Nutrition Spain , León, Monday, September 27 of 2010, 19:47

Bebedouros e comedouros para aumentar a população de espécies de caça de pequeno porte

Trabalho da Universidade de León demonstra que proporcionar alimento e água em épocas de escassez destes recursos permite aumentar o número de exemplares

AMR/DICYT A instalação de bebedouros e comedouros para perdizes, coelhos e lebres pode ajudar a aumentar as populações destas espécies de caça de pequeno porte, conclui pesquisa de equipe da Universidade de León. O trabalho, realizado em fazendas do município de Valladolid e áreas da comarca de Tierra de Campos (León), demonstrou a influência destes sistemas para aumentar as populações destes animais. Seus últimos resultados foram recentemente publicados no European Journal of Wildlife Research.

 

A pesquisa, desenvolvida em uma zona de pseudo-estepe agrícola, pretende estender-se “à maior parte do território de Castilla y León”, explica a DiCYT um dos pesquisadores do grupo de pesquisa Criação e Gestão de Espécies de Caça do Departamento de Produção Animal da ULE, Vicente Gaudioso. No sub-planalto Norte, amplia zona de plantação de cereais e clima severo, existe “uma deficiência de água no verão e de alimento no inverno” para estas espécies de caça de pequeno porte. A pesquisa, desenvolvida ao longo de dez anos, consistiu na instalação de bebedouros e comedouros nos habitats destes animais para suprir as carências que encontravam na natureza. As fontes de alimento e água eram recarregadas, em geral, uma vez por semana por operários.

 

“O objetivo do trabalho é proporcionar tecnologias de gestão de caça de pequeno porte que melhorem as performances das espécies”, indica o especialista. O pesquisador recorda que, por exemplo, para uma população de perdizes-vermelhas, proporcionar água no verão e cereal no inverno “aumenta sua performance”. Adicionalmente, os cientistas estudaram os efeitos que produziam estas instalações nos predadores naturais destas espécies (como a raposa e o lobo) e a participação do resto da fauna silvestre nestas fontes de alimento e água. Finalmente, os pesquisadores analisaram a atitude das espécies objeto de estudo (perdiz-vermelha, lebre e coelho) frente a diferentes tipos de bebedouro.

 

Deste modo, as perdizes-vermelhas (Alectoris rufa) preferiam as instalações que conformavam espaços abertos, nos que pudessem voar caso se sentissem ameaçadas, enquanto que os coelhos (Oryctolagus cuniculus) e as lebres-ibéricas (Lepus granatensis) preferiam comedouros e bebedouros protegidos por vegetação, nos quais se sentiam mais seguros.

 

Estes trabalhos demonstram que a disponibilidade de alimento e água “melhora bastante a performance natural destas espécies cinegéticas e permite a manutenção de outras espécies silvestres”, explica Vicente Gaudioso. Assim, os cientistas comprovaram que as raposas também utilizavam os bebedouros artificiais. Apesar de que o especialista advirta que na medição da performance de uma espécie de caça “muitos fatores influenciam”, estima que com estas instalações “possamos duplicar ou, em algumas ocasiões, até multiplicar por dez as populações”.

 

Os especialistas usaram no experimento dois tipos de bebedouros, um livre e outro com formato de jaula de 1,5m2. Este último constava de uma rede e um buraco para permitir a passagem de pequenos animais ao seu interior. Dessa forma se evitava a entrada de aves de rapina, predadores ou animais maiores. “Chegamos a observar como os javalis danificavam os bebedouros ao levantar a terra com o focinho na canalização, como se detectassem a entrada de água”, comenta Gaudioso.