Alimentación España , Salamanca, Jueves, 30 de abril de 2015 a las 11:54
INESPO II

À procura da melhor biotecnologia para o tratamento de água contaminada por metais

O Centro de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico da Água (CIDTA) da Universidade de Salamanca é o coordenador científico de um projeto europeu que se propõe a purificação de águas industriais contaminadas com metais

José Pichel Andrés/DICYT O Centro de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico da Água (CIDTA) da Universidade de Salamanca coordena um projeto europeu de quatro anos de duração (2014-2017) que anda à procura de novas biotecnologias para o tratamento de águas industriais contaminadas com metais. Atualmente, investigadores espanhóis, portugueses e franceses estão a estudar no laboratório três processos diferentes para remover os metais da água por meio de diferentes componentes e processos biológicos; proximamente, após o terceiro ano de projeto, serão construídas três plantas de demonstração em três tipos de fábricas, numa do setor mineiro, numa indústria de metalizados e numa indústria cerâmica.

 

“A legislação exige às indústrias que produzem efluentes com conteúdo metálico que disponham dos seus próprios sistemas de tratamento de água na fábrica, pois os contaminantes metálicos das suas águas residuais são altamente tóxicos e não podem ser descarregados ao meio ambiente ou à rede de esgotos, porque, neste caso, se forem para a estação de tratamento municipal correspondente, inibiriam os processos de purificação dos poluentes urbanos”, explica a DiCYT Manuel García Roig, diretor do CIDTA.

 

Apesar de que as indústrias têm em conta estas restrições e já se cuidam do tratamento das suas águas residuais, seria desejável diminuir ainda mais o conteúdo em elementos tóxicos como mercúrio, chumbo e cádmio, de modo que este projeto europeu, denominado 'BIOMETAL DEMOnstration plant for the biological rehabilitation of metal bearing-wastewaters', testa métodos biológicos para alcançá-lo.

 

Em primeiro lugar, a Universidade Complutense de Madrid e a Escola de Minas de Alès (França) trabalham em um processo de bioadsorção de metais, aproveitando a capacidade que têm algumas biomassas para adsorver esses contaminantes na sua superfície, deixando limpa a água que os contêm. Os investigadores trabalham com substâncias procedentes de polpa de beterraba, algas e quitosana ―elemento produzido a partir da quitina, presente no exosqueleto de artrópodes e crustáceos―.

 

Em segundo lugar, a Universidade do Algarve (Portugal), anda a trabalhar com as bactérias que crescem na presença de nutrientes orgânicos em águas ácidas contendo sulfatos metálicos. Estes microrganismos reduzem os sulfatos metálicos, solúveis em água, para sulfetos metálicos, insolúveis. Assim, as águas residuais são purificadas de metais na presença de bactérias.

 

Finalmente, o CIDTA trabalha com “um sistema de bioprecipitação de metais baseado em bactérias capazes de biocatalisar a hidrólise de fosfato-ésteres”, explica o diretor. Este processo que estuda a Universidade de Salamanca é mais sofisticado do que os anteriores e os cientistas encontraram alguns problemas com a enzima ‘fitase’, imobilizada na queratina de resíduos de pêlo de porco. Assim, a pesquisa tomou um novo rumo. “Temos focado num tipo de bactérias isoladas de águas residuais industriais contaminadas com metais e capazes de biocatalisar a hidrólise de fosfato-ésteres”, comenta García Roig. Os cientistas querem verificar a eficácia desses microrganismos para precipitar fosfatos metálicos, removendo os metais das águas.

 

Seleção do melhor processo

 

Ao finalizar os dois primeiros anos de trabalho, em dezembro de 2015, os resultados obtidos com cada método serão comparados e o comité científico do projeto escolherá o processo ou combinação de processos mais eficientes para a construção de três plantas-piloto de demonstração que tratarão águas reais numa escala quase real.

 

Duas delas serão instaladas em Espanha, na empresa de galvanoplastia Goñabe, de Valladolid, e na empresa cerâmica Endeka Ceramics, de Castellón; e uma em Portugal, na Mina de São Domingos. Cada um destes casos tem suas peculiaridades e os últimos dois anos de projeto, até dezembro de 2017, servirão para acompanhar o tratamento da purificação biológica das suas águas em condições reais de funcionamento.

 

Desde o início, a coordenação científica do projeto foi realizada desde o CIDTA, uma vez que a ideia do projeto nasceu em Salamanca, bem como a formalização do consórcio de empresas e investigadores que participam na iniciativa. O orçamento total é de 4,3 milhões de euros, dos quais 2,9 provêm da União Europeia e o resto é fornecido pelos parceiros.