Salud España , Salamanca, Lunes, 07 de marzo de 2011 a las 14:23

“Células-mãe embrionárias e reprogramação celular terão distintas aplicações”

Thomas Graf, do Centro de Regulação Genômica de Barcelona, explica em Salamanca o processo que leva à conversão de um tipo de célula em outro

José Pichel Andrés/DICYT Thomas Graf, coordenador do Programa de Diferenciação Celular e Câncer do Centro de Regulação Genômica de Barcelona, publicou em 2009 um importante artigo na revista científica Cell Stem Cell: conseguia, então, reprogramar algumas células do sangue para convertê-las em outras morfológica e funcionalmente distintas. Seu grupo fez com que linfócitos B, células produtoras de anticorpos, fossem convertidos em macrófagos, responsáveis pela fagocitose de agentes estranhos. Apenas um ano e meio depois, sua linha de pesquisa procura entender os detalhes deste processo que pode significar aplicações prometedoras no campo da terapia celular. Uma delas pode ser a leucemia, como explicou hoje Thomas Graf no Centro de Investigação do Câncer (CIC) de Salamanca, com o que pretende empreender uma colaboração.

 

“Somos capazes de converter uma célula especializada em outra célula especializada e em um tempo curtíssimo, em poucos dias”, explicou o pesquisador em declarações a DiCYT, mas agora o que “queremos é entender o mecanismo”, já que “converter uma célula em outra é um processo muito complexo com muito níveis a estudar-se, por exemplo, como se regulam os genes, como se ativam ou desativam, entre outras implicações a nível biológico”.

 

Por exemplo, obter novos conhecimentos sobre os mecanismos básicos de diferenciação celular é muito importante para entender o câncer, “especialmente no sangue”, acrescenta, uma vez que “muitas leucemias estão relacionadas com alterações da diferenciação e acreditamos que a reprogramação é um sistema ideal para estudar os mecanismos básicos de diferenciação e também suas repercussões”.

 

Fazê-lo usando “um truque”

 

Conseguir fazer com que uma célula se converta em outra “é um truque”, assegura. Para tal, se utiliza um tipo de molécula chamada fator de transcrição, capaz de unir-se ao DNA e que, graças a esta união, é capaz de ativar ou reprimir genes. “Estes fatores de transcrição têm um papel importante durante a diferenciação normal. Como existem diferentes tipos, uns especificam linfócitos, por exemplo, enquanto outros especificam macrófagos. No entanto, se fora de contexto um fator de transcrição que normalmente especifica macrófagos se super-expressa em linfócitos, isso força os linfócitos a converterem-se em macrófagos”, explica. É um processo artificial, “mas que reflete os mecanismos que ocorrem normalmente”.

 

No entanto, as células sanguíneas não são as únicas capazes de reprogramar-se e existem, de fato, muito exemplos, entre “alguns espetaculares”, afirma. Neste sentido, explica a importância que este campo de pesquisa pode ter para a terapia celular. Apesar de ser ainda muito cedo, “se algum dia chegamos a saber o suficiente, seremos capazes de fazer uma biópsia a um paciente e reprogramar suas células, de forma que se diferenciem em algum outro tipo de células que necessite, sem perigo de rejeição”.

 

Neste campo de pesquisa é muito conhecido o caso dos cientistas japoneses que reconverteram células do corpo em células embrionárias. “Isso nos dá esperanças para usar-las em terapia regenerativa, mas o que nós fazemos é diferente, não vamos atrás e, depois, adiante, mas sim passamos diretamente de um tipo de célula a outro”, explica o cientista.

 

Duas vias para a terapia celular

 

Diante da reprogramação celular, que transforma um tipo de célula em outro, a opção alternativa para realizar terapia celular está no uso de células-mãe embrionárias, capazes de se diferenciar em qualquer outro tipo de célula. Apesar de tratar-se de duas vias alternativas, Thomas Graf vaticina que, em um futuro próximo, ambas serão válidas. “As aplicações podem variar, e pode ser que uma técnica seja melhor para algumas doenças e a outra, para outras”, afirma.

 

De origem austríaco-alemã, Graf viveu na Venezuela e, depois de passar por centros de pesquisa da Alemanha e dos Estados Unidos, coordena desde 2006 o Programa de Diferenciação e Câncer do Centro de Regulação Genômica de Barcelona. Sua visita a Salamanca serviu para que oferecesse um seminário de pesquisa e para estabelecer um primeiro contato com especialistas do Centro do Câncer, com linhas de pesquisa que possam estar próximas às suas. “Não me surpreenderia que com esta visita começássemos alguma colaboração, apesar de ser ainda cedo”, afirma.