Alimentación Brasil Campinas, São Paulo, Lunes, 06 de junio de 2011 a las 13:35
Ciência e Tecnologia

Escócia usará correntes marítimas para gerar eletricidade

A produção de energia elétrica por aproveitamento das correntes marítimas, que mais parecia um sonho futurista, começa a se tornar realidade.

ComCiência/Labjor/Antonio Buonfiglio/DICYT A produção de energia elétrica por aproveitamento das correntes marítimas, que mais parecia um sonho futurista, começa a se tornar realidade. As águas em movimento no mar têm energia cinética que pode ser capturada por turbinas semelhantes às turbinas eólicas e transformada em energia elétrica.

 

Recentemente, a SPR (empresa escocesa de energia renovável, na sigle em inglês) obteve do governo do país a aprovação para instalar um parque marítimo de produção de energia elétrica de 10 MW no canal que separa a Ilha de Islay da de Jura, na costa oeste da Escócia. Aproveitará a velocidade das águas naquela região para a produção de eletricidade.

 

O parque será formado por dez turbinas de 1MW cada e terá capacidade para atender a ao dobro da demanda atual de energia da ilha de Islay – famosa pela produção de whisky – atualmente com cinco mil residências . As primeiras turbinas deverão ser instaladas no início de 2013.

 

A tecnologia para esse tipo de turbina vem sendo desenvolvidas há anos por algumas empresas. Um desses protótipos, de 300KW, foi instalado no mar da Noruega em 2004 eoperou por seis anos. Turbinas semelhantes de maior potência serão instaladas no projeto da Escócia.

 

Segundo os fabricantes, essas turbinas devem ser instaladas em águas de profundidade de quarenta a cem metros, operando com correntes de velocidade superior a 2,5 metros por segundo ou 9 quilômetros por hora. Devido à grande densidade da água, as hélices dessas turbinas têm o comprimento de 18 metros, muito menores que as hélices das turbinas que aproveitam a energia dos ventos. São projetadas para girarem à baixa velocidade, entre seis e oito rotações por minuto, de forma a não oferecerem riscos às espécies marinhas. O funcionamento das turbinas não gera poluição sonora ou visual.

 

Alguns estudos consideram que as correntes marítimas são mais previsíveis que os ventos , oferecendo uma boa confiabilidade para esse tipo de geração de eletricidade. Num futuro próximo, o aproveitamento da energia das marés e das correntes marítimas poderia atender a 20% do total da energia elétrica consumida no mundo.

 

O oceanógrafo Eduardo Marone, da Universidade Federal do Paraná, lembra que para o aproveitamento das correntes marinhas, além de fortes correntes como as relatadas na Escócia, é preciso que estas sejam “relativamente permanentes ou mantenham altos valores na maior parte do tempo e em áreas no muito reduzidas”. No Brasil, correntes velozes são observadas na foz do rio Amazonas e na baía de São Luís (MA), por exemplo. “Há registros pontuais de correntes superiores a dois metros por segundo em vários locais do país”, afirma. Mas pondera que “ou esses valores são excepcionas ou os locais onde acontecem poderiam não ser muito apropriados”, como canais de navegação.

 

Segundo o oceanógrafo, o maior potencial brasileiro de geração de energia elétrica a partir oceanos pode estar no aproveitamento da energia das marés (como em São Luís), seguido das ondas e das plantas Otec (conversão de energia térmica oceânica, na sigla em inglês), que usam o gradiente vertical de densidade (temperatura e salinidade) para gerar eletricidade.