijos e carne, fundamentalmente.

 

Criada há aproximadamente um ano, Self Prevention conseguiu a cessão de “muitos terrenos” de aproximadamente 50 prefeituras e paróquias espanholas e portuguesas. No aspecto científico colaboram, ademais, a Universidade de Salamanca e o Instituto Politécnico de Bragança.

 

O gado caprino, lembra Fernández, foi extenso na zona de atuação, mas atualmente está em declive. “Os censos indicam que para toda a província de Salamanca existem 17.000 cabeças”. O técnico afirma que, de acordo com a informação proveniente de diferentes cidades visitadas que formam parte da linha hispano-lusitana, os rebanhos de cabras eram grandes em um passado recente. “Em Hermisende havia 5.000 cabras, enquanto atualmente só contamos com umas 100 cabeças”.

 

Alimentação do caprino

 

O gado caprino, indica Fernández, tem um regime alimentar diferente do ovino ou outros gados: não pasta, ramoneia. “Se alimenta de mato inclusive quando existem pastos próximos”, explica o responsável de Duero-Duro. Este tipo de vegetação é a que mais cresce quando as atividades pecuaristas são retiradas de uma área, e permite que um incêndio florestal avance. A distribuição das reses na Espanha e em Portugal, apesar de em localidades próximas, não é homogênea. “Na zona portuguesa há abundância de minifúndios e estes estão pouco modernizados; na Espanha, no entanto, as explorações são mais intensivas e conta-se com raças estrangeiras orientadas à produção de queijos, apesar deste gado não sair ao campo”. O uso do território também é diferente. Muitos terrenos baldios são propriedade das paróquias em Portugal, dos habitantes das cidades. Na Espanha, “a cessão é mais fácil”, devido ao fato de que a titularidade é municipal, não de proprietários particulares.

 

Os contatos estabelecidos com Ovigén estão dirigidos à firma de um futuro convênio de colaboração. O centro de seleção e melhora genética trabalha com quatro raças caprinas que possuem livro genealógico no Ministério do Meio Ambiente, Meio Rural e Marinho. Trata-se da murciano-granadina, a malaguenha, a alpina e a saanen. Nenhuma é autóctone de Castela e Leão ou dos distritos de Bragança ou Guarda. Aqui existem raças com poucos exemplares e “sem reconhecimento pelo esquema de seleção”, segundo Garrido, a verata, a de Guadarrama, as serranas de Portugal e a da Associação da Meseta.