Alimentación España , León, Jueves, 04 de marzo de 2010 a las 18:00

Biólogos de León pretendem conseguir linguados e trutas em “barrigas de aluguel” de outras espécies

A meta é transplantar células germinativas de espécies de peixes de interesse científico ou comercial em outras similares com uma técnica criada no Japão

Antonio Martín/DICYT Trutas comuns que nascem de salmões ou linguados cuja mãe é um rodabalho. Parece impensável, mas está nas mãos dos cientistas. Uma equipe da Universidade de León, com a colaboração do Instituto de Ciências Marinhas da Andaluzia, começou um projeto de pesquisa através do qual pretende que a descendência de diferentes peixes não seja de sua mesma espécie, mas de uma parecida. A chave são as células germinativas primordiais, as células-mãe dos gametas. Para aprender a técnica, as pesquisadoras principais viajaram ao Japão no ano passado. Os trabalhos começaram com a identificação e caracterização das células-mãe objetivo.

 

O estudo começou há dois anos, através da concessão de um projeto de caráter nacional. A iniciativa surgiu entre Paz Herráez, cientista do Departamento de Biologia Molecular da Universidade de León, e Elsa Cabrita, quando esta última realizava sua tese doutoral neste centro acadêmico. Atualmente é bolsista do programa Ramón y Cajal no Instituto de Ciências Marinhas da Andaluzia (Icman). Cabrita é a pesquisadora principal de um projeto que envolve ao pessoal que trabalha com peixes do grupo de Pesquisa de Técnicas de Reprodução Assistida.

 

As células germinativas

 

“O objetivo final da pesquisa são as células germinativas primordiais, as células-mãe dos gametas”, explica Herráez. Estas células tem uma função crucial no desenvolvimento do embrião, posto que originarão os espermatozóides ou os óvulos, isto é, o gênero do indivíduo. Em sua fase pluripotente, quando são mais interessantes para a pesquisa científica, aparecem no embrião em um momento determinado diferenciando-se em espermatogônia ou ovogônia, isto é, em direção à produção de espermatozóides ou óvulo. “Quando as obtemos antes de diferenciar-se, tem a capacidade de originar qualquer gameta, masculino ou feminino”, explica a pesquisadora. Ademais, se uma destas células germinativas é injetada em outro embrião extraída de um primeiro, tem a capacidade de localizar o esboço das gônadas, onde se localizará nas seguintes fases do desenvolvimento. “Este transplante deve ser feito em determinadas fases do desenvolvimento para evitar a rejeição e permitir que a migração ocorra corretamente”, indica a cientista. Uma vez localizada a gônada, se o receptor é fêmea, este tipo de célula-mãe formará óvulos e, se é macho, espermatozóides.

 

Com esta operação, o que na verdade se está conseguindo são mães ou pais de aluguel. O receptor reproduz o material genético do doador e terá filhos, portanto, de quem procedem as células germinativas primordiais. Esta particularidade abre muitas linhas de pesquisa, tanto no campo da Biologia como no da Medicina.

 

Este projeto trabalha com dois blocos de espécies, tanto marinhas como de água-doce. Um destes grupos está formado pelo linguado e rodabalho. O rodabalho (Psetta maxima) é muito comum nas peixarias e é obtido na piscicultura sem grandes complicações. O linguado (da família Soleidae) não é tão adaptável a este meio, já que se estressa facilmente, razão pela qual impede-se uma reprodução eficiente para estabelecer-se uma indústria com garantias. O objetivo com a utilização destas dois espécies, da ordem dos pleuronectiformes ou peixes planos, é conseguir que os rodabalhos possam carregar o material genético dos linguados para criar-los em estabelecimentos de piscicultura.

 

O outro grupo de trabalho é a truta comum e arco-íris. Sob esta mesma denominação de truta se agrupam dois espécies de salmonídeos diferentes (Salmo trutta e Oncorhynchus mykiss, respectivamente). A truta comum é autóctone da Europa e comum nos rios de León, a arco-íris foi introduzida do Oriente em todo o mundo para produção. Aqui, o objetivo não é comercial, mas conservacionista. Com a truta comum pretende-se conservar material genético e ter a ferramenta para poder transplantar este material à truta arco-íris.

 

Avanços no Japão

 

O trabalho de transplante de células germinativas de uma espécie à outra é realizado em peixes devido a características próprias destes seres. “Este trabalho também é feito em mamíferos e em aves, mas o desenvolvimento embrionário é mais complexo e as barreiras entre espécies, maior”.

 

No Japão já começaram os experimentos de reprodução assistida, como se denomina a técnica. O sucesso é limitado, mas já se conseguiu testar o salmão do Pacífico como pai de aluguel, e truta. O objetivo final é produzir atum em cavala. O mercado japonês é um dos principais destinos de toda a obtenção de atum mundial. O governo nipônico destinou um importante investimento econômico para alcançar esta meta.

 

Cabrita e Herráez estiveram na primavera de 2009 no Japão aprendendo a realizar o transplante de células. As cientistas aí se encontraram com a equipe japonesa que conseguiu as progênies de trutas em salmão do Pacífico. Este trabalho foi publicado na revista Nature. O responsável é Goro Yoshizaki, da Tokyo Kaiyo Daigaku (ou Universidade de Ciência e Tecnologia Marinha de Tókio). As pesquisadoras espanholas puderam trabalhar nas estações experimentais de Oizumi e Banda, nas que se trabalha com peixes de água-doce e salgada.

 

Antes de iniciar os estudos para levar a cabo o mesmo trabalho na Espanha a equipe de biólogos moleculares quer conhecer bem as células com as que trabalhará. “Estamos na fase de identificar através do estudo da expressão dos genes específicos em que momento do desenvolvimento podemos realizar o transplante e estudando o receptor para ver quais são as melhores condições”. O trabalho será realizado tanto com o linguado (de água salgada) como com a truta comum (de água-doce). No momento atual, as pesquisas estão centradas em descrever, identificar e caracterizar as células dos doadores.

 

No próximo inverno pretende-se concluir a descrição dos genes e a fabricação de ferramentas moleculares para marcar as células objetivo. Estas ferramentas são sondas fluorescentes com as que podemos separar as células das demais. Além disso, se quer testar o transplante a receptores da mesma espécie. Em janeiro, precisamente, ocorre a reprodução da truta comum. As técnicas utilizadas no estudo são muito variadas, desde moleculares a micro-manipulação.