Salud España , Salamanca, Miércoles, 04 de enero de 2012 a las 15:40

Cientistas do Incyl desenvolvem técnicas para medir o olfato de ratos

Pesquisadores pretendem comprovar como transtornos do sistema nervos como a ataxia cerebelar pode afetar o olfato e como é a recuperação com as terapias desenvolvidas

José Pichel Andrés/DICYT Pesquisadores do Instituto de Neurociências de Castela e Leão (Incyl) da Universidade de Salamanca são pioneiros no desenvolvimento de técnicas para medir o olfato em ratos de laboratório. Estes testes são muito úteis para comprovar se certas doenças do sistema nervoso afetam a capacidade de sentir odores, um aspecto considerado por poucos grupos de pesquisa no mundo. Concretamente, os cientistas de Salamanca trabalham com ratos modificados geneticamente para estudar a ataxia cerebelar, uma doença que afeta o controle dos movimentos.

 

“O sistema olfativo é complexo, somos pioneiros no desenvolvimento destes testes”, afirma em declarações a DiCYT Eduardo Weruaga, cientista do Incyl que trabalha junto ao Instituto Pasteur, da França, para realizar estes experimentos. A principal linha de pesquisa de seu grupo é o transplante de células da medula óssea para paliar a ataxia cerebelar, um caminho que está dando bons resultados de modo geral, ainda que existam aspectos particulares, como o olfato, que os pesquisadores não sabem como avaliar.

 

A questão é saber se os ratos sentem cheiros ou não e determinar possíveis diferenças entre os saudáveis, os doentes não tratados e os doentes que receberam o transplante. Trata-se de um ponto “bastante complexo de determinar, porque com uma pessoa é possível fazer um experimento deste tipo e pergunta se sente o cheiro de algo ou não, mas a uma animal não é possível perguntar”, afirma o pesquisador.

 

Como em outros tipos de provas sensitivas, como a percepção das cores, este tipo de experimento com animais deve basear-se em provas associadas ao aprendizado. “Se sentem um determinado cheiro, recompensamos os animais e com isso eles aprendem. A partir de enato inferimos que quando não respondem a essa recompensa, é porque não sentiram nenhum cheiro”, comenta.

 

Os cientistas que mais avançaram neste campo utilizam máquinas chamadas olfatômetros e os pesquisadores do Incyl, em colaboração com o Instituto Cajal de Madri (centro do CSIC), construíram uma semelhante as utilizadas pelos franceses do Instituto Pasteur. O aparato tem pequenos tubos pelos quais circula o ar, nos quais se colocam odores a partir de óleos através de um mecanismo automatizado. “De modo muito preciso, deixamos passar ar com um determinado odor por um lugar, mas é preciso ensinar o rato a cheirar no lugar adequado, a apresentação do odor tem que ser muito concreta, de apenas alguns segundos”, indica. A recompensa é água, já que durante o tempo que dura o experimento a bebida é restringida.

 

Existem distintas apresentações de cheiros e os animais aprendem que serão recompensados se existe um cheiro determinado. Através de um sistema com células fotoelétricas, fica registrado se o rato respondeu como esperado ou não. Os cientistas aplicam o odor cada vez em concentrações menores para analisar a agudeza olfativa. Do mesmo modo, misturam-se odores muito parecidos para que aprendam qual é o da recompensa, até o momento em que alguns animais distinguem o cheiro que leva a recompensa, e outros não.

 

Recuperação parcial do olfato

 

O objetivo é aplicar esta técnica no estudo da ataxia cerebelar e os pesquisadores já comprovaram que os animais sadios são capazes de sentir odores melhor que os transplantados, mas que os transplantados sentem odores melhor que os doentes não tratados, de modo a evidenciar uma recuperação parcial do sentido do olfato graças ao transplante de medula óssea.

 

Em pacientes humanos que sofrem de ataxia cerebelar também existe uma perda de olfato conhecida como anosmia. No entanto, os pesquisadores enfatizam que a ataxia cerebelar humana não é exatamente igual a dos ratos modificados geneticamente. 

 

Ademais, o sentido do olfato costuma ter pouca importância e quase sempre associa-se a outras doenças. Em todos casos, conhecer estes aspectos é muito útil para entender esta doença e outras do sistema nervoso. Por exemplo, sabe-se que no Alzheimer o olfato também é afetado, ainda que não de modo imediato.