Alimentación España , Burgos, Jueves, 10 de marzo de 2011 a las 13:55

Estuda-se o uso de fluídos supercríticos para obter concentrados naturais de Omega 3

Tese da Universidade de Burgos descreve parâmetros para a extração destes óleos a partir de subprodutos da pesca

Antonio Martín/DICYT Uma tese apresentada na Universidade de Burgos estudou a obtenção de concentrados naturais de Omega 3 a partir de subprodutos do peixe. Este trabalho, realizado pela pesquisadora Nuria Rubio e que tem como título “Aplicação da tecnologia de fluídos supercríticos na extração, concentração e formulação de óleo de peixe rico em Omega 3. Uma nova estratégia para a revalorização de subprodutos do peixe”, foi dividido em três partes de acordo com as diferentes etapas do processo: em primeiro lugar, realizou-se a extração do óleo do peixe, utilizando-se dióxido de carbono em condições supercríticas; um fracionamento do óleo na saída do extrator permite a obtenção de uma fração levemente concentrada em Omega 3. A segunda etapa da reação enzimática em meio ao dióxido de carbono supercrítico da fração de óleo mais rica em Omega 3, obtida na primeira etapa, permite conseguir uma concentração mais rica. A separação dos produtos da reação se realiza mediante fracionamento por diferença de solubilidades dos distintos produtos em dióxido de carbono. Por último, estudou-se a microencapsulação do óleo de peixe rico em Omega 3 dentro de uma matriz sólida de um carboidrato através da tecnologia PGSS-drying com dióxido de carbono a altas pressões. Como matéria prima utilizou-se diferentes subprodutos da indústria da pesca.

 

Os ácidos graxos poliinsaturados Omega 3, em especial EPA e DHA, adquiriram grande importância na sociedade atual devido a seus efeitos positivos na prevenção e tratamento de diversas doenças coronárias (hipertriglicemia, infarto do miocárdio, insquemia cerebral...), inflamatórias (asma, artrite...) ou alguns tipos de câncer. Por esta razão, e pela crescente demanda de suplementos nutricionais e alimentos enriquecidos com Omega 3, o grupo de pesquisa em Engenharia Química e Alimentos (Iqual) concebeu a necessidade de motivar uma nova linha de pesquisa destinada ao desenho de processos de obtenção de concentrados ricos em Omega 3 de alta qualidade, mais eficazes, seguros e competitivos que os produzidos atualmente.

 

“Uma das tecnologias emergentes com que trabalhou o grupo de pesquisa é a tecnologia de fluídos supercríticos”, indica a DiCYT Nuria Rubio. A equipe de pesquisa conta com uma experiência de mais de uma década neste âmbito. Um fluído supercrítico é o estado intermediário, o meio do caminho entre o gasoso e o líquido, que pode alcançar uma substancia quando está sob condições de pressão e temperatura acima de seu ponto crítico. Iqual trabalha concretamente com dióxido de carbono (CO2), que oferece interessantes vantagens do ponto de vista industrial, já que é um excelente dissolvente de compostos pouco polares, como o óleo de peixe, tem um ponto crítico moderado (31 graus de temperatura e 73 bar de pressão), é inócuo, fácil de conseguir com elevada pureza, e econômico.

 

“Gás inócuo”

 

Atualmente, ácidos como o Omega 3 são obtidos normalmente em forma de ésteres etílicos e mediante processos de separação convencionais que em algumas ocasiões implicam “o uso de altas temperaturas e de dissolventes orgânicos”, explica Nuria Rubio. O trabalho de pesquisa, financiado em suas origens a partir de um projeto do Plano Nacional do Ministério da Ciência e Inovação e atualmente pela empresa Pescanova, pretende a obtenção destes ácidos graxos (de valor incorporado na indústria de alimentos e farmacêutica) em forma de acilgliceróis, mais estáveis frente à oxidação e mais fáceis de metabolizar, e através de um processo que utiliza baixas temperaturas (que não ultrapassam quarenta graus Celsius) e CO2, “um gás inócuo que não deixa resíduos”.

 

O trabalho de pesquisa começou com a caracterização de subprodutos do peixe procedentes do setor pesqueiro. A empresa Pescanova proporcionou restos do processo de fatiamento de peixes, fundamentalmente peles com um pouco de músculo anexo, para determinar a quantidade e qualidade do óleo que pode ser extraído deles. Os pesquisadores da Universidade de Burgos avaliaram peles do peixe rosada (Xiphiurus capensis), olho-de-vidro-laranja (Hoplostethus atlanticus), merluza (Merluccius merluccius) e salmão (Salmo salar). “Entre todos estes subprodutos, os que melhores resultados ofereceram pela qualidade e quantidade de Omega 3 foram as peles de merluza e salmão.

 

Processos de extração, concentração e formulação

 

Na segunda fase, a pesquisa focou-se no estudo da influencia de distintos parâmetros do processo para extração destes óleos utilizando dióxido de carbono em condições supercríticas. Este aspecto supõe uma importante novidade para a indústria. “Não existe um processo semelhante na indústria da pesca, ainda que encontremos antecedentes na escala comercial, no processo de descafeinação do café”, resume Rubio. Em terceiro lugar, estudou-se o processo de concentração dos Omega 3 na forma de acilgliceróis mediante um processo de reação enzimática – separação em meio de dióxido de carbono supercrítico. Este outro aspecto inédito interessou a Pescanova, que financiou a continuação do trabalho atualmente realizado pelo grupo de pesquisa do Departamento de Biotecnologia e Ciência dos Alimentos. A tese foi concluída com a formulação do óleo rico em Omega 3 em forma de micro-cápsulas sólidas que podem ser utilizadas na indústria de alimentos e farmacêutica como ingredientes funcionais na produção de alimentos enriquecidos com Omega 3 ou suplementos nutricionais.

 

Resumidamente, o processo estudado constitui uma estratégia inédita para abordar três dos desafios mais importantes da indústria de alimentos atual: a revalorização de subprodutos, a obtenção de compostos naturais de alto valor agregado, como os ácidos Omega 3, e a implantação de novas tecnologias, como a tecnologia de fluídos supercríticos, mais segura do ponto de vista alimentar e mais respeitosa com o meio ambiente.

A doutoranda do Departamento de Biotecnologia e Ciência dos Alimentos da Universidade de Burgos, María Nuria Rubio Rodríguez, defendeu sua tese doutoral em fevereiro passado. O trabalho foi dirigido pela professora Sagrario Beltrán.