Alimentación México , México, Jueves, 08 de julio de 2010 a las 14:25

Biologia molecular aposta no vírus do inseto

A tecnologia desenhada permitirá desenvolver materiais biológicos que não perdem a validade, nem requerem qualquer tipo de refrigeração para manter sua efetividade

Agencia ID/DICYT As vacinas representaram uma das conquistas médicas mais significativas para a humanidade. Desde sua criação até hoje, esses recursos evitaram milhões de mortes no mundo ao conter mais de uma pandemia. A partir do surgimento da primeira vacina (para varíola) no final do século XVIII, os avanços na matéria são vários e a ciência médica continua em busca da prevenção de mais doenças. No entanto, pouco se tinha avançado em matéria de armazenamento destes materiais biológicos, que para sua conservação requerem condições de esfriamento específicas (4 a 6 graus).

 

O desenvolvimento do doutor Luis Alfonso Vaca Domínguez, do Instituto de Fisiologia Celular (IFC) da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), pretende mudar este panorama ao optar pela elaboração de vacinas termoestáveis com cristais protéicos obtidos a partir do vírus que ataca o bicho da seda.

 

Nas palavras do especialista, os agentes infecciosos dos insetos evoluíram durante 50 milhões de anos, desenvolvendo uma cápsula de proteínas (cristal), cujo tamanho não excede as cinco micra (milionésima parte do metro), a qual lhes permite estar expostos à temperatura ambiente e permanecerem estáveis durante vários anos.

 

Em função dessa premissa, o pesquisador universitário decidiu comprovar se a cápsula oferecia as mesmas propriedades de proteção às vacinas. Para tanto, com técnicas de biologia molecular, clonaram e modificaram os genes da proteína do Autographa californica (vírus que ataca o bicho da seda).

 

O material obtido, explicou, foi reproduzido com o propósito de criar as cápsulas em laboratório. Ademais, sua equipe de trabalho desenvolveu os mecanismos de importação (incorporação) da vacina ao cristal, já que somente admite ao vírus que a produziu.

 

De acordo com Vaca Domínguez, a tecnologia desenhada permitirá desenvolver materiais biológicos que não perdem a validade, nem requerem qualquer tipo de refrigeração para manter sua efetividade.

 

Do mesmo modo, afirmou que criarão vacinas mais limpas com a identificação das proteínas do vírus que estimulam o sistema imune a produzir anticorpos; aquelas que forem tipificadas serão colocadas no nanocristal, em lugar de utilizar-se todo o agente infeccioso (como ocorre em vacinas tradicionais).

 

Esta tecnologia de criação de vacinas, indicou, é universal, diante do que pode ser aplicada a vacinas biológicas de origem bacteriana ou parasitária e, teoricamente, em cristal deve funcionar da mesma maneira.

 

Por outro lado, o especialista universitário expôs que ao modificar aminoácidos na estrutura da proteína do Autographa californica é possível modificar a forma e o tamanho do cristal, e com isso controlar o período de liberação da vacina na corrente sanguínea.

 

“Geralmente as cápsulas cúbicas maiores são mais instáveis; assim, se são injetadas intramuscularmente em um animal experimental, em poucos dias desaparece o vidro”, afirmou.

 

Vale mencionar que a tecnologia mexicana conta com patente no Instituto Mexicano de Proteção Industrial (IMPI), graças ao apoio do Instituto de Ciência e Tecnologia do Distrito Federal (ICyTDF).

 

Aplicações

 

Com o propósito de provar a eficácia desta tecnologia, a equipe de trabalho de Vaca Domínguez elabora uma vacina contra a doença de Aujezky ou pseudoraiva, que afeta ao gado porcino e bovino.

 

De acordo com o pesquisador, esta doença é causada por um agente patogênico do herpes que afeta o sistema nervoso central, as vias respiratórias e o aparelho reprodutivo dos animais. A população mais suscetível são as fêmeas e filhotes, de modo que a indústria alimentícia mexicana encontra-se fortemente afetada.

 

Vaca Domínguez reconheceu que no mercado existem vários materiais biológicos para prevenir e controlar a propagação deste mal; no entanto, são vacinas tradicionais de vírus atenuados, os quais não têm as vantagens e tecnologia de ponta desenvolvida por este grupo de pesquisa.

 

Do mesmo modo, o doutor em Ciências Biomédicas tem novos planos para este projeto, entre os quais figura a criação de vacinas úteis à saúde humana contra a amebíase e a influenza AH1N1; razão pela qual, admitiu, procura maior apoio econômico.