Ciencias Sociales España , Valladolid, Viernes, 22 de junio de 2012 a las 16:21

“Um mecanismo da natureza permitirá extrair energia de um buraco negro”

Miguel Santander, escritor e astrofísico do Observatório Astronômico Nacional, dá uma conferência no Museo da Ciência de Valladolid

Cristina G. Pedraz/DICYT Parece ficção científica e, nesse momento, realmente é. Mas talvez até o final deste século abandonemos as fontes de energia que utilizamos normalmente para substituí-las por um buraco negro, “a fonte de energia mais limpa, eficiente e inesgotável que é possível imaginar”. Assim afirma Miguel Santander, escritor e astrofísico do Observatório Astronômico Nacional, que deu no dia 20 de junho uma conferência no Auditório do Museu da Ciência de Valladolid sobre buracos negros e suas assombrosas possibilidades energéticas.

 

A palestra pretende apresentar o último livro de Santander, O legado de Prometeu, um romance da denominada ficção científica “dura” que é rigorosa com os conhecimentos científicos já adquiridos. “Um dos principais pontos do romance é a possibilidade de utilizar um buraco negro para extrair energia, o que parece sem pé nem cabeça, mas que a natureza permitiria”, afirma.

 

Segundo ele, na natureza “existe um mecanismo que nos permite extrair energia de um buraco negro, de um lugar do qual, inclusive, a luz não pode sair. É um processo descrito pela Teoria da Relatividade descoberta por Roger Penrose nos anos 60 e que basicamente consiste em enviar uma lançadeira em uma órbita rasante ao buraco negro e, sem entrar nele, quando estiver no ponto de máxima aproximação, esta lançadeira soltaria uma carga de lixo, por exemplo, que cai no buraco e, como conseqüência, retém sua rotação”. A lançadeira, assim, “sai rapidamente, acelerando, para logo retornar novamente a mesma estação espacial de onde foi lançada”, indica.

 

No entanto, ainda que tivéssemos hoje um buraco negro a disposição, “com a tecnologia atual seria impossível realizar esta tarefa”, agrega em declarações a DiCYT.

 

Solução à crise energética

 

A estória do livro de Miguel Santander ocorre no final do século XXI, em um mundo “em que o aquecimento global fez muitos estragos, existe uma grande crise energética e os governos e corporações lutam entre si pelo controle da energia”. Nesse contexto, um cientista que descobre um buraco negro próximo, vizinho do Sol, propõe organizar uma viagem “para estudar este processo de roubar energia do buraco negro para solucionar as necessidades energéticas”, explica o autor.

 

Segundo ele, esta seria a fonte de energia “mais limpa, eficiente e renovável que se pode imaginar”. “Limpa porque consiste em jogar no buraco negro algo que pode ser, inclusive, lixo, como resíduos nucleares, que cai no buraco negro e passa a fazer parte dele; eficiente porque com 10kg de lixo teríamos energia para abastecer toda a humanidade por um dia com base no consumo atual; e renovável porque poderíamos continuar jogando lixo e reter um pouco a rotação do buraco negro durante milhões de anos, por mais tempo que a atual idade do Universo”, enfatiza.

 

Durante a palestra, Santander abordará a Ciência contida no livro, dos buracos negros às viagens interestelares, comentando esta forma de extração de energia assombrosa, mas não impossível. Com O legado de Prometeu, Miguel Santander voltou à literatura de ficção científica após títulos como A costela de Deus, finalista do XXI Concurso Alberto Magno em 2009, e A epopéia dos amantes, primeiro prêmio UPC 2012.