Ciencia España , Valladolid, Miércoles, 11 de julio de 2012 a las 12:45

“A Internet é descendente direta das pesquisas realizada no CERN”

Catedrático de Física da Universidade de Valladolid, Mariano Santander, avalia as implicações do recente descoberta do Bóson de Higgs

Cristina G. Pedraz/DICYT Na quarta-feira, 4 de julho, o Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN), localizado em Genebra, divulgou os resultados preliminares da busca da partícula de Higgs através dos experimentos ATLAS e CMS do Grande Colisor de Hádrons (LHC). Conforme afirmam, através destes experimentos observa-se uma nova partícula na classe de massas com 125 a 126 GeV (giga elétron-volts, cerca de 134 vezes a massa de um próton), compatível com o tão buscado Bóson de Higgs. A descoberta do Bóson, uma partícula elementar hipotética cuja existência está prevista no modelo estandarte da física de partículas, mas que até o momento não tinha sido observada, ajudará a esclarecer a origem da massa das partículas, isso é, a identificar os “azulejos” essenciais que compõem a matéria do Universo e, portanto, o próprio ser humano.

 

O catedrático de Física Teórica, Atômica e Ótica da Universidade de Valladolid, Mariano Santander, avalia em uma entrevista concedida a DiCYT a importância da notícia, bem como suas presentes e futuras implicações. “Do ponto de vista da vida cotidiana, está claro que nem hoje, nem nos próximo anos, a descoberta do Bóson de Higgs mudará aspectos de maneira substancial. No entanto, torna possível controlar melhor nosso meio e ser capaz de encontrar soluções a todos os objetivos atuais da Humanidade feitos através da Ciência”, enfatiza.

 

Cientificamente, agrega, a descoberta do Bóson “é extraordinariamente importante porque revela que é correto o modelo padrão de partículas de 50 anos, e um maior conhecimento atual sobre quais são os constituintes fundamentais da matéria do Universo e de como interagem entre eles”.

 

Segundo ele, abre-se agora um terreno “impressionantemente amplo” para estudar “quais são as propriedades reais deste Bóson, além de comprovar quase com certeza que existe”. “Deve-se analisar quais são suas propriedades e isto demandará muito mais trabalho e muito mais experimentação”, indica o cientista da Universidade de Valladolid.

 

Por outro lado, Mariano Santander enfatiza que ainda que a descoberta do Bóson não produzirá, a curto prazo, uma grande revolução na vida cotidiana, a tecnologia necessária para descobri-lo “sim produzirá, e de fato já estão acontecendo mudanças substanciais em nossa vida”. O cientista cita como exemplo a Internet, “descendente direta de um desenvolvimento do CERN”. O criador da World Wide Web (WWW), o físico britânico Tim Berners-Lee, “trabalhava no CERN quando desenvolveu há 20 anos as etapas iniciais do que hoje é a rede, o que modificou em muito pouco tempo nossa vida cotidiana até extremos que eram totalmetne inesperados”.

 

Papel espanhol

 

A Espanha é uma das principais contribuintes do CERN, já que sua contribuição ascende a 8,11% do total das contribuições para o exercício 2012. Neste sentido, o físico da Universidade de Valladolid enfatiza que a participação espanhola nos experimentos foi “bastante importante”. “Acredito que a participação espanhola foi muito importante e que se trata de um país com suficiente nível científico, o que está bastante reconhecido”, agrega.

 

Contudo, “o CERN é um modelo de colaboração científica no qual a procedência nacional se dilui e o que importa é ter pessoas interessadas e comprometidas a trabalhar em um projeto comum emocionante”. Do mesmo modo, Santander insiste que “convém não esquecer onde, quando e porque nasceu todo o projeto, de uma vontade decidida de levar em frente uma colaboração científica entre vários países europeus e de investir no que é preciso investir, ou seja, na Ciência, conhecimento e desenvolvimento, e não fazer investimentos anti-econômicos como os que resultaram na situação de crise atual”.

 

Em relação a como os recortes podem influenciar nas próximas pesquisas, o físico afirma que “revistas como a Nature denunciaram que o recorte na pesquisa científica é uma das medidas mais anti-eficientes que pode ter um Governo”.

 

“Infelizmente, nosso Governo não o vê dessa forma e se engana profundamente pensando que o recorte em pesquisa é algo conjuntural. Se essa política tivesse sido aplicada antes atualmente não teríamos nenhum dos recursos, por exemplo de saúde, do qual dispomos agora. Todas as técnicas de scanner, tomografia por emissão de pósitrons, etc, são subprodutos de pesquisa básica feita há 30, 40 ou 50 anos. A Espanha é um país que, por motivos históricos bem conhecidos, não se manteve na primeira linha científica nos séculos XVIII e XIX, e que durante o XX tinha se destacado. Agora está em um nível aceitável na comunidade internacional e é lamentável o que pode perder, porque o risco é real”, conclui.