Salud España , Salamanca, Martes, 31 de enero de 2012 a las 14:14

“É necessário fazer estudos genéticos para tratar o alcoolismo”

David Rodríguez, especialista em alcoolismo, adverte que os tratamentos farmacológicos atuais não são eficazes em 60% dos casos

JPA/DICYT Francisco David Rodríguez, cientista do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade de Salamanca, ofereceu no dia 27 de janeiro um seminário de pesquisa no Instituto de Neurociências de Castela e Leão (Incyl), com o objetivo de motivar os jovens pesquisadores a estudar o problema do alcoolismo do ponto de vista científico e contribuir, assim, para melhores tratamentos.

 

Quase 60% dos alcoólicos não se tratam porque não existem terapias bem-sucedidas”, isso é, não há um tratamento definitivo, “mas isso não significa que não sejamos capazes de desenhar tratamentos que possam paliar ao menos em parte os efeitos”, comenta em declarações a DiCYT. “O problema é que o álcool afeta muitos mecanismos cerebrais de neurotransmissão de distintas maneira, e não é fácil revertê-lo com apenas um medicamento, de modo que é importante estimular a comunidade científica a trabalhar neste campo, experimentando a nível básico para que logo seja possível passar a fases clínicas de desenvolvimento de medicamentos e outras terapias”, afirma.

 

“Atualmente, somente possuímos dois ou três tratamentos que apenas são efetivos em populações parciais de alcoólatras, precisamos pesquisar os fundos genéticos para desenvolver medicamentos individuais. O campo da farmacogenética é importante no alcoolismo”, afirma. O alcoolismo é uma doença “muito complexa, crônica, progressiva no tempo e individual, isso é, não existe alcoolismo, existem alcoólatras”, declara o especialista, autor do livro “Álcool e cérebro”.

 

O objetivo da conferência foi falar do efeito do álcool sobre o cérebro em relação aos mecanismos bioquímicos e neurológicos, assim como o impacto social. “Quero confrontar dois aspectos irreconciliáveis, os fatores sociais e os mecanismos neurológicos. Tenho interesse especial em motivar os que iniciam sua carreira na pesquisa em um campo no qual é imprescindível pesquisar”, declara.

 

“O álcool produz 4% de mortalidade no mundo”, assegura, um dado que dá uma idéia do grande impacto do seu consumo. No entanto, “ficamos com frases feitas, como a de que beber álcool moderadamente é bom para a saúde, que chegam à população geral, mas é preciso analisá-las”, afirma.

 

Para reverter o problema, o mais importante é a prevenção, afirma. “Os efeitos do álcool costumam ser de longo prazo. O consumo progressivo e crônico afeta o cérebro e outros órgãos, como o fígado, o orgão encarregado de metabolizá-lo, mas não temos a percepção direta desse dano por ser de longo prazo”, agrega.

 

Por isso faz uma advertência contra as mensagens tolerantes, “eu não afirmaria que o álcool consumido de modo moderado é bom para a saúde, é grande o risco que existe e os supostos benefícios do álcool são muito menores do que os danos que pode produzir, de modo que não recomendo o álcool nem moderadamente”, afirma.